domingo, dezembro 21, 2014

Intervenção no Jantar dos 40 anos da UDP – Mário Tomé Versão para impressão
Mário Tomé. UDP 40 anos
Camaradas,
Acabo de chegar de Braga onde participei numa homenagem, integrada no 40º aniversário da UDP, ao nosso camarada José Gonçalves da Silva falecido há já cinco anos.
Foi uma jornada de afectos e de intencionalidade política. Como era o Gonçalves da Silva, um grande homem, um sindicalista admirado e mesmo amado por muitos dos seus pares e uma referência fundamental como militate da UDP: intransigente e duro no combate político contra o inimigo de classe, nos confrontos que sempre marcam a tarefa difícil da ganhar a unidade imprimia sempre o seu cunho de afectividade e humanidade.
Camaradas
Com os horizontes abertos pelo 25 de Abril a UDP criou-se pela unificação de grupos m-l que nasceram na dura luta contra o fascismo. Rompendo com o sectarismo constituiu-se como organização política capaz de integrar e influenciar fortemente a dinâmica popular que tornou o 25 de Abril numa revolução democrática e popular.
Nos seus quarenta anos de vida a UDP teve e tem como guia a unidade do povo na luta pela sua emancipação e portanto pela sua libertação do jugo do capital.
Com esse objectivo central, a UDP bate-se pela unidade das forças genuinamente anti-capitalistas.
Foi assim que, uma vez mais, marcou e teve papel central na unificação de forças diversas que durante as três primeiras décadas depois do 25 de Abril se exauriam no combate desigual contra o sistema burguês de dominação e os seus governos que vieram liquidando conquistas fundamentais obtidas pela luta radical do povo durante o período revolucionário.
O Bloco de Esquerda foi o resultado desse esforço comum tornando-se uma referência na luta política anti-capitalista em Portugal e na Europa.
Os pilares constituintes da UDP foram a unidade e a ligação ao povo e às suas lutas mais radicais durante os primeiros anos em que a burguesia abraçou o neoliberalismo como instrumento político, económico e ideológico de extorsão do trabalho.
Com a formação do Bloco de Esquerda, a UDP transformou-se em Associação Política com o objectivo nuclear de responder à crise do marxismo que marcou a segunda metade do século XX e, de forma arrasadora, o período posterior à queda do muro de Berlim saudada por todos os democratas não sem provocar uma enorme ressaca no mundo do trabalho mesmo naqueles vastos sectores que não tinham quaisquer ilusões no chamado socialismo real e ortodoxo.
Tornou-se-nos então clara a necessidade de aprofundar o pensamento teórico de Marx e de argumentar sustentadamente contra a ortodoxia e a dogmática que se tinham apoderado do pensamento da esquerda anti-capitalista.
Entendemos, na evidência da realidade histórica, que a revolução se apoia na unidade na luta e na aquisição do conhecimento por parte das massas trabalhadoras.
E que, no mundo de hoje, essas permisssas adquirem um valor sem igual e impõem-nos a capacidade de entender que não há verdades feitas e que a procura de soluções com eficácia política e social para a derrota do capitalismo e para abrir as portas à sociedade solidária a que chamamos socialismo, exige a convergência de contributos vários e plurais.
Os aderentes da UDP-AP são militantes empenhados do nosso partido, o Bloco de Esquerda. O seu contributo será tanto mais valioso quanto mais aprofundarmos o nosso próprio conhecimento crítico das matrizes científicas e filosóficas que Karl Marx nos legou.
Esta a tarefa ingente que nos desafia e para a qual nos juntamos na UDP-AP.
Viva a UDP
Viva o Bloco de Esquerda
inervenção* de Mário Tomé, militar de Abril, membro da Direção Nacional e ex-deputado da UDP

*A intervenção não foi escrita pelo que o presente texto não lhe corresponde ipsis verbis, mas refelecte o que então foi dito.

imagem: Mário Tomé. UDP 40 anos de luta. foto de Carlos Guedes.
In A Comuna

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