segunda-feira, dezembro 29, 2014

Catarina Martins: "2015 é um ano com novas esperanças"

A porta-voz nacional do Bloco considerou esta segunda-feira que “as políticas de austeridade” serviram para “dar mais a quem já tem quase tudo” e que o Governo está “em final de prazo”, estando por isso na “na hora de mudar de vida”. Catarina Martins referiu-se ainda ao Podemos e ao Syriza como sinais de "esperança" e "de desobediência de quem rejeita a chantagem da dívida e a austeridade que destroem a democracia".
"Bloco de Esquerda é a força dessa desobediência que afronta os poderosos" e que "responde pelos de baixo".
“Chegámos ao final do ano de 2014, quem não se lembra? Era uma meta, um número mágico, o ano do final da troika e dos sacrifícios. Depois da cura da austeridade, o país no bom caminho. Bem, já cá estamos, já acabou. E, como está o país? Uma em cada três crianças vive em situação de pobreza, há mais desemprego, mais emigração e mais dívida do que antes da chegada da troika”, criticou a porta-voz nacional do Bloco numa mensagem vídeo publicada esta segunda-feira no esquerda.net.
Em tom de balanço referiu que as políticas de austeridade, seguidas pelo Governo PSD/CDS, foram uma “forma de redistribuição da riqueza”, mas “para dar mais a quem já tem quase tudo”. Por isso, concluiu Catarina Martins, “está na hora de mudar de vida”.
“Entramos em 2015 com um Governo em final de prazo”
A dirigente bloquista asseverou que o novo ano arranca “com um Governo em final de prazo” e, apesar do “colapso nos tribunais, nas escolas e demissões”, “Passos Coelho e Paulo Portas insistem em levar o mandato até ao fim por muito que o povo rejeite o Governo”, que só se mantém por ser “apoiado por Angela Merkel, pela União Europeia, pelos grandes bancos que criaram a crise em que nos encontramos”.
Mas, se “2015 é o ano em que Passos Coelho ameaça arrastar-se até ao outono, é também um ano com novas esperanças”. “Não falo das novas promessas do Partido Socialista que são tão velhas como o seu compromisso com os grandes interesses económicos, que sempre beneficiou e protegeu, e que nos trouxeram até aqui”. “Não há nenhuma esperança nos partidos do centrão”, deixou claro a também deputada bloquista.
“Falo sim do trabalho sério e consistente que foi feito sobre a alternativa à austeridade: a reestruturação da dívida. Há três anos poucos afirmavam a necessidade da reestruturação da dívida, hoje mais vozes se juntam, a proposta ganhou densidade e é hoje a proposta política consistente de saída para a crise. Invés de austeridade, reestruturação da dívida do nosso país: há alternativa”.
Syriza e Podemos são sinais de esperança e desobediência
“Falo da esperança que vem da Europa como da Grécia, onde em 2015 teremos eleições e o Syriza - o partido da esquerda radical - pode ganhar. E de Espanha, onde há uma alternativa política ao centro que cresce, o terramoto que nos diz que Podemos. Estes sinais de esperança são sinais de desobediência de quem rejeita a chantagem da dívida e a austeridade que destroem a democracia”, salientou Catarina Martins.
“Em Portugal, o Bloco de Esquerda é a força dessa desobediência que afronta os poderosos” e que “responde pelos de baixo”.
Esquerda.net


Governo alemão ameaça o povo grego

Depois de o FMI anunciar esta segunda-feira a suspensão do pagamento da sexta tranche financeira, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, veio a público afirmar que “os gregos não têm alternativa” às políticas de austeridade.
A chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro grego Antonis Samaras.
“Estas novas reformas podem produzir resultados, eles - os gregos - não têm alternativa”, afirmou o ministro das Finanças de Angela Merkel, através de uma nota de imprensa distribuída esta segunda-feira à imprensa, sublinhando ainda, em tom de chantagem, que “as novas eleições não alteram nada sobre os acordos com o Governo grego”, referindo-se ao programa de intervenção da troika.
Já antes da comunicação escrita de Wolfgang Schaeuble, o Fundo Monetário Internacional tinha dado uma conferência de imprensa em Washington, em que anunciara a suspensão da transferência do previsto pagamento financeiro.
Fracassada a terceira votação presidencial no parlamento grego, o país enfrentará eleições legislativas antecipadas a 25 de janeiro, para as quais o Syriza, que se opõe às políticas de austeridade de Bruxelas e Berlim, parte em vantagem em relação à Nova Democracia, o partido conservador do ainda primeiro-ministro Antonis Samaras.

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domingo, dezembro 28, 2014

Velhos camaradas, novos uniformes
 

Comissão de historiadores é encarregada de investigar a história da “Organização Gehlen” e a formação do Serviço Secreto da Alemanha Ocidental (BND) [1] (1945-1968)
Por Igor Gak [2]

