terça-feira, abril 19, 2011

Louçã: “PSD e CDS-PP fingem negociar com a troika”

Francisco Louçã acusou PSD e CDS-PP de “fingimento” nas negociações com o FMI, BCE e UE. Afirmando que o Bloco não entra em “encenações”, o dirigente bloquista anunciou que o partido irá apresentar 20 medidas alternativas, uma por dia, a começar por uma auditoria à dívida externa.
Louçã: “PSD e CDS-PP fingem negociar com a troika”
Louçã: “O Bloco recusa-se a contribuir para a confusão, queremos concentrar-nos na clareza e é por isso que apresentaremos todos os dias uma proposta concreta”. Foto Paulete Matos
Para Francisco Louçã, nos últimos dias assistiu-se a uma “espécie de negociação”, “uma encenação em que sucessivos dirigentes partidários, todos com cara de caso, se apresentaram perante a troika, o BCE, a Comissão Europeia e o FMI, como se estivessem a negociar em nome de todos nós”.
Para o Bloco, o país não precisa de encenação. “Não há três negociações”, enfatizou Louçã, perguntando a Paulo Portas “se ele acha que está mesmo a negociar em nome do país, a par de Passos Coelho que também acha que está a negociar, para além da terceira negociação que é a do Governo”.
Aliás, “é porque não há 3 negociações que Passos Coelho já veio dizer que o programa do PSD será o que o FMI decidir e já sabemos que o CDS fará o mesmo, e também, certamente, o Engenheiro José Sócrates”, acrescentou Francisco Louçã.
“Não há negociação nenhuma, há um fingimento e fingir é lamentável”, disse o coordenador da Comissão Política do Bloco, em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.
O dirigente bloquista argumentou que só o Governo tem “um mandato” para conduzir negociações e que “não pode haver três sedes a negociarem ao mesmo tempo”.
Francisco Louçã afirmou também que para o Bloco “responsabilidade é assumir pelo país a luta por uma alternativa”: “Dizem-nos que devemos seguir o exemplo da Grécia mas nós já sabemos qual é esse futuro – um ano depois da intervenção, a Grécia tem os juros dos seus empréstimos externos quase nos 20 por cento, tem mais desemprego, menos Estado social, privatizações em bens essenciais e perdas no serviços de saúde”. “Queremos soluções, não queremos desespero”, reiterou Louçã.
Bloco apresentará 20 medidas contra a política da bancarrota
O Bloco recusa as soluções contidas nas quatro versões do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), que têm uma “incidência desigual e injusta na sociedade portuguesa”, cobrando “oito vezes mais” aos trabalhadores e reformados “do que cobram ao sistema financeiro".
“Não podemos prosseguir por este caminho”, afirmou Francisco Louçã, e por isso o Bloco apresentará, nos próximos dias, 20 medidas concentradas sobre o que considera os três principais problemas do país, “o défice fiscal, o défice social e o défice de emprego”.
O objectivo é chegar a 16 de Maio (dia em que o ECOFIN irá reunir sobre a situação em Portugal) demonstrando que "há uma escolha possível nestas eleições, uma escolha que não seja só entre o deserto e o programa do Fundo Monetário Internacional, ou aceitar a bancarrota e a recessão”, explicou.
Francisco Louçã adiantou apenas uma das medidas que consiste na exigência de uma auditoria às contas externas da dívida pública e privada do país: “Temos de saber o que estão a exigir-nos que paguemos, com que juros e quem cobra”. “Não podemos aceitar o abuso e a agiotagem”, disse.
"Dia 5 de Junho, disse ainda, a decisão é entre a política da bancarrota - a dos partidos do arco do FMI, PS, PSD e CDS - e uma alternativa concreta, um governo de esquerda”.
O programa eleitoral do Bloco, que deverá incluir as medidas que começam a ser apresentadas na próxima semana – só deverá estar concluído após a Convenção Nacional do Bloco, a 7 e 8 de Maio, referiu Francisco Louçã.

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