quarta-feira, março 05, 2014

Deputados do Bloco abandonam plenário da AR em protesto

A bancada do Bloco de Esquerda na Assembleia da República abandonou o plenário da Assembleia da República e pediu a realização de uma conferência de líderes extaordinária depois de o primeiro-ministro se ter recusado a responder aos questionamentos da deputada Catarina Martins. Alguns deputados do PS acompanharam os do Bloco (em atualização).
Catarina Martins mostrou que o primeiro-ministro não cumpre a palavra e este calou-se. Foto de Tiago Petinga / Lusa
Confrontado pela coordenadora do Bloco com promessas feitas e não cumpridas, Passos Coelho “amuou” e recusou-se por duas vezes a responder. Catarina Martins lembrou a presidente da AR que é dever do primeiro-ministro responder às questões dos deputados.
“Temos mesmo um problema de palavra”, disse Catarina Martins na sua segunda intervenção. “Porque há cinco meses o PSD chegou aqui ao Parlamento e disse 'Vamos reduzir os impostos às famílias'. E depois faz um Orçamento que prejudica a vida das famílias. E agora o sr. Primeiro-ministro vem fazer propaganda no seu Congresso e diz 'Ai, a natalidade é importante!'.”
E sublinhou a coordenadora do Bloco: “O problema do debate político é que a sua palavra não vale nada”.
E concretizou a deputada: “Disse aqui que não podemos voltar ao nível salarial e ao nível de pensões de 2011. Ou seja, o sr. primeiro-ministro tem um problema de palavra e tem um problema constitucional. Porque os cortes nos salários e nas pensões foram feitos durante estes três anos sempre com a desculpa de que eram medidas pontuais por causa do programa de ajustamento. Medidas pontuais durante a vigência da troika.” E prosseguiu: “Foi isso que o sr. Primeiro-ministro veio cá dizer e agora, afinal, desdiz. O que era pontual é afinal permanente.”
Problema constitucional
Catarina Martins lembrou que o Tribunal Constitucional autorizou cortes nos salários e nas pensões porque eram transitórios. “E portanto o que o sr. Primeiro-ministro vem cá dizer é que não só a sua palavra não vale – o que era pontual é permanente – como quer ir contra a Constituição e tornar permanente o que já lhe disseram que só podia ser transitório”.
E perguntou a Passos Coelho: “É no documento de estratégia orçamental de 15 de abril que vamos ficar a conhecer a pancada mais forte que prometeu no Congresso?”
Passos Coelho respondeu então, dirigindo-se à presidente da AR: “Dado o valor que a minha palavra tem para a sra. deputada, ela não estará à espera com certeza de nenhuma resposta.
Diante do silêncio, Catarina Martins prosseguiu: “Vejo queo sr. primeiro-ministro, à falta de argumentos, prefere ficar calado”. 
Esquerda.net

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