Os primeiros anos da República Federal da Alemanha foram marcados por uma relativa calmaria sobre as discussões a respeito do passado nacional-socialista do país. O crescimento econômico e a inerente prosperidade alcançada por grandes parcelas da sociedade favoreciam um certo silenciamento sobre aquele período. Além disso, homens antes encarregados de funções chave do Estado alemão durante os anos do nazismo eram então reabilitados e passavam a ocupar altos postos do governo democrático da Alemanha Ocidental. Centenas de atos contra instituições judaicas [3] no fim dos anos 1950, no entanto, já indicavam que o antissemitismo não podia continuar sendo ignorado. O silêncio sobre o passado havia permitido sua sobrevivência no presente, como observara, em 1959, o filósofo alemão Theodor Adorno. Ao condenar esse fenômeno, Adorno considerava a “perpetuação do nacional-socialismo na democracia uma ameaça potencialmente maior que a perpetuação de tendências fascistas contra a democracia” [4]. Um debate aberto e profundo sobre o passado político recente da Alemanha era condição básica e necessária para o fortalecimento das instituições democráticas alemãs, assim como expurgar essas mesmas instituições da presença de políticos, juristas, militares e funcionários públicos outrora comprometidos com os objetivos do Terceiro Reich.
“Reavaliar seu passado não é mais, para as sociedades modernas, uma opção”, observou o historiador Klaus-Dietmar Henke, professor da Universidade de Dresden. Henke integra, com outros cinco historiadores de diferentes universidades alemãs, a “Comissão Independente para Investigação da História da Organização Gehlen e do BND”, criada em abril de 2011 com o objetivo de investigar a história do Serviço de Informações da República Federal da Alemanha desde 1946, quando o primeiro serviço de informações é criado sob encargo das forças de ocupação dos Estados Unidos, até 1968, quando Reinhard Gehlen, seu criador, deixou a presidência do BND. Com recursos que ultrapassam a soma de dois milhões de euros e entrega prevista para 2016, o produto dessa comissão será, além de uma publicação com os resultados das pesquisas, a criação de um departamento permanente de história do BND na sua nova e gigantesca sede, em construção em Berlim, que deverá integrar os cursos de formação de novos agentes. Neste sentido, o debate sobre a permanência do passado no presente da sociedade alemã não só continuou, como agora, mas também, pela primeira vez, um grupo independente de pesquisadores ganhou amplo acesso aos arquivos do serviço secreto alemão.
No último dia 2 de dezembro, a comissão apresentou os primeiros resultados parciais do seu trabalho. Coincidência ou não, a divulgação desses resultados ocorre num momento em que denúncias sobre ações de espionagem da norte-americana National Security Agency (NSA) contra governos aliados dos Estados Unidos tomam conta dos noticiários e agitam a opinião pública mundial a respeito da forma de agir dos serviços secretos, entre os quais o da Alemanha. Recentemente, fora revelado que desde 2007 o BND enviava dados automaticamente para a NSA.. Apesar de o BND garantir se tratar apenas de dados coletados em regiões como Afeganistão e norte da África, seu presidente, Gerhard Schindler, reconhece a necessidade de conferir maior transparência à instituição e acredita que o trabalho da comissão de historiadores pode ajudar o BND a reconquistar a confiança da sociedade alemã sobre a sua forma de agir, as parcerias que contrai e as razões que as motivam.
Sua “boa intenção” não impede, porém, que Schindler seja cotidianamente confrontado com “verdades incômodas” a respeito da instituição que preside, como diz o historiador Christoph Rass, membro da comissão e professor da Universidade de Osnabrück. Rass teve acesso a mais de 3.500 registros de pessoal e pretende, com base nessa documentação, traçar um perfil social do BND desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o final dos anos 1960. Assim, já lhe foi possível identificar não apenas que ex-membros de organizações nacional-socialistas, como a Gestapo, SS, SA ou SD [5] figuravam como agentes e mesmo líderes do novo serviço de informações, mas que a geração mais nova, que integrava a Juventude Hitlerista durante os anos 1930 e 1940, encontrava no novo serviço de informações, nos anos 1950 e 1960, os seus antigos Führer (líderes). Essa perspectiva geracional demonstrou, segundo Rass, que as próprias estruturas hierárquicas e de companheirismo desenvolvidas no nacional-socialismo não apenas permaneciam no BND, como foram o fundamento mesmo da sua política de pessoal. O caráter majoritariamente secreto da instituição permitiu ao BND, diz Rass, “ignorar de maneira soberana as sensibilidades suscitadas na opinião pública quanto à contratação de possíveis criminosos de guerra.”
E não foram poucos os diretamente reabilitados e recrutados, ou os que serviram de “fonte” no exterior, em regiões como o Oriente Médio e a América do Sul. Gerhard Sälter, curador do Memorial do Muro de Berlim e membro da comissão, observa que no imediato pós-guerra, as redes nas quais os agentes estabeleciam contatos com suas fontes e recrutavam novos agentes eram constituídas por ex-membros de organizações do partido nazista ou da polícia secreta do regime nacional-socialista. Foi nesse ambiente que Reinhard Gehlen (1902-1979) recrutou seus primeiros agentes para, sob autoridade das forças de ocupação norte-americanas, criar, em 1946, o grupo de agentes secretos, batizado com o seu nome. Ex-comandante do setor de inteligência do Alto Comando do Exército Alemão (OKH) para o front oriental durante a Segunda Guerra Mundial, Gehlen organizou um conjunto de informações sobre os soviéticos que permitiu ao exército alemão preparar ações militares no leste a partir de 1942 e que, no novo contexto político internacional que surgia com o fim da guerra, mostravam-se de extremo valor para a Inteligência norte-americana. Apenas dez anos após a sua criação, em 1956, a “Organização Gehlen” torna-se BND, submetido à autoridade direta do Secretário de Estado do governo alemão.
Entre os contatos do BND no exterior estava Klaus Altmann, nome sob o qual Klaus Barbie vivia após a guerra na Bolívia. O “carniceiro de Lyon”, como Barbie ficou conhecido pelos franceses ao ocupar o posto de chefe da Gestapo nessa cidade francesa, havia sido condenado à morte pela justiça daquele país e figurava como “assassino” na lista de procurados da justiça norte-americana. Entre as vítimas de Barbie estão as 44 crianças judias do orfanato de Izieu, deportadas em abril de 1944 para Auschwitz, bem como um dos principais líderes da Resistência Francesa, Jean Moulin. As acusações que pesavam contra ele não impediram, porém, que o serviço secreto norte-americano o auxiliasse na fuga para a América do Sul, nem que ele se tornasse o contato do serviço secreto alemão na Bolívia a partir dos anos 1960. A função de Barbie consistia em passar informações de outros agentes alemães que precisassem transmiti-las para a central do BND, no sul da Alemanha, próximo a Munique. As pesquisas de Sälter puderam comprovar que o BND estava ciente de que o empresário Altmann, membro do Deutscher Club em La Paz e possuidor de bons contatos na sociedade e governo bolivianos, era, na verdade, Klaus Barbie, procurado por seus crimes durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse momento, conclui Sälter, parecia ser para o BND mais importante proteger suas fontes, que contribuir para o debate na sociedade alemã.
Em 1956, quando o BND era criado de dentro das estruturas da “Organização Gehlen”, o Secretário de Estado do governo primeiro-ministro da União Democrática Cristã (CDU), Konrad Adenauer (1949-1963), o jurista Hans Globke, estava em seu quarto ano de mandato. Na qualidade de conselheiro de governo, Globke (1898-1973) foi responsável, em setembro de 1935, por redigir os comentários que justificativam juridicamente a aplicação da chamada “Lei de Proteção do Sangue e da Honra Alemães”. Mais conhecidas como “Leis Raciais de Nuremberg”, esse conjunto de leis criou as condições legais que permitiram a intensificação da exclusão dos judeus na sociedade alemã. Além disso, em 1939, Globke prestou consultoria jurídica ao governo “marionete” da Eslováquia sobre a criação de instrumentos legais contra a população judaica do país e, durante a guerra, auxiliou na criação dos dispositivos legais que levaram à deportação de mais de 20 mil judeus gregos para os campos de concentração e de extermínio da Polônia ocupada. Em seu quarto ano à frente da Chancelaria Federal Alemã (Bundeskanzleramt) do governo Adenauer, Globke tinha o Serviço Nacional de Informações sob sua autoridade direta, além de Gehlen, ex-membro do OKH, ainda ser seu presidente.
Em 1961, quando Adolf Eichmann era julgado em Jerusalém, a tensão tornou-se evidente no governo alemão. Eichmann, responsável por organizar o transporte dos judeus para os campos de concentração durante a guerra, poderia destacar o papel de Globke na criação de leis que permitiram o desempenho de suas funções. As razões que o levaram a calar-se a esse respeito ainda não estão claras. Pesquisas anteriores indicaram que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) recebeu do BND no fim dos anos 1950 uma lista com o paradeiro de nazistas que haviam conseguido escapar da justiça, entre eles o de Eichmann. Desde quando o BND possui esses dados, se auxiliou em sua fuga e se Eichmann também figurava entre as fontes do BND na América do Sul, as pesquisas da comissão de historiadores ainda não puderam concluir.
Questões como a do envolvimento do BND com Eichmann correm o risco de permanecer sem resposta. Bodo Hechelheimer, coordenador da comissão, reconhece que muitos documentos foram eliminados no fim dos anos 1990, o que impede que os historiadores tenham agora possibilidade de uma avaliação completa sobre determinadas questões. Ainda que com essas lacunas, um acervo compreendendo um volume de mais de 50.000 documentos em papel, perfazendo um total de 2,5 km lineares, mais aproximadamente cinco milhões de fotogramas dispostos em mais ou menos cinco mil microfilmes está à disposição da comissão. Mesmo se, em 2016, as conclusões finais da comissão não solucionarem algumas das interrogações que pairam sobre o passado recente alemão e que não satisfaçam o objetivo de dar mais transparência ao BND, elas serão, sem dúvida, uma contribuição importante para o debate acerca da sobrevivência do passado no presente para qualquer sociedade, como exortava Adorno nos anos 1950.
Há alguns anos o Brasil vem dando importantes passos no sentido de criar um debate aberto e profundo sobre seu passado recente, envolvendo amplos setores da sociedade. Ao aproximar-se a data em que se completam 50 anos do golpe civil-militar que depôs o presidente João Goulart, em março de 1964, a abertura dos arquivos da ditadura militar, imprescindível para esse fim, ainda esbarra, porém, em obstáculos políticos que representam os interesses daqueles que colaboraram com o regime entre 1964 e 1985 e ainda hoje encontram espaço no cenário político brasileiro. O exemplo oferecido pelos alemães no trabalho de revisão de sua história recente dá provas da dificuldade do intento, provocada muitas vezes pelo incômodo em se encarar uma realidade até então desconhecida. O resultado, no entanto, só pode ser o fortalecimento das instituições democráticas brasileira.

