quarta-feira, agosto 24, 2011

Ainda há combates em Trípoli e Khadafi desapareceu

Tropas do Conselho Nacional de Transição dizem controlar 90% de Tripoli e afirmam desconhecer o paradeiro do coronel que se intitulava “o líder da revolução”. EUA e países europeus reconhecem a legitimidade do CNT, bem como a Autoridade Palestiniana, o Hamas e a Liga Árabe.
Multidão em Bengazi comemora a entrada das tropas do CNT em Tripoli. Foto de Lusa/EPA/STR
As tropas que respondem ao Conselho Nacional de Transição, que coordena a oposição ao regime do coronel Khadafi, afirmam que já controlam 90% de Tripoli e que o que resta de tropas do regime está concentrado, com tanques, no quartel general de Khadafi, em Bab al-Azizia.
O regime de Khadafi parece ter entrado em colapso quando as tropas do CNT, na madrugada de segunda-feira, entraram na cidade, diante da rendição de parte das tropas do regime. Foi nessa altura que a Praça Verde foi tomada e a população da capital pôde finalmente comemorar a queda da ditadura.
A oposição diz não saber onde está o coronel que oficialmente não tinha qualquer cargo no governo, a não ser o título de “líder da revolução”. Mas afirma ter capturado três filhos de Khadafi, incluindo Saif al-Islam, que assumira o comando militar da capital. A notícia foi posteriormente desmentida pelo próprio, que apareceu aos jornalistas a dizer que a luta vai prosseguir.
A TV líbia, que já está sob controlo do CNT, diz que forças pró-Khadafi estão a “bombardear indiscriminadamente” áreas vizinhas ao quartel-general do regime.
Mustafa Abdel Jalil, líder do Conselho Nacional de Transição, disse que os insurgentes só declararão vitória quando Khadafi for encontrado. “Não sabemos se ele ainda está (em seu complexo, em Trípoli), nem se está dentro ou fora da Líbia”, disse. O líder do CNT, que já foi ministro da Justiça de Khadafi, manifestou a preocupação com a existência de acções de vingança por parte dos novos senhores da capital: "O meu receio é hoje sobre certas acções fora da lei, levadas a cabo fora do quadro e das ordens dos dirigentes dos revolucionários, em particular actos de vingança". E acrescentou: "Oponho-me firmemente a qualquer execução extra-judicial".
Reacções internacionais
A China disse que respeitará o desejo da população líbia e a Rússia declarou-se neutra em relação ao avanço da oposição em Trípoli. O vizinho Egipto tornou-se o mais recente de uma série de países a reconhecer o Conselho de Transição como o governo legítimo da Líbia.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que “o regime de Khadafi está no fim e que o futuro da Líbia está nas mãos do povo”.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que Khadafi deve evitar mais sofrimento inútil ao seu povo, abandonando o que resta do seu poder e chamando de imediato as forças que lhe permanecem leais, para fazerem um cessar-fogo e largar armas.”
Para David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, “Khadafi cometeu crimes pavorosos contra o povo da Líbia e tem de renunciar, para evitar mais sofrimentos para o seu próprio povo.”
A Autoridade Palestiniana e o governo de Gaza, do Hamas, reconheceram também o CNT como governo legítimo da Líbia, felicitando-se pelo derrube de Khadafi.
A Liga Árabe fez votos para que o CNT "consiga levar a bom termo uma nova era e preservar a integridade regional da Líbia, bem como a sua soberania e a sua independência". A Liga Árabe tinha apoiado a criação de uma zona de exclusão aérea em Março, mas criticara os bombardeamentos da NATO.
Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da NATO, disse que “este é o momento para criar uma nova Líbia”, e que a NATO “está preparada para trabalhar com o povo líbio e com o Conselho Nacional de Transição, sobre quem recai uma grande responsabilidade.”

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