Os professores têm de escolher. Vão deixar-se enganar de novo? Não creio
1. Em breve, os professores enfrentam novo dilema. A maioria dos 150 mil professores colocou José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues no poder. José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues responderam com ingratidão. Mas, em política não há gratidão. Ao longo de quatro anos e meio, os professores sofreram o maior ataque de sempre.
2. Durante os dois primeiros anos da legislatura, os professores ficaram desorientados. Não conseguiam perceber as razões da ingratidão. Muitos perguntavam: "Mas eles não são dos nossos?" Só depois da publicação do decreto regulamentar 2/2008, com a imposição do modelo burocrático de avaliação de desempenho, é que os professores perceberam o que se estava a passar. Não era uma questão de gratidão ou de ingratidão. Era um ataque provocado por tresloucados. Foi preciso Medina Carreira usar a expressão "tresloucados" para caracterizar os governantes dos últimos anos para os professores perceberem, finalmente, a razão de tanto desprezo votado ao maior grupo profissional do país.
3. O professores reagiram nas ruas e nos locais de trabalho. Foi uma resistência prolongada e dura. Nos últimos dois anos, foi possível pôr os partidos políticos a falar sobre as queixas e a prolongada luta dos professores.
4. A pouco mais de dois meses das eleições legislativas, é possível fazer uma hierarquia da força e da coerência das vozes que estiveram com os professores. Os deputados do BE, em particular Ana Drago, foram os primeiros a compreenderem as razões das queixas dos professores. Optaram por colocar-se ao lado dos professores nas questões que os opõem ao Governo do PS: ECD, ADD, Estatuto do Aluno e Modelo de Gestão Escolar. Foram os mais coerentes. De seguida, ouviram-se as vozes dos deputados do PCP. Com menos tempo de antenas mas com a mesma determinação e coerência. Em terceiro lugar, a voz dos deputados do CDS, sobretudo nas questões do Estatuto do Aluno e da avaliação de desempenho. O PSD demorou mais tempo a reagir, mas também se ouviu pela voz de Paulo Rangel que divulgou o compromisso de suspender a avaliação de desempenho e de pôr fim à divisão da carreira. Não faltam escolhas. Para pôr fim à sucata é preciso escolher.
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