domingo, janeiro 25, 2015

Tsipras: “O veredicto do povo grego significa o fim da troika”

No seu discurso de vitória, Alexis Tsipras, líder do Syriza, vencedor das legislativas gregas, afirmou este domingo que “o povo grego escreveu História” e “deixou a austeridade para trás”.
O partido anti-austeridade Syriza obteve uma clara vitória nas eleições gerais deste domingo na Grécia com 35,9% dos votos, quando estão contados 50% dos boletins.
“É um sinal importante para uma Europa em mudança”, disse Tsipras perante milhares de pessoas que se juntaram na praça em frente da Universidade de Atenas.
“O veredicto do povo grego significa o fim da troika, a estrutura de supervisão da economia da Grécia constituída pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional que desde 2010 avalia as medidas de austeridade impostas a troco de empréstimos de 240 mil milhões de euros.
Tsipras, 40 anos, afirmou que “o povo deu um mandato claro” ao Syriza, “depois de cinco anos de humilhação” e assegurou que vai negociar com os credores uma “nova solução viável” para a Grécia.
O partido anti-austeridade Syriza obteve uma clara vitória nas eleições gerais deste domingo na Grécia com 35,9% dos votos, quando estão contados 50% dos boletins.
Os conservadores da Nova Democracia, atualmente no poder, obtém apenas 28,3%, o que corresponde a 78 deputados, o terceiro partido mais votado é o neonazi Aurora Dourada, com 6,4% e 17 deputados. O To Potami (Rio) obtém 5,9% e 16 deputados, o KKE (PC grego) 5,45% e 16 deputados, o PASOK (PS grego) 4,76% e 13 deputados e os Gregos Independentes 4,7% e 13 deputados.
Multidão ouve discurso de vitória de Alexis Tsipras. Foto de Catarina PríncipeMultidão ouve discurso de vitória de Alexis Tsipras. Foto de Catarina Príncipe
Esquerda.net

sexta-feira, janeiro 23, 2015

Vitória do Syriza é esperança para toda a Europa, afirma Catarina Martins

“Na Grécia, nestas eleições, o que está em disputa é a possibilidade de uma viragem na Europa. É importante para a Grécia, mas é muito importante para Portugal”, afirmou a porta-voz do Bloco de Esquerda em Atenas.
Catarina Martins e Marisa Matias nesta quinta-feira em Atenas - Foto de Nuno Veiga/Lusa
Catarina Martins defendeu, nesta quinta-feira em Atenas, a importância de uma vitória do Syriza, não só para a Grécia como para toda a Europa.
“Na Grécia, nestas eleições, o que está em disputa é a possibilidade de uma viragem na Europa. É importante para a Grécia, mas é muito importante para Portugal: Podemos pela primeira vez ter um Governo do Syriza no Conselho Europeu, que ponha em cima da mesa a necessidade de reestruturação da dívida dos países periféricos e que diga algo tão simples e tão essencial como ‘A austeridade até agora não resultou, só destruiu os nossos países, só destruiu salários, serviços públicos, emprego”, declarou a porta-voz do Bloco de Esquerda à Lusa, momentos antes do último comício do Syriza para as eleições legislativas do próximo domingo.
Catarina Martins sublinhou à Lusa que a vitória do Syriza representa a vitória de alguém que defende todos os países periféricos da Europa, Portugal incluído, ao dizer que “é preciso fazer tudo de novo, tudo diferente, é preciso reestruturar as dívidas para que possa haver investimento e emprego, para que possa haver serviços públicos”.
Salientando que “quem está instalado num sistema que tem vindo a privilegiar os mercados financeiros, o sistema financeiro, à custa das vidas das pessoas, quer manter tudo como está”, a porta-voz do Bloco sublinhou: “E sabemos que a pressão é grande, mas este caminho do Syriza e da esquerda europeia nas propostas de reestruturação da dívida, de acabar com a austeridade, já estão a dar resultados”.
Referindo que “já houve governantes de vários países a reconhecerem que, se calhar, está mesmo na altura de se falar da reestruturação das dívidas, uma palavra que era proibida há pouco tempo”, Catarina Martins disse: “Agora, em França, há um ministro que já vai reconhecendo que se calhar a reestruturação tem de ser conversada, o Governo irlandês diz que não é absurdo falar da reestruturação da dívida”.
A porta-voz do Bloco sublinhou também que “ Portugal terá de fazer parte, também, dessa viragem, porque já chega de austeridade. Destruiu-se tanto, está na altura de construir: reestruturar as dívidas, parar com a austeridade, criar emprego, proteger os salários, proteger os serviços públicos”.
“Eu bem sei que o nosso Governo continua absolutamente cego e surdo à possibilidade da viragem e de sairmos da crise, mas com momentos como este que vivemos na Grécia, que vivemos na Irlanda e em Espanha, com a subida da esquerda, sabemos que pode haver viragem na Europa, e Portugal terá de fazer parte, também, dessa viragem, porque já chega de austeridade”, sustentou.
Sobre as dificuldades da mudança, Catarina Martins admitiu que “ninguém duvida delas”, como também “ninguém duvida da chantagem que está a ser feita sobre a Grécia”, mas que “também toda a gente sabe que é neste confronto, é com esta população a dizer que quer mudar, que já chega do que tem sido, que pode na Europa, como em Portugal, como na Grécia, haver mudança”.
“O Syriza é essa possibilidade de esperança de que na Europa se possa sorrir, de que na Europa alguém possa pensar ‘Há aqui futuro’ ou ‘No meu país, pode haver futuro’. A viragem que pode estar a acontecer na Grécia dá a toda a Europa essa esperança”, realçou Catarina Martins.
A porta-voz do Bloco destacou ainda como “essencial para Portugal” a proposta central do Syriza: “Que se faça uma conferência europeia da dívida para reestruturar as dívidas dos países periféricos, para que se faça ao sul da Europa – que tem sofrido tanto também – o mesmo que aconteceu à Alemanha no fim da Segunda Guerra Mundial, o perdão de uma parte da dívida, a renegociação dos juros, criar condições para que os países cresçam e saiam da crise económica que estão a viver”.
Esquerda.net