[1] Bundesnachrichtendienst (BND): Serviço Federal de Informações.
[2] Doutorando em História na Universidade Livre de Berlim. Colaborador do Café História.
[3] Segundo levantamento do próprio governo da Alemanha Ocidental, foram cerca de 700 ações contra sinagogas, escolas e cemitérios judaicos no oeste da Alemanha em pouco mais de um mês, entre o natal de 1959 e fevereiro de 1960. Ver: CAMARADE, Hélène: Le passé national-socialiste dans la société ouest-allemande entre 1958 et 1968: Modalités d'un changement de paradigme mémoriel. In: Vingtième Siècle. Revue d'histoire (110). Avril-Juin 2011. p. 86.
[4] ADORNO, Theodor W. Was bedeutet: Aufarbeitung der Vergangenheit. In: Eingriffe: neun kritische Modelle. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1963. p. 126.
[5] Respectivamente: Geheime Staatspolizei (Polícia Secreta do Estado), Schutzstaffel (Esquadrões de Proteção), Sturmabteilung (Tropas de assalto), Sicherheitsdienst (Serviço de Segurança – serviço de inteligência da SS).
In Café História

Os reis magos chegaram com a droga no cofre

No cofre dos reis magos ia essa sabedoria, essa simples humanidade. Estimai o que é importante, tende curiosidade e descobri o que não conheceis, sabei usar o que vos é dado, respeitai os bens da terra e vivei em paz com os outros.
 
Baltazar, Melchior e Gaspar, guiados por uma estrela, traziam ouro, incenso e mirra. Reis não seriam, mas sacerdotes, conselheiros ou magos (magoi era a tradução grega da expressão bíblica e as versões portuguesas preferem “sábios do Oriente”, Mateus 2:1 e 2:11), homens sábios em todo o caso, procurando uma boa nova. E dela ficaram testemunhas e crentes. Por isso, escaparam de Herodes, que os queria espiões, pois tinham-lhe prometido trazer notícias de Belém mas depois seguiram por outro caminho para o evitar. Sábios, com certeza.
Uma longa tradição anunciava a sua chegada. No Salmo 72, cantos do exílio babilónico de tribos israelitas, sete ou seis séculos antes do nascimento, é anunciada a homenagem dos reis de três reinos, Sabá, Seba e Társis, e ainda os de umas ilhas, que virão trazer presentes. No Livro de Seth, publicado quatro séculos depois do início na nossa era e atribuído a João Crisóstomo, santo venerado na Igreja Ortodoxa, ainda se conta que doze sábios esperaram uma eternidade, numa montanha da Pérsia, por essa estrela que os guiaria. Essa Pérsia, lugar de riquezas distantes, era também o berço da filosofia de Zoroastro, que tem em comum com o cristianismo e todas as religiões posteriores do Médio Oriente o princípio do Bem e do Mal, a vinda do Messias e o deus único. Curvando-se perante o Bem, estes reis ou sábios reconheceriam o novo mundo que chegava. Tiveram tempo para escolher as suas prendas e sabiam o que traziam (imitando os reis magos, damos pelos tempos fora as nossas prendas de Natal, porventura escolhidas com menos cuidado).
Como todos os sábios, eles desfrutavam dos prazeres que a terra lhes dava. Por isso, eram três as prendas que traziam: ouro, significando a riqueza ou o poder, incenso, a adoração ou a divindade, e mirra, a humanidade. A humanidade? A mirra é uma resina aromática que era usada como analgésico em curativos ou como perfume e até como incenso (mas os reis magos também traziam o incenso tradicional no seu cofre). Não eram no entanto essas propriedades que faziam a fama da mirra, mas antes ser considerada um tónico rejuvenescedor: misturada com vinho, melhorava o seu paladar e multiplicava a sua capacidade estimulante. Esta poção era muito usada pelos romanos, que lhe chamavam Murrhina, e que estimavam que alterasse a disposição de quem a tomasse.
A bebida reaparece na Bíblia por isso mesmo: os soldados que iam crucificar Jesus ofereceram-lhe vinho com mirra, como faziam com outros condenados, para lhes aliviar o sofrimento, e ele recusou (Marcos 15:23). Uma droga, diríamos hoje.
Afinal, uma droga tão usada como o vinho com que se misturava. De um e de outra, do vinho e da mirra, pretendiam os sábios obter o prazer inebriante: usado como moderação ou como vício, este produto, tão mágico que mereceu o cofre dos sábios que buscavam a boa nova e queriam deixar as suas melhores oferendas, era uma cultura.
Desde sempre, as comunidades humanas descobriram que algumas substâncias e produtos transformam o nosso espírito, e procuraram controlar esse efeito: ainda estávamos nos nossos primeiros dias e a fermentação das uvas e de outros frutos ou cereais já era usada para produzir o vinho e as cervejas, em tonalidades e variedades que a imaginação não consegue catalogar. Se então tivéssemos os conceitos de hoje, teríamos chamado a essas bebidas drogas – e são drogas, aliás as mais generalizadas e as que podem produzir efeitos sociais mais generalizados e assim mais nocivos, gerando violência e insegurança. Só que não existe nenhuma sociedade que se possa livrar delas ou viver sem elas. Domesticamo-las, portanto, tanto quanto podemos e sabemos.
No cofre dos reis magos ia essa sabedoria, essa simples humanidade. Estimai o que é importante, tende curiosidade e descobri o que não conheceis, sabei usar o que vos é dado, respeitai os bens da terra e vivei em paz com os outros.
Artigo publicado em blogues.publico.pt a 24 de dezembro de 2014

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda, professor universitário.

SEITAS & COMPANHIA

Por Pedro Manuel Pereira

Desde os alvores da História da Humanidade que existem registos da atividade do Homem relativamente a ritos e práticas mágico/religiosas animistas.
Com a evolução das comunidades humanas - sobretudo com a sedentarização - ao longo dos tempos, a crença no transcendente como forma dos homens procurarem encontrar explicação para o inexplicável e arrimarem-se ao auxílio do inatingível para a labuta da sobrevivência
quotidiana, deu origem a concepções organizadas de rituais em torno de divindades por eles concebidas – elementos da natureza, animais e outros… - que paralelamente foram aproveitadas como forma de controlo das tribos por parte dos clãs dominantes.
Ao longo dos séculos, à medida que as sociedades se organizavam em nações e Estados, as seitas foram, na sua maior parte, dando lugar a religiões que as sorveram e adaptadas a gosto por estas, patamares mais evoluídos na organização política e económica exercida pelos sacerdotes/agentes do poder como tentativas – quase sempre bem sucedidas – de controlo das mentalidades dos seres humanos, seguras as castas dominantes de que é através do controlo das mentes que se «domesticam» os povos.
Desta forma, as seitas e as religiões desde os seus alvores constituíram um modo de domínio «político» exercido pelos poderosos relativamente aos seus súbditos, fórmula que chega até ao século XXI, expressa sobretudo em Estados islâmicos como o Irão, por exemplo, na certeza que a afirmação de Einstein de que «É mais fácil desintegrar um átomo do que uma mentalidade» se encontra consubstanciada na realidade que se vive atualmente em todo o mundo.
Nos tempos que correm o perigo para a sobrevivência da Humanidade não advém tanto das religiões, mas antes das seitas sinistras fundamentalistas que em crescendo tem vindo a ganhar peso junto das populações em quase todo o mundo, de que são exemplo as de cariz muçulmano, cristão e extraterrestre por exemplo.
Não obstante o alto nível de desenvolvimento tecnológico e civilizacional em geral alcançado pela Humanidade, o mundo encontra-se hoje – mais uma vez – à beira de uma ou mais catástrofes de resultados imprevisíveis por efeito da ação nefasta exercida pelas seitas, como a que sustenta o EI (estado islâmico) por exemplo.
Para melhor orientação do leitor sobre esta questão, segue uma listagem sumária de algumas das seitas que assolam o planeta.
Assim:
LISTA DE SEITAS E AFINS
A
ADVAITA VEDANTA. É um sistema de crença autointitulado filosófico que sustenta a não realidade ou ilusão de tudo aquilo que não seja a Consciência Suprema. Seita baseada na doutrina vedista e no prasthana trayi  (textos canónicos das doutrinas hinduístas).

