domingo, outubro 26, 2008

Cresce movimento de resistência interna ao processo de avaliação. Plataforma pede suspensão do processo.

O Público Online, à semelhança de quase todos os órgãos de comunicação social, tem dado relevo ao movimento de resistência interna que se exprime por mais de 3 dezenas de escolas que já pediram a suspensão da avaliação de desempenho. Outras centenas têm o processo parado. A Plataforma Sindical de Professores justificou hoje o pedido da "suspensão imediata" do processo de avaliação de desempenho com a necessidade de recentrar a atenção dos professores naquela que é a sua "primeira e fundamental missão", ensinar.

"Estamos preocupados com o número de crescentes escolas que pedem a suspensão da avaliação porque esta está a perturbar o funcionamento dos estabelecimentos de ensino e o desempenho dos professores com prejuízos para os alunos", afirmou Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma.

Em conferência de imprensa, o também secretário-geral da Federação Nacional dos Professores sublinhou que "cerca de três dezenas" de escolas já aprovaram moções a exigir a suspensão do processo e que "em centenas" o processo da avaliação está "parado ou em ritmo muito lento, com prazos muitos dilatados".

Os sindicatos de professores manifestaram-se hoje disponíveis para antecipar "em alguns meses" a negociação do modelo de avaliação de desempenho, que está prevista apenas para Junho e Julho de 2009, segundo um memorando de entendimento assinada entre o Ministério da Educação e os sindicatos em Abril.

Por outro lado, os sindicatos rejeitam que ao pedirem a suspensão do processo não estejam a cumprir o acordo alcançado com o Governo: "Não está escrito em lado nenhum do memorando de entendimento que os sindicatos acordaram que o processo de avaliação tinha que se aplicar integralmente até ao final do ano lectivo".

Anteontem, quando uma estrutura sindical pediu a suspensão do processo, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, reagiu afirmando que "não tem sentido que instituições credíveis e de boa-fé assinem um memorando de entendimento e, meses depois, venham dizer que afinal não é bem assim, ou que a situação mudou".

"Bastou um mês de aulas para todos os professores e educadores terem claro que este modelo não é capaz sequer de ser instalado, quando mais aplicado com um mínimo de equidade", reiterou Mário Nogueira.

Começa a criar-se na opinião pública a ideia de que esta avaliação de desempenho está a esgotar os professores, a roubar-lhes a saúde e a impedi-los de ensinar bem. O número de baixas cresce em relação ao ano passado. As escolas que têm o processo paralisado são às centenas. Muitas outras têm os instrumentos de avaliação preparados mas estão a atrasar o processo. O caminho só pode ser esse. Se as escolas suspenderem o processo de avaliação e o mesmo não se realizar este ano, a única penalização possível é o ME impedir a progressão dos docentes. Mas quantos são os doentes que irão progredir? Poucos. Quantos são os docentes que estão num beco sem saída, à porta de serem titulares mas sem vaga? Muitos. E muitos outros já estão no 10º escalão e, por isso, já não podem progredir mais. A luta é de todos e vai valer a pena o esforço. Nada de divisões! Ficámos a perceber que este processo de paralisação do processo se deve, em parte, ao apoio surdo mas eficaz de muitos PCEs e coordenadores de departamento que, solidários com os colegas e com os alunos, sabem que este modelo de avaliação está a matar a escola, a destruir a saúde dos professores e a prejudicar a aprendizagem os alunos.
ProfAvaliação

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