segunda-feira, janeiro 19, 2015

O 1% mais rico terá mais riqueza que os 99% em 2016

A Oxfam publicou um relatório onde aponta que, se não for revertida a atual tendência para a concentração da riqueza e para o aumento da desigualdade, no próximo ano o 1% mais rico do planeta ultrapassará a riqueza de 99% da população mundial
No próximo ano o 1% mais rico do planeta ultrapassará a riqueza de 99% da população mundial - Foto Occupy Wall Street
A organização internacional Oxfam publicou nesta segunda-feira o relatório Wealth: Having It All and Wanting More (Riqueza: Ter tudo e querer mais). A ONG divulga este relatório poucos dias antes do Fórum Económico Mundial de Davos, em que a sua diretora executiva, Winnie Byanyima, copresidirá e na qual, segundo a ONG, fará um apelo para que sejam tomadas “medidas urgentes que travem o aumento da desigualdade, começando por pôr fim à fraude e evasão fiscal por parte das grandes empresas e por impulsionar um acordo global contra as alterações climáticas”.
A Oxfam sublinha que atualmente uma em cada nove pessoas tem falta de alimentos e mais de mil milhões de pessoas ainda vivem com menos de 1,25 dólares por dia.
Segundo a organização, o relatório mostra como a riqueza acumulada pelo 1% mais rico do planeta aumentou, passando de 44% em 2009 para 48% em 2014, ano em que o 1% tinha uma riqueza média de 2,7 milhões de dólares por adulto. Dos restantes 52% da riqueza mundial, 46% (a maior parte) está nas mãos dos 20% mais ricos do planeta. Os 80% restantes da população mundial têm apenas 5,5% da riqueza mundial: 3, 851 dólares em média por adulto, equivalentes a 1/700 da riqueza média do 1% mais rico.
Em 2013, a Oxfam denunciou que as 85 pessoas mais ricas do planeta tinham a mesma riqueza que a metade mais pobre da população mundial (3.500 milhões de pessoas). A concentração da riqueza tem sido impressionante: em 2010, as 388 pessoas mais ricas tinham a mesma riqueza que a metade mais pobre, em 2013 eram 85 e em 2014 são apenas 80. A fortuna dessas 80 pessoas duplicou entre 2009 e 2014.
Sete pontos para lutar contra a desigualdade
Participação na riqueza mundial do 1% mais rico e dos 99% mais pobres da população, respetivamente; as linhas descontínuas refletem as previsões baseadas na tendência observada entre 2010 e 2014. Em 2016 o 1% mais rico possuirá mais de 50% da riqueza mundial total – Gráfico da Oxfam
A Oxfam faz também um apelo aos governos para que adotem um plano de sete pontos para lutar contra a desigualdade:
- Travar a fraude e a evasão fiscal por parte das grandes empresas e dos mais ricos;
- Investir em serviços públicos gratuitos e universais, como a educação e a saúde;
- Distribuir o esforço fiscal de forma justa e equitativa, transferindo a carga tributária do trabalho e do consumo para o património, o capital e os rendimentos;
- Fixar um salário mínimo para que todos os trabalhadores alcancem um nível de vida digno;
- Alcançar a igualdade salarial e promover políticas económicas a favor das mulheres;
- Garantir sistemas de proteção social adequados para as pessoas mais pobres, inclusive um sistema de garantia de rendimento mínimo;
- Fazer da luta contra a desigualdade um objetivo internacional.
Mais de um terço dos multimilionários herdaram grande parte ou toda a sua fortuna
Segundo a ONG, o relatório salienta como a riqueza extrema se transmite de geração em geração - mais de um terço dos 1.645 multimilionários incluídos na lista Forbes herdaram grande parte ou toda a sua fortuna - e como as elites dedicam grandes esforços e recursos para que os padrões globais sejam estabelecidos a seu favor.
A Oxfam denuncia que 20% dos multimilionários tem interesses nos setores financeiros e dos seguros e que, em 2013, estes setores gastaram 550 milhões de dólares para financiar “exércitos de lobistas” para influenciar as políticas decididas em Washington e Bruxelas. Nas eleições de 2012 nos EUA, o setor financeiro contribuiu com 571 milhões de dólares para as campanhas eleitorais.
A organização internacional denuncia também que a riqueza dos multimilionários com interesses nos setores farmacêutico e da saúde cresceu 47% e que, em 2013, eles destinaram mais de 500 milhões a financiar “exércitos de lobistas” para influenciar as políticas decididas em Washington e Bruxelas.
Esquerda.net