-  ADEVENTISTAS CRISTÃOS. Entre 1841 e 1844, William Miller, um orador da crença Batista e capitão das forças armadas, lançou o “grande despertar do segundo advento” que eventualmente se espalhou pela maioria dos cristãos no mundo. Baseando a sua doutrina nos estudos que fez da profecia de Daniel 8.14, Miller calculou que Jesus retornaria a terra em algum dia entre 1843 e 1844. Falhou a previsão mas a seita continua viva e de boa saúde.

- AHM ADDIYA. Seita formada por Mirza Ghulan de Qadiam (1835-1908) na India, na região do Punjab. Defende que Jesus Cristo foi cruxificado, mas que no entanto não morreu na cruz e que apareceu posteriormente em Cashemira, onde viveu até aos 120 anos, falecendo lá e tendo sido enterrado com o nome de Yus Asaf. Afirma que Jesus era um profeta cuja personalidade se havia confundido com a de Mahoma, de tal forma que ao representá-lo como tal, não estava em contradição com a doutrina muçulmana.
Mirza afirmou que o mero ensino formal dos ritos religiosos carece de valor, e rejeitou o dogma da «guerra santa» proibindo o uso do tabaco. Era considerado como um enviado de Deus.
Nos princípios dos anos vinte do século passado, produziu-se um cisma formando-se duas fações: a de Qadyam, que se instalou no Paquistão e considera Mirza como profeta muito embora reconheçam que algumas das suas profecias são uma simples interpretação subordinada à revelação recebida por Maomé; a outra é a de Lahore, muito menos numerosa e mais próxima do Islão Sunita.
Ambos os ramos editam numerosas publicações em diversos países e línguas, atuando como sociedades missionárias no Paquistão, Índia, Europa, África Oriental…
- ALADURA. Seita nascida na Nigéria, após a 1ª Guerra Mundial com clara inspiração metodista e revivalista. Os seus adeptos procuram a santidade e a prosperidade através da pregação da palavra de Deus. Posteriormente, deriva desta, surgiram outras seitas similares como a Celestial Church of Christ, a Christ Apostolic Church, etc…
- ALAUITAS. Formam um grupo étnico-religioso do Médio Oriente.
Encontra-se presente, sobretudo na Síria, país onde constituem 10% da população, isto é, cerca de 3 milhões, onde os seus associados dominam as estruturas políticas.
- AMIGOS DO HOMEM. Movimento sectário cujo nome oficial é o de Exército do Eterno ou Igreja do Reino de Deus. Foi esta seita fundada por Alexander Freytang (1870-1947), um suíço membro dos Estudantes da Bíblia (posteriormente, Testemunhas de Jeová). Os Amigos do Homem mantem-se em França com caráter minoritário.
- AMISH. Grupo de comunidades cristãs anabatistas (batismo de adultos por imersão) que vivem nos Estados Unidos e no Canadá. São conhecidos pelas suas atitudes conservadoras fundamentadas numa leitura restrita das Escrituras. Tal como os Menonistas, os Amish são descendentes de comunidades suíças anabatistas que tiveram as suas origens nos ensinamentos de Félix Manz (1498-1527) e Conrad Grebel (1498 - 1526). Este movimento começou com Jacob Amman (1656-1730), um líder suíço dos Menonistas. Os primeiros grupos Amish começaram a emigrar para os EUA no século XVIII, fugindo às perseguições e ao serviço militar obrigatório: os Amish são pacifistas consequentes, negando-se a cumprir o serviço militar. Ainda hoje não conduzem automóveis, não pagam Segurança Social nem impostos, não aceitam qualquer forma de assistência do Governo, e muitos evitam mesmo de fazer um seguro de vida. A maioria dos seus membros fala um antigo dialeto alemão/suíço conhecido como  Pennsylvania Dutch ou Pennsylvania German.
- AMIZADES ESPIRITUAIS. Sociedade mística fundada por Paul Sedir (Yvon de Loup) (1871-1926) destinada a por em prática a exortação evangélica a favor dos doentes, dos deserdados e dos desesperados. O seu sacramento essencial é a obscura pregação a Deus vivente, totalmente simples; a sua única máxima é ajudar os demais com todas as suas forças.
- ANANDA MARGA. Movimento sincretista oriental contemporâneo que agrupa com especial importância as tradições da Índia. Fundado por Shrii Anandamurti, é considerado pelo governo da Índia como uma seita perigosa que possui características neofascistas. Pratica o assassinato como ritual. O próprio Anandamurti foi condenado a prisão perpétua por assassinato.
ASATRÚ. Neopaganismo fundamentado nas crenças dos antigos nórdicos e germânicos. Conhecido como de “lealdade aos Deuses”, é praticado em vários países para além da Escandinávia. O Asatrú também faz parte do chamado grupo das religiões neopagãs como o Druidismo, a Wicca, a Bruxaria Tradicional, a Stregheria, etc.
B
BAHA’I. Organização fundada por Bahá’u’lláh  (1817-1892), considerada pelos seus partidários como a prometida de todas as religiões. O seu ensino centra-se na unificação da humanidade. O bahaismo é de origem persa, cujos princípios doutrinais se baseiam na crença monoteísta, prega a unificação de todas as crenças, as quais se devem de dirigir a um único deus. Proclamam como valores obrigatórios para seus seguidores as orações diárias, a monogamia, a abstinência de drogas e álcool, além da prática do jejum durante 19 dias do ano. O calendário bahai convencionou a contagem de 19 meses para cada ano, sendo que cada mês possui 19 dias.
BAPTISTAS. Seita nascida no século XVII,  a partir do protestantismo. Está particularmente implantada nos EUA.

- BEKTASIYYA. Seita muçulmana nascida ma Anatólia entre os séculos XIII e XIV. Afirmam descender de um santo muçulmano lendário, Hayyu Bektas, mantém um culto amalgamado das doutrinas sunitas, chiitas e cristãs. Honram a Ali, que para eles forma uma espécie de trindade juntamente com Alá e Maomé. Atualmente subsiste um templo deste movimento no Cairo.

BHGWAN SHREE RAJNEESH. Nasceu na India e o seu chefe denomina-se Osho, que diz ter sido «iluminado» ou «alumiado»? aos 21 anos.

C
CALVINISTAS. Baseiam-se nos princípios concebidos por Calvino  (1509-1564), teólogo francês que teve grande influência na Reforma protestante. Atualmente agrupa numerosas igrejas protestantes da Austrália e dos EUA.

- CARMELITAS DA SANTA FAZ. Esta seita, designada como “Ordem” foi fundada por Clemente Domínguez, um dos videntes do Palmar de Troia, e alguns dos seus adeptos nos alvores dos anos setenta. Domínguez foi ordenado bispo pelo arcebispo sul-vietnamita Ngo Dhin Thuc. Excomungado e suspenso “a divinis” pelo Papa, em 1976 sofreu um acidente de viação que o deixou cego. A proclamação desta ordem resultou na rutura com a Igreja católica. Após a morte do Papa Paulo VI, autoproclamou-se seu sucessor com o nome de Gregório XVII.

