domingo, novembro 30, 2008

Emigrantes exigem sete milhões à Iberotel

Fonte: D. Notícias


LICÍNIO LIMA
Portimão. Cerca de 700 portugueses radicados em França dizem que estão há anos sem receber a renda dos apartamentos de um bloco do Clube da Praia da Rocha que cederam à empresa Iberotel, da família do piloto Tiago Monteiro, para exploração turística. A dívida ronda os sete milhões de euros

Donos dos apartamentos turísticos dizem que não recebem rendas há anos

Cerca de 700 emigrantes portugueses radicados em França estão há vários anos sem receber rendas dos apartamentos que cederam à empresa Iberotel para exploração turística, na Praia da Rocha, Portimão. Estima-se em quase sete milhões de euros o valor que, no total, têm direito a receber. Quando reivindicam o dinheiro, a empresa diz-lhes que fez obras no empreendimento e que, por isso, não têm direito a nada.

Trata-se do Clube Praia da Rocha que compreende três grandes torres, num total de cerca de 1 700 apartamentos. A maioria dos proprietários é emigrante radicada em França, que investiu poupanças naqueles imóveis na expectativa de os rentabilizar com a exploração turística. Para isso, fizeram um contrato de cessão com a Iberotel, empresa gerida pela família do piloto Tiago Monteiro, patrocinadora das suas corridas.

O empreendimento da discórdia é o bloco III, com cerca de 700 apartamentos, que, entretanto, a empresa encerrou há cerca de ano e meio, alegadamente por falta de clientes. O contrato com os proprietários termina em Dezembro. Porém, há rendas em atraso relativas aos anos 2001, 2006, 2007 e 2008. O valor em falta atinge os sete milhões de euros, disse ao DN Pedro Antunes, presidente da Associação para a Defesa dos Migrantes (ADEM), entidade que defende os lesados. "Os proprietários estão preocupados com o futuro do empreendimento", frisou.

Pedro Antunes é um luso-francês, magistrado no Tribunal de Contas de França, que se encontra em regime de licença sem vencimento para ajudar os emigrantes nesta e noutras contendas.

Ao ser contactada pelos emigrantes, a Iberotel diz que fez obras no bloco III e que, por isso, nada tem a pagar, explicando que, inclusivamente, foi intimada pela Câmara de Portimão a encerrar temporariamente por desrespeitar requisitos turísticos. No entanto, Pedro Antunes refere que nunca os condóminos reuniram para aprovar a realização de obras e que a autarquia apenas exigiu a troca dos fogões a gás por placas eléctricas, ou seja, uma despesa de cerca de 50 euros.

Entretanto, a empresa propôs aos emigrantes que entregassem os imóveis a um fundo imobiliário que estariam a constituir junto do BCP, recebendo acções no valor correspondente. Porém, a ADEM consultou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários portuguesa e a congénere francesa, e o negócio foi anulado por esse fundo não existir. O advogado que representa a Iberotel nesta questão recusou falar com o DN.

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