Manifesto alemão contra a “campanha do medo” na Grécia
A menos de 24 horas da
votação que pode fazer cair o governo grego, o esquerda.net publica a
declaração subscrita por personalidades do meio sindical, cultural e
político da Alemanha contra a ingerência de Berlim e Bruxelas na crise
política grega.
Tal
como em 2012, Merkel joga tudo na eleição de Samaras nas eleições
gregas para prosseguir as políticas de empobrecimento da troika. Foto
EPP/Flickr
Não à campanha de intimidação do povo grego, não à intromissão eleitoral de Berlim e Bruxelas a favor do governo Samaras
De acordo com as declarações de membros do governo da Grécia, a
realização de eleições antecipadas em caso de não eleição do presidente
da República pelo atual parlamento equivale a um desastre. Yannis
Stournaras, governador do Banco da Grécia e antigo ministro das
Finanças, evocou os “danos irreversíveis” para a economia grega causados
pela instabilidade política dos últimos dias. O esforço interno para
aterrorizar os cidadãos gregos, cujo objetivo é o prologamento a todo o
custo da vida do governo de Samaras e Venizélos, está a ser apoiado de
forma inequívoca por altos quadros da Uniao Europeia, que tal como
Juncker não se cansam de repetir que preferem “caras conhecidas” no
governo que sairá das eleições.Neste esforço de aterrorizar [os eleitores gregos] participam de forma ativa, como ocorreu também em 2012, figuras do governo alemão e a quase totalidade dos grandes media alemães. A mensagem que procuram passar junto dos gregos é unívoca: “Não se atrevam a votar errado! Os mercados e o resto da Europa não perdoarão essa atitude e a Grécia vai desintegrar-se por completo.” A cenografia do terror já foi artisticamente construída, só resta saber se desta vez irá ter influência determinante sobre os eleitores gregos.
A diferença específica em relação a 2012 é que a aplicação fiel dos Memorandos pelo atual governo empurrou a economia e a sociedade grega, já profundamente feridas antes disso, para a beira do precipício. A imposição autoritária de medidas através da repressão e o permanente contornar das instituições e dos procedimentos parlamentares lesaram de forma irreparável o regime democrático. Através das eleições antecipadas será por fim dada ao povo grego a possibilidade de votar contra as políticas bárbaras que foram aplicadas por quadros políticos sem escrúpulos.
No exercício do seu legítimo direito democrático, o povo grego não precisa de tutores nem de conselheiros beneméritos. No que respeita às ameaças diretas e indiretas vindas de figuras do meio financeiro e de líderes de outros Estados europeus, elas devem ser publicamente condenadas e ignoradas.
Contra a visão da chanceler Merkel por uma Europa dos Mercados, nós propomos uma visão de uma Europa da Solidariedade, de uma Europa dos Povos. Esta visão inspira-nos durante os repetidos encontros com os companheiros gregos, sindicalistas, em iniciativas políticas na Grécia e na Alemanha. Através desses contactos tivemos oportunidade de ver com os nossos olhos a dimensão do desastre provocado pelas políticas da Troika e dos seus agentes locais. Iremos lutar contra a propaganda dos media e dos políticos aqui na Alemanha, cujo objetivo é a permanência e a extensão das políticas ditadas pelos memorandos, e continuaremos a colocar-nos ao lado do povo grego.
Primeiros signatários: Rolf Becker (Ator); Eberhard Rondholz (Jornalista); Wolfgang Pomrehn (Jornalista); Ulrike Eifler (DGB Südosthessen); Rainhard Raika (DGB Darmstadt); Prof. Dr. Céline Jouin, (SUD educação); Gerd Graw (Delegado IGM Salzgitter); Fritz Klein (BR, S-Bahn Berlin, EVG); Uwe Krug (BR, S-Bahn Berlin, GDL); Jochen Gester, Hans Köbrich, Nina Knirsch, David-S. Schumann (Comité International do IG Metall Berlin); Manfred Klingele (GEW Hamburg);Rainer Thoman (Unia, Zürich); Kalle Kunkel (Gewerkschaftssekretär Berlin); Cordula Muehr (Médica); Dr. Nadja Rakowitz (Presidente do Conselho de Médicos Democratas – Verein demokratischer Ärztinnen und Ärzte); Dr. Peter Hoffmann (Conselheiro dos Médicos Democratas – Verein demokratischer Ärztinnen und Ärzte); Dr. Bernhard Winter (Conselheiro dos Médicos Democratas – Verein demokratischer Ärztinnen und Ärzte); Dr. Gregor Kritidis (Iniciativa dos Cientistas Críticos – Loccumer Initiative kritischer Wissenschaftlerinnen und Wissenschaftler); Michael Aggelidis (Jurista, Bonn, Rechtsanwalt, Landesvorstand DIE LINKE.NRW); Paul Michel (Mitglied des VerDi Ortsvorstandes Schwäbisch Hall); Attac Osnarbrück; Dieter Wegner, (Gewerkschaftslinke Hamburg); Angela Müller, Alexandra Pavlou, Peter Klemm, Marianna Munk, Lothar Zieske, Anita Friedetzki, Silke Mahlau, Rainer Basowski (Griechenland Soligruppe Attac Hamburg); Hubert Schönthaler (DIE LINKE, Köln); Griechenland-Solidaritätskomitee Köln (GSKK) – Grupo de Solidariedade com a Grécia - Colónia.
Esquerda.net
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