CIÊNCIA DA ALMA. Seita nascida na Índia. O seu guia é Thakar Singh.
CONFERÊNCIA GERAL DE DEUS. Seita fundada em 1921.

CONFUNCIONISMO. Não é propriamente uma religião, é antes um sistema ético e moral filosófico chinês criado por Confúcio, forma latina de Kung-Fu-Tzu, filósofo chinês do século VI a.C. Entre as preocupações do confucionismo estão a moral, a política, a pedagogia e a religião.

- COPTAS. São cristãos egípcios cuja linguagem litúrgica provém do egípcio antigo, que se escreve com letras gregas maiúsculas. Defendem que a sua igreja foi fundada em Alexandria por S. Marcos. Pertencem a um ramo jacobita da Igreja ortodoxa e são monofisitas e monoteístas. À sua frente encontra-se o patriarca de Alexandria que reside no Cairo e o seu clero conta com bispos, arciprestes, sacerdotes e diáconos. Levam uma vida muito austera e observam os sete sacramentos. Não admitem imagens dos templos, mas antes, pinturas sobre temas religiosos. Devem de orar sete vezes ao dia e não podem alimentar-se de porco ou da carne de qualquer animal morto por estrangulamento.

CRISTADELFIANOS. O seu nome significa: «Irmão de Cristo». Seita fundada em 1844. É de matriz evangélica da teologia unitarista, que se desenvolveu no Reino Unido e na América do Norte no século XIX. Existem adeptos em 120 países, num total estimado em cerca de 60 000 criaturas.

- CRISTÃOS DE S. TOMÁS. Movimento de cristãos indianos da costa de Malabar, no sudoeste da Índia. Acreditam que o apóstolo São Tomás predicou o Evangelho na Índia e que foi martirizado em Mylapore por ordem de um príncipe indígena.

- CRISTO DE MONTFAVET. Seita conhecida como Igreja Cristã Universal, fundada em França em 1954 por George Roux. Defende a cura pelas mãos, tanto mais que o seu fundador se declarou como uma reencarnação de Cristo. Preconiza regras de higiene alimentar e denuncia cinco venenos mortais: o tabaco, o chá, o café, gorduras cozidas e conservas.

D
DAVIVIANOS ou simplesmente «The Branch». Nasceu de um cisma ocorrido em 1955 num grupo denominado Igreja Adventista Davidiana do Sétimo Dia, movimento reformista com início em 1930, dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia

- DUODÉCIMOS. Ramificação da seita muçulmana xiita. Forma o maior grupo divergente desta e reconhece uma linha de 12 imãs sucessivos, o último dos quais estaria ainda vivo, não obstante se ter escondido no ano de 874.

E
7 SELOS (Igreja Adventista Davidiana do Sétimo Dia). Nasceu nos EUA, com o líder Davis Koresh.
ENERGIA HUMANA E UNIVERSAL. Tem origem no Ceilão (atual Sri Lanka), de tradição orientalista, sendo seu chefe Dasira Narada.

- EXÉRCITO DE SALVAÇÃO. (Salvation Army). Seita metodista fundada por Guilhermo Booth na segunda metade do século XIX, cujo objetivo é a procura de que todo o indivíduo se submeta a Deus e que o Mundo receba a salvação por meio de Jesus Cristo como mestre supremo, obedecendo as seus preceitos e trabalhando com amor pera o bem do próximo a fim de que todos encontrem o favor divino e a eternidade. Rejeitam as igrejas constituídas, por serem incapazes de procurar o bem-estar espiritual e corporal dos seus fiéis, especialmente os pobres.
F
FALULONG. Nasceu na China, de tradição orientalista. O seu líder atual é o Mestre Li.

- FILHOS DE DEUS. Seita criada nos EUA por um ex-pastor de nome David Brandt Berg, que adotou o nome de Moisés David. Mantem a crença numa doutrina milenarista. Nega a doutrina da Trindade e apresenta – e representa – o Espírito Santo como uma mulher seminua. Defende que os pobres cada vez mais subjugados pelos ricos revoltam-se frequentemente sem êxito, porém, em breve os ricos se matarão uns aos outros numa guerra atómica que deixará os pobres em liberdade para reconstruírem uma sociedade perfeita, embora primitiva.
Trata-se de uma seita fortemente hierarquizada. Os seus membros chamam-se “cordeiros” e são dirigidos por pastores responsáveis de comunidade, pelos pastores do distrito, pelos bispos, arcebispos e ministros. No vértice da pirâmide está Jusus Cristo. Conhecidos como Filhos de Deus, o movimento perdeu a sua base dogmática inicial, incorporando técnicas socialmente escandalosas como a prostituição dos seus associados a favor da seita e o tráfico de crianças filhos desta conduta, bem assim como a homossexualidade.
Mantém como livro base As Cartas de Moisés David aos Filhos de Deus. A seita encontra-se presentes em mais de cinquenta países.
G
- GRANDE FRATERNIDADE BRANCA. É um coletivo de sábios que controlam o mundo desde o Tibet, segundo Madame Blavatsky, graças aos quais ela assimilava os seus ensinamentos. Atualmente apareceu outra mulher, Elizabeth Clare Prophet, que se autodenomina Guru Ma, que fundou a Igreja Universal e Triunfante, afirmando manter contato com esses sábios.

GRANDE FRATERNIDADE UNIVERSAL. De tradição ocultista, viu a luz na Venezuela, tendo por chefe o Doutor Serge Raynaud de la Ferriére.

H
- HARBIYYA. Seita fanática fundamentalista muçulmana formada por partidários de Abu Hassim. São seguidores de Abdalla ibn Harb que havia em tempos foi designado por Abu Hassim, ao qual havia passado o espírito deste último. Dentro de uma certa inspiração iraniana, reservam um lugar importante nos seus ensinamentos e na metempsicose.

HARE KRISHNA. Foi fundada nos EUA em 1965 por Bhaktivedanta Swami Prabhupada, como o nome de Associação para a Consciência de Krshyna, baseando a sua doutrina teoricamente em Bhagavad Gita e outras obras hinduístas. Os associados desta seita devem submeter-se a uma disciplina férrea sustentada em práticas de despersonalização do indivíduo que podem, inclusivamente, chegar à realização de práticas delituosas a favor da mesma, uma vez que todo aquele que não pertence a ela é um “karmis” que só merece ser utilizado e aproveitado em benefício próprio. Esta seita foi acusada de manipulação mental, abuso sexual de jovens e tráfico de drogas.

- HARRISMO. Seita africana fundada na zona meridional da Costa do Marfim por William Wade Harris (1865-1929), mais conhecido como Wouré. Membro da etnia grebo da Libéria foi predicador laico e professor encarregado da Igreja Metodista episcopal de Cabo Palmas, e mais tarde da de Half Garraway. Em 1910 mudou-se para a Costa do Marfim onde predicou até ser expulso pelo governo francês. A sua doutrina baseia-se na Bíblia.

HEAVEN’S GATE. Teve origem nos EUA, fundada por tendo por chefe Marshall Herff Applewhite. Protagonizou um suicídio coletivo por envenenamento de 39 indivíduos, incluindo o cabecilha da seita.

- HOMENS PANTERAS. Sociedade secreta africana que perdura em alguns lugares como o Camarão, Congo e Nigéria. Praticam uma forte magia oculta. Os seus membros apresentam-se nos cultos cobertos de peles de panteras com garras deste tipo de felino nas mãos e nos pés. Entre os seus ritos destacam-se o de arrancar o coração das vítimas e comê-los crus. A fantasia popular atribui-lhes a faculdade de poderem transformar-se em verdadeiras panteras.

I
- IDENTIDADE CRISTÃ. (Christian Identity). Seita patriótico-religiosa americana com forte base nacionalista e populista, fundada por Wesley Swift, um pregador evangélico dos anos 20 que amalgamou a teoria do anglo-israelitismo com a ideia da América como sendo a terra prometida dos nossos tempos e com uma reinterpretação das Escrituras. Desta forma os negros e outras minorias étnicas seriam descendentes de homens pré-adâmicos e os judeus viriam da união sexual de Eva «com a serpente do Jardim do Éden. Desta forma, esta seita apresenta uma base teológica que pode ser adotada sem grandes problemas por membros de organizações como o Ku Klux Klan. Existem vários grupos que se identificam com o Christian Identity, sendo o mais importante deles as Aryan Nations. Esta associação tem obtido considerável apoio junto das massas populares desapontadas com o que consideram o declínio da sociedade americana.

 IGREJA ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA. É de matriz cristã, denominada restauracionista, distinguindo-se pela observância do dia de sábado e pela fé na eminente vinda de Cristo à Terra. Esta organização foi formalmente criada em 1863. 

IGREJA DA CIENTOLOGIA. Nasceu nos EUA da autoria do escritor de ficção científica, Lafayette Ronald Hubbard (1911), tendo sido considerada perigosa pelo Parlamento Europeu. De raiz pseudocientífica, a sua doutrina apresenta-se como a «ciência moderna da mente» capaz de curar através de leis até agora desconhecidas sobre o pensamento, embora seja, na realidade, uma amálgama de elementos sacados da ficção científica, do hinduísmo, taoismo, e budismo. O seu método de tratamento da saúde mental (dianética) e de luta contra a droga carecem de qualquer base científica.
Esta seita considera como centro da sua moral a ideia de sobrevivência, o que se faz com que se permita a mentira e a violência. Por tal facto tem sido perseguida pelo FBI e em vários países. É uma das seitas mais perigosas e destrutivas conhecidas, também conhecida como «a religião dos artistas americanos».
IGREJA DA UNIFICAÇÃO. Tem origem na Coreia em 1954 e o seu chefe é o reverendo Sun Myung Moon, que se autointitula «o novo Messias». De inspiração pseudocristã, ultraconservadora, centra a sua ideologia na conceção de Moon, o qual defende que é o segundo messias destinado a reparar o fracasso de Jesus Cristo na sua missão. Defende uma terceira guerra mundial como plano de Deus para restaurar o mundo. Nega a divindade de Cristo, o carater expiatório da sua morte na cruz, a existência de um inferno eterno e outros elementos cristãos. Este indivíduo e o seu agrupamento apoiaram fortemente as ditaduras latino-americanas, que acumulam uma grande fortuna, graças ao tráfico de armas, entre outros negócios de duvidosa legalidade, é proprietária de diversos periódicos, emissoras de rádio e televisão. Está implantada em diversos países ocidentais. 

IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS (Mormons). Foi criada nos EUA por Joseph Smith que disse ter sido visitado por um anjo, o qual lhe revelou a verdade sobre Deus. De tradição pseudocristã, esta seita considera a raça negra com sendo inferior e é acusada de trabalhar para a CIA. São donos de quase todo o estado do Utah, em cujas montanhas rochosas albergam em túneis com centenas de quilómetros, microfilmes dos registos de nascimento, casamento, óbito, etc., da maior parte dos cidadãos em todo o mundo, quer dos vivos, quer dos seus ancestrais. Os seus seguidores pagam o dízimo e outros encargos pecuniários.

- IGREJA DO ENTENDIMENTO BÍBLICO. Seita norte-americana fundada por Stewart Traill na década dos anos setenta do século XX. A sua ideologia está imbuída de fundamentalismo anglo-saxónico. Até 1976 autodenominou-se Família para Sempre, porém, a partir desse ano adotou o nome de Church of the Bible Understanding (Igreja do Entendimento Universal).

–  IGREJA MUNDIAL DE DEUS. Foi fundada em 1933.

- IGREJA PROCESSO DO JUÍZO FINAL. Seita nascida em 1963 por obra de um indivíduo de nome Grimston, com uma ideologia mista de gnosticismo e luciferianismo. Umas das suas crenças mais originais é a afirmação de que Satanás e Cristo fizeram as pazes e colaboram com o fim do Mundo.

IGREJA UNIFICADA DE CRISTO. Formada em 1957, agrupa as igrejas reformadas, evangélicas e congregacionais dos EUA.  

- IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (IURD) ou Comunidade Cristã do Espírito Santo. Seita brasileira com sede em S. Paulo, no Brasil de inspiração cristã, fundada em 9 de julho de 1977 por uma criatura de nome Edir Macedo que autoproclamou de “bispo”, juntamente com um seu cunhado, o sr. Romildo. Abomina imagens e renega santos. Cobram o dízimo e outros emolumentos, como os que se referem aos milagres que fazem em grande quantidade aos seus adeptos e visitantes, o que lhes garante rendimentos de muitos milhões de dólares por mês. Possui estações de rádio e de tv, para além de periódicos em várias partes do mundo (mais de 200 países), incluindo Portugal.

- IGREJA UNIVERSAL E TRIUNFANTE. Movimento norte-americano nascido em 1958 pela batuta de Mark L. Propfhet, com uma mescla de espiritismo e ocultismo em torno de uma base supostamente cristã. Após a morte do seu fundador em 1973, a seita passou a ser controlada pela sua mulher, Elizabeth Wolf, que afirma ser a Marta evangélica reencarnada e a transmissora dos desejos da Grande Fraternidade Branca no mundo.

IRMANDADE BRANCA. De tradição new age, o seu guru é Swami Sananda.

- IRMANDADE DE ABRAÃO. Seita constituída em janeiro de 1967 e mencionada por Jacques Mantet no seu estudo sobre religiões, que relativamente a ele diz que se preocupa em por em prática os valores morais, espirituais e culturais que provem da tradição de Abraão entre os judeus, os cristãos e os muçulmanos, com o fim de intensificar a sua mútua compreensão e de promover a justiça social, a paz e a liberdade. Tem o seu centro em Paris onde se reúnem todos os meses para abordar um tema eleito para todo o ano. A regra de fraternidade consiste em que somente um judeu pode expor um ponto de vista judaico e um cristão de igual modo, tal como um muçulmano.

- IRMÃOS MUÇULMANOS. Seita fundada em Islailiya em 1927, pela mão do mestre Hasan al Banna (+1949) com a intenção de apoiar e difundir o Islão. Afirmam que o Corão concorda com os conhecimentos científicos. Quando se mudaram para a sua sede no Cairo, em 1933, ganharam notoriedade rapidamente. Expandiram as suas atividades para a Síria, Palestina, Jordânia, Iraque e Sudão, porém, a sua conexão com atividades políticas resultou numa estreita vigilância sobre eles por parte das autoridades. Em 1949 Banna foi assassinado e embora alguns dos seus discípulos continuassem a sua obra, a irmandade foi dissolvida no Egipto em 1954 e quatro anos mais tarde na Síria.
A partir da década dos anos sessenta a seita estabelece-se em força na Arábia, Jordânia e Kuwait. Um dos seus membros foi quem assassinou o presidente do Egipto, Anuar al Sadat, em 6 de outubro de 1981.
- ISMAELITAS. Seita originária de divergências ideológicas da seita muçulmana xiita. Os ismaelitas creem que o último imã foi Ismael, desaparecido subitamente da vista dos seus adeptos, não obstante se revelar a alguns dos seus iniciados. Entre os ismaelitas desenvolveu-se uma corrente que reconhece apenas sete imãs sucessivos, sendo que o último se escondeu no século VIII, tendo a sua linha sido reiniciada dois séculos após este sucesso.
J
- JACOBITAS. Seita de cristãos oriundos da Síria. As quase totalidades dos seus adeptos encontram-se no sul da India. O seu nome deriva de Jacob Baradeu, bispo de Edessa (séc. VI) que reavivou a heresia de Eutiques ou heresia Monofisita, segundo a qual a natureza humana de Jesus Cristo foi absorvida pela natureza divina. A sua língua litúrgica é, mesmo na Índia, o siríaco clássico.

JAINISMO. Nasceu na India no século VI a.C. com Mahavira.

K
- KEMETISMO. Novo culto neopagão de negros americanos faz uso do termo nos EUA. Este culto é considerado de caráter destrutivo. Kemet significa «negro» predicando dessa forma diversos graus de supremacia negra.

L
- LOUCOS DE CRISTO. Seita nascida no século XX na Califórnia, que se intitula religiosa, dirigindo os seus esforços à recuperação dos marginais. Possui um reduzido bando de seguidores.
LUTERANOS. De tradição cristã. Movimento criado na Alemanha por Martinho Lutero no século XVI.

M
MAHAYANA. Movimento de reforma surgido no século I. Originalmente implantou-se na China, Japão e Sudeste asiático.

–  MAITREYA. De feição ocultista. Seita originária da Escócia. O seu líder é Benjamin Creme.

MANDEÍSMO. Seita antiga, descendente do gnosticismo primitivo. Rende culto a João Batista. Conta com cerca de 40 000 seguidores no Iraque.  

MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL. De base hinduísta. Originária dos EUA, o seu chefe é Maharishi Mahesh Yogi.

- MELCHITES. Designação dada no século V aos cristãos do Patriarcado de Jerusalém, Alexandria. Os Melchites aderiram no Leste da Europa ao Cisma da Igreja de Roma, em 1054, porém, nos séculos seguintes grupos de Melchites deslocaram a sua fidelidade de novo para Roma. É uma das seitas cristãs do Rito Oriental.  Tem cerca de 270 000 adeptos. O seu patriarcado encontra-se em Damasco, Síria. Os seus sacerdotes estão autorizados a casar, os ofícios litúrgicos são realizados em árabe. 

METODISMO. Movimento surgido a partir do protestantismo na Grã-Bretanha, no século XVIII. Propagou-se aos EUA.

–  MOVIMENTO PELA RESTAURAÇÃO DOS DEZ MANDAMENTOS DE DEUS. De feição cristã milenarista, é originário do Uganda. Esta seita foi descoberta há pouco tempo. É responsável por ter assassinado 924 fiéis.  

MENINOS DE DEUS. De matriz pseudocristã, tem por origem os EUA e o seu líder é David Berg. Esta seita tem sido acusada de assédio sexual de menores e de prostituição infantil.

- MENONISTAS. São um grupo religioso protestante com origem no século XVI. O seu nome tem a ver com o seu fundador, de nome Menno Simons, um padre católico holandês convertido à fé Anabaptista. A maior parte dos seus membros encontra-se nos EUA.

MOVIMENTO RESTAFARI. Ramo surgido da Igreja Copta que considera  o falecido imperador (da Abissínia) Haile Selassie, um enviado de Deus para a libertação de África.

N
NOVA ACRÓPOLE. É originária da Argentina. De base pseudofilosófica. Os seus líderes são Angel Livraga e Ada Albretcht.

O
- O CAMINHO. (The Way). Seita norte americana fundada por um pastor da Igreja Unida de Cristo, de nome Paul Wierwille, em 1957. A sua ideologia é uma mistura de elementos cristãos heterodoxos com outros pentecostais e esotéricos. Negam a divindade de Cristo, a Trindade e o valor expiatório da morte de Cristo na cruz. É benevolente relativamente ao consumo de álcool, drogas e prática de amor livre. Dado quer os seus adeptos nos EUA fazem treino militar, é considerada uma seita perigosa.

OPUS DEI. Seita de matriz católica, foi fundada em 2 de outubro de 1928 em Madrid, por Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), um obscuro sacerdote - filho de um comerciante aragonês arruinado – que encontrou poder e fama na carreira eclesiástica através do seu agrupamento.

ORDEM DO TEMPLO SOLAR. De base ocultista. Originária da Suíça, os seus chefes tem os nomes de Luc Jouret e Joseph Di Mambro. São acusados de provocarem suicídios coletivos através do método de cremação.

- ORDEM RELIGIOSA DE BRUXARIA – Seita criada em Nova Orleans, EUA, em 1972 por Mary Oenida Toups. Tem por finalidade restaurar a influência da bruxaria na sociedade contemporânea.
P
 PENTECOSTALISMO. De raiz cristã, esta seita nasceu em 1901, nos EUA por iniciativa de Charles Fox Parham, pastor metodista.

- PESSOAS UNIVERSAIS. Esta seita também é conhecida como, Pessoas Cósmicas com Poder da Luz. Seguem à risca as palavras do seu mestre Ivo A. Benda, que afirma ter contacto direto com Ashtar Sheran, líder do Comando galáctico de Ashtar, uma frota de alienígenas que se encontra em órbita eterna em torno da Terra. Segundo referem, em 1977 Ashtar tentou comunicar-se com a humanidade sabotando a transmissão de TV das cidades de Hampshire e Berkshire, nos EUA. Uma das profecias da seita refere que alguém vai implantar chips de identidade na população mundial, de forma a controlá-la.

- POMBA DA UNIÃO. A fundadora desta seita com origem nos EUA, Shaini Goodwin, defende uma Reforma da Segurança Económica americana, um projeto para eliminar todos os impostos dos EUA e instaurar a paz mundial. Esta guru pede aos seus seguidores que lhe entreguem todas suas economias para esse propósito. Os adeptos acreditam em “espíritos canalizados”, “seres interdimensionais”, e acham que “uma raça de répteis ditadores do espaço” está a impedir o sucesso da organização.

Q
QUAKER. Nome porque que se designam os vários grupúsculos deste movimento com origem no protestantismo britânico do século XVII. É contra a hierarquização do protestante e centra-se na «luz interior» a chispa divina que transporta cada ser humano.
Atualmente estimam-se em cerca de 400 000 os quakers em todo o mundo. A maior comunidade situa-se no Quénia. Esta organização nasceu em 1652 pela batuta de George Fox, pretendendo-se restauradora da fé cristã original. Os seus associados são apodados de “tremedores”. Rejeitam qualquer organização clerical, para viver no recolhimento, na pureza moral e na prática ativa do pacifismo, da solidariedade e da filantropia.

R
RAELIANO. De inspiração extraterrestre (ovnis). Seita originária dos EUA, o seu líder chama-se Rael (um extraterrestre), ex-jornalista desportivo francês com o nome verdadeiro de Claude Vorilhon. Esta criatura afirma ter sido abduzida (ou sodomizada…) por um extraterrestre na década de 70 e, após a experiência, ter-se-ia transformado num messias. Os indivíduos, intitulados por ele de “Elohim”, seriam os criadores de todas as formas de vida existentes no planeta, tendo-lhe confiado a missão de construir uma “embaixada” na Terra para os receber. Por tal desígnio fundou uma “religião ateísta” com um conselho científico, sacerdotes e adeptos. O movimento raeliano afirma ter 55 mil membros espalhados em 84 países. A maioria está no Canadá, nos Estados Unidos, na Suíça e em França.
ROSA CRUZ (Ordem). De tradição ocultista, os seus membros acreditam na reencarnação do ser humano, que se daria a cada 144 anos. Respeitam Jesus como um dos avatares, isto é, um dos mestres místicos. Há quem considere que esta organização teve origem na Confraria dos Iluminados existente na Alemanha a partir do século XVI, tendo-se difundido pelos países vizinhos no século seguinte.  

S
–  SAHAJA YOGA. De base sincrética. Nasceu na India e o seu chefe é Shri Mataji Nirmala Devi.

SAMARITANISMO. É um ramo dissidente do judaísmo, bastante antigo, tem sede em Samaria  (Israel). É pré-talmúdica e de facto, não reconhece o Talmud. Os seus adeptos (samaritanos) são um pequeno grupo étnico-religioso que habita nas cidades de Holon e Nablus, situadas em Israel. Designam-se a si próprios como Shamerin “os observantes” (da Lei).

–  SATHYA SAI BABA ORGANIZAÇÃO. De tradição orientalista, nasceu na Índia. O seu fundador autoproclama-se um deus, salvador do mundo. Alguns dos seus «milagres» são contraditórios com outros aspetos da sua vida, como o atentado que sofreu em 1993 de que saiu com vida graças a um relógio-despertador. Também foi acusado de abuso sexual de menores.

SUNISMO (sunni ou sunitas). Diferentemente dos xiitas, os sunitas aceitam o califado de Abu Bakr  (573-634). É o maior ramo do Islão. Os sunitas representam 84% do total dos muçulmanos. Aceitam a suna, guiados pelas leis do Alcorão. Enfatizam o poder de Deus e o determinismo do destino humano.

T
- TABERNÁCULO DA FÉ. A designação desta seita tem origem no facto do seu criador William Marrion Branham (falecido em 1965) pregar em tendas e outras barracas e nelas operar muitos milagres e curas. 

TAOÍSMO. Conjunto de ensinamentos filosóficos e religiosos originados na China a partir de Lao-Tse (Laozi) no século VI a. C. Também é conhecido como daoismo e tauismo. Dizem-se tradição filosófica e religiosa com origem na China. Enfatizam a vida em harmonia com o Tao. Este termo designa a fonte, a dinâmica e a força motriz que sustenta tudo o que existe.

TEOSOFISMO. Seita fundada por M. Blavatky (1851-1891), no Oriente, que juntamente com outros parceiros fundaram em 1875 a Sociedade Teosófica em Nova Iorque. Este movimento afirma possuir uma inspiração especial do divino através do desenvolvimento espiritual.

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ. (Sociedade da Torre de Vigia. De inspiração cristã, esta seita foi fundada por Carlos Russel, em Brooklyn, USA, em 1872. Os seus aficionados são conhecidos como «estudantes da Bíblia». Possuem cerca de 8 000 000 adeptos em 239 países. Cobram o dízimo e outras taxas para além da esmola aos seus membros, dinheiro que é canalizado para a sede em Nova Iorque. Fazem uma interpretação literal do Novo Testamento da Bíblia, consideram-se como o povo eleito de Deus e que, portanto, só eles se salvarão no Dia de Juízo Final, que estará para breve.

THERAVADA. Ramo mais antigo do budismo, surgido quando da primeira compilação escrita do budismo. Encontra-se implantado principalmente na Índia e no Sudoeste asiático.  

TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE. De matriz católica, esta seita é originária da Argentina, o seu chefe chama-se Plínio Correa de Oliveira, é criticado pelos seus detratores por suspeição do desaparecimento de jovens.

U
UMMO. De feição extraterrestre (ovnis). Seita com origem em Espanha. O seu líder chama-se Fernando Ledesma Manzano.

UNITÁRIOS. Seita surgida a partir do pensamento desenvolvido por Miguel Servet e Fausto Socino no século XVI, nega a Santíssima Trindade e afirma o uso da razão na religião.

UNIVERSALISTAS. Seita com origem no metodismo inglês, embora ligada aos EUA. Defende a salvação universal e a existência do inferno. 

V
VASHRAIANA. Parte do Mahayana, definido pela sua influência do tantrismo hindú. Fixou-se originalmente na região dos Himalaias, Kalmukia, Japão e Mongólia.

VERDADE SUPREMA. (Aum Shinrikyo). Nasceu no Japão, sendo seu líder Shoko Asahara. De base sincrética, esta seita foi acusada do atentado com gás sarin no metro de Tóquio em 1995.

- VIDA UNIVERSAL. Seita fundada por Gabriele Wittek, cuja interpretação abstrata de crenças religiosas atraiu 40 000 seguidores na Alemanha e mais 100 000 em todo o mundo. A sua fundadora reclama ter como melhor amigo um alienígena chamado Mairadi. Afirma já se ter encontrado com Jesus pessoalmente e receber frequentes visitas de fantasmas, incluindo o de sua falecida mãe. Os adeptos desta seita controlam um grupo de fazendas, administram escolas, clínicas e editoras, tudo para espalhar a sua doutrina.

- VODU. Forma religiosa levada pelos escravos negros africanos da Costa de Ouro para a América, sobretudo o Brasil e o Haiti, muito embora também se tenham expandido pelo resto do Caribe e sul dos EUA. Defendem a existência de um só Deus criador do Universo e de tudo quanto nele existe. Trata-se de uma amálgama de magia negra: adoração de serpentes, rituais animistas…, que misturam a tradição tribal com a santaria cristã. O seu ritual é secreto, no decorrer do qual se agitam ao ritmo dos tambores em danças frenéticas, na crença no poder das divindades tanto benignas como malignas, que inclusivamente podem devolver à vida os mortos. Possui os seus próprios sacerdotes e sacerdotisas que são encarregados de dirigir as cerimónias.
O Vodu tem sido para as populações das ilhas caribenhas algo mais que um movimento religioso, uma vez que à sua sombra se produziram diversas revoltas.
Y
YAZIDISMO. Seita autóctone do Curdistão com influências islâmicas e zoroástrica seguida atualmente por 200 000 curdos. Os seus seguidores professam culto aos anjos e arcanjos das religiões abraâmicas, dando-lhes uma explicação própria.

W
- WACHTOWER. Sociedade multinacional que governa a seita das Testemunhas de Jeová, que se encarrega de recolher e de administrar a economia desta seita com o dinheiro obtido pelos seus aderentes.

- WICCA. Seita neopagã, que retoma as tradições de antigas religiões de bruxaria.

- WIERWILLE. Seita fundada por Vitor Paul Wierwille (1917), antigo pastor da Igreja Unidade de Cristo, tendo abandonado a mesma em 1957 para fundar a seita The Way (O Caminho). Afirmava que Deus lhe havia encomendado a missão de ensinar o Evangelho. A sua doutrina é uma mescla de elementos pentecostais.

- XIITAS. São o segundo maior ramo do Islão, constituindo 16% do total dos muçulmanos. Os seus seguidores dizem ser Ali, o genro e primo do profeta Maomé, o seu legítimo sucessor, considerando ilegítimos os três califas sunitas que assumiram a liderança da comunidade muçulmana após a morte de Maomé. São seguidores de Ahl al-Bayt, a autoridade suprema da família de Muhammad e dos seus descendentes. A maioria dos grupos xiitas defendem que os imãs devem, obrigatoriamente, descender de Ali e sua esposa Fátima, a única filha de Maomé. Com o decorrer dos tempos, devido a divergências ideológicas relativamente à linhagem dos legítimos imãs, surgiram três concepções dentro do xiismo: os duodécimos, os ismaelitas (subdivididos em carmatas e fatimitas) e os zaiditas.
- XINTOÍSMO. É a religião mais antiga do Japão. A sua origem é obscura e datada de, pelo menos, metade do primeiro milénio a.C.
Z
- ZAIDITAS. Seita originária de divergências ideológicas da seita muçulmana xiita. Esta seita tem origem em Zaid Ibn Ali (740), fundador do movimento e descendente direto de Ali. Para esta gente, o verdadeiro xiita é todo o muçulmano piedoso que segue as regras dos descentes de Ali e Fátima e seja culto e ativo no meio político.

ZEN MACROBIÓTICO. De tradição budista. Seita originária do Japão tem por líder George Ohsawa.

ZOROASTRISMO. De origens incertas, aparece como uma religião por volta do século V a. C. Os seus ensinamentos baseiam-se no profeta e poeta Zoroastro do antigo Império persa.
In Tertúlia Plural