domingo, janeiro 11, 2015

Bloco lança campanha contra a austeridade

Catarina Martins anunciou este sábado que, entre janeiro e março, o Bloco estará nas ruas com propostas concretas sobre a vida das pessoas. A iniciativa conta com a apresentação de uma petição a favor da desvinculação de Portugal do Tratado Orçamental. A proposta será alargada “a todos e todas os que entendem que Portugal tem direito à sua autodeterminação”, referiu a porta voz bloquista.
Foto de Paulete Matos.
"Até ao final de março, o Bloco de Esquerda vai estar na rua com iniciativas diversificadas e imaginação, como sempre fez. Nestes três meses teremos ações em todo o país, estando previstos dois grandes comícios em Lisboa e no Porto", avançou Catarina Martins numa conferência de imprensa que teve lugar no final da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda.
Segundo esclareceu a dirigente bloquista, o Bloco apresentará “propostas alternativas à austeridade que fazem a diferença na vida das pessoas”, como, por exemplo, o acesso à água e à luz, a recuperação de salários, a defesa do emprego, a defesa dos serviços públicos.
"As propostas contra a austeridade serão apresentadas em todo o país, numa campanha nacional que procurará chamar pessoas de outras forças, de vários movimentos, para debaterem connosco em cada local ou em cada setor”, referiu.
A campanha incluirá ainda a apresentação de uma petição a favor da desvinculação de Portugal do Tratado Orçamental da União Europeia, proposta que os bloquistas alargam a "todos e todas os que entendem que Portugal tem direito à sua autodeterminação e deve poder escolher, não aceitando que o país esteja obrigado a um tratado que exige que a cada ano que passa sejam cortados mais de seis mil milhões de euros no Orçamento do Estado".
"Rejeitamos todas as chantagens para que Portugal não possa escolher"
Durante a sua intervenção, Catarina Martins denunciou a “tentativa de menorizar o ano em que vivemos”, lembrando, contudo, que será em 2015 que “chegará ao fim um governo de direita que não tem apoio social nem político” e que é “o ano em que os portugueses são chamados a escolher nas urnas um novo governo”. A porta voz do Bloco acusou ainda Cavaco Silva de tentar condicionar as eleições legislativas.
"Ouvimos o Presidente da República tentar condicionar o ato eleitoral, forçando um entendimento que não permite escolha, como se a divergência na democracia não fosse a escolha mas um risco. O pior risco para a democracia seria se o futuro estivesse escrito, só que não está", afirmou, frisando que o Bloco não aceita que Cavaco Silva "pretenda condicionar esta liberdade de escolher o futuro em Portugal".
"Rejeitamos todas as chantagens para que Portugal não possa escolher", adiantou, afirmando-se otimista sobre não só a vitória do Syriza na Grécia como a possibilidade de mudanças importantes políticas a acontecer este ano em países como Espanha e Irlanda.
“Recusamos a indústria do medo na Europa”
No início da conferência de imprensa, Catarina Martins afirmou novamente o repúdio do Bloco face “ao ataque ao Charlie Hebdo, à liberdade de expressão e a todas as liberdades” mas também perante “a perseguição aos muçulmanos e aos imigrantes ou outro tipo de violência que mais não é do que a mesma de um terror que se passou em Charlie Hebdo”.
“A Europa só pode responder a este crime afirmando-se como um espaço de liberdade, de pluralidade, de respeito pelos direitos humanos e afirmando-se assim dentro de fronteiras e na sua relação com o resto do mundo”, defendeu.
A dirigente bloquista afirmou-se ainda contra “as intenções anunciadas do Conselho Europeu de intensificar as políticas securitárias, as políticas de perseguição a imigrantes que têm vindo a causar mais ódio e mais violência”.
“É preciso parar com esta espiral e só se pára com liberdade, com direitos humanos e com uma postura clara de Europa enquanto espaço de liberdade”, vincou.
Esquerda.net

