Maioria dos dirigentes do Syriza está contra o acordo
Uma declaração subscrita por 109 dos 201 membros do Comité Central do Syriza exige uma reunião do órgão dirigente para recusar “o golpe contra a democracia e a soberania popular” por parte dos líderes europeus. A ministra adjunta das Finanças declara-se contra o novo ultimato e apresentou a demissão do governo.
“Exigimos uma reunião urgente do Comité Central do Syriza e convidamos todos os membros a protegerem a unidade do partido, na base das decisões da conferência e dos seus compromissos programáticos”, diz a declaração subscrita pela maioria do Comité Central.
“Este acordo não é compatível com as ideias e os princípios da esquerda, e em especial com as necessidades da população. Esta proposta não pode ser aceite pelos governantes do Syriza”, acrescenta a declaração publicada no dia da votação das medidas prévias à negociação do acordo final.
Os dirigentes do Syriza consideram que “a 12 de julho teve lugar em Bruxelas um golpe que mostra que o objetivo dos líderes da Europa era o extermínio exemplar de um povo que ousou escolher um caminho diferente do modelo neoliberal de austeridade extrema”.
Nadia Valavani é a primeira baixa no governo dos críticos do acordo
Depois da demissão de Nikos Chountis, o ex-líder da bancada do Syriza em Estrasburgo, que abandona o governo para substituir Manolis Glezos no Parlamento Europeu, esta quarta-feira surgiu a primeira demissão justificada pela oposição ao acordo com os credores.Nadia Valavani, ministra adjunta das Finanças, escreveu uma carta a explicar as razões da demissão, defendendo que a assinatura do acordo irá enterrar o potencial emancipatório criado com a vitória do Syriza em janeiro e do Oxi no referendo deste mês. “Uma coisa é enfrentarmos uma realidade extremamente difícil e lidar com o desastre com uma perspetiva de esperança num futuro com dignidade, soberania e independência. Outra bem diferente é lidar com um desastre que irá consumir o rendimento nacional que resta para o transferir para fora, com o pagamento eterno de uma dívida que é insustentável”, acrescentou.
Leia aqui a declaração subscrita por 109 dirigentes do Syriza
A 12 de Julho teve lugar um golpe de estado em Bruxelas, que demonstrou o objectivo dos dirigentes europeus: infligir uma punição exemplar a um povo que imaginou outro caminho, diferente do modelo neoliberal de austeridade. Foi um golpe de estado dirigido contra toda a nação de democracia e de soberania popular.
O acordo assinado coms as “instituições” foi o resultado de ameaças de estrangulamento económico imediato e representa um novo protocolo impondo condições humilhantes, odiosas, e uma tutela destrutivas para o nosso país e o nosso povo.
Estamos conscientes da asfixia das pressões que foram exercidas sobre a parte grega, mas consideramos por outro lado que a luta avançada dos trabalhadores aquando do referendo não autoriza o governo a renunciar sobre as pressões exercidas pelos credores.
Este acordo não é compatível com as ideias e os princípios da esquerda, mas acima de tudo não é compatível com as necessidades da classe operária.
Esta proposta não pode ser aceite pelos militantes e quadros do Syriza.
Pedimos ao comité central uma reunião imediata e convidamos todos os militantes , quadros e deputados do Syriza a preservarem a unidade do partido tendo por base a nossa conferência, as decisões tomadas e os compromissos em matéria de programa
Atenas, 15 de Julho de 2015
(traduzido pelo blogue Aventar a partir de uma versão francesa do texto original publicado por Stathis Kouvelakis)