Merkel e troika exercem uma "chantagem inadmissível" para tentar evitar vitória do Syriza

Durante a sessão “Grécia – viragem na Europa?”, que teve lugar este sábado em Lisboa, Catarina Martins frisou que “à chantagem responde-se com a solidariedade”. “Vemos o medo a mudar de lugar. A Grécia pode dar um exemplo de que há uma saída para a crise", defendeu a porta voz do Bloco.
Foto de Paulete Matos.
"Esta é uma sessão de solidariedade com o povo grego e com o Syriza. Porque num momento em que há a possibilidade de a Grécia ter um Governo para acabar com a austeridade e para reestruturar a dívida soberana, representando o princípio do fim de toda a austeridade para a Grécia mas também para a Europa, temos assistido a toda a chantagem, desde a chanceler alemã, Angela Merkel, ao Fundo Monetário Internacional [FMI], até à Comissão Europeia e ao primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho", avançou a dirigente bloquista.
Catarina Martins lembrou que “na Europa já tivemos partidos a chegar ao Governo muito próximos da xenofobia, governos como o da Hungria que limitaram a liberdade de expressão e de imprensa, mas Angela Merkel e a Comissão Europeia estiveram então calados. E agora quando um povo diz que pode escolher acabar com a austeridade, querem fazer toda essa chantagem”.
“Vemos o medo a mudar de lugar. A Grécia pode dar um exemplo de que há uma saída para a crise", afirmou a porta voz do Bloco, sublinhando que “à chantagem responde-se com a solidariedade”.
Também o líder parlamentar do Bloco denunciou a existência de "poderes obscuros na Europa".
"Na Grécia há um povo que quer votar em liberdade no próximo dia 25 e os grandes da Europa estão assustados. Mas Angela Merkel não manda na Grécia, Angela Merkel não vota na Grécia, o FMI não vota na Grécia, o Banco Central não vota na Grécia e a Comissão Europeia não vota na Grécia", adiantou Pedro Filipe Soares.
O dirigente bloquista que espera que, no próximo dia 25, "a austeridade fique à porta da Europa" e que a Grécia "seja um farol de esperança para Portugal".
Ambos os representantes do Bloco repudiaram os atentados ocorridos em França esta semana, criticando, por outro lado, as posições da extrema-direita francesa no que respeita à resposta a adotar.
"Seria a vitória do terror, caso se seguissem políticas de fechamento, de censura e de perseguição", afirmou Catarina Martins.
Na iniciativa de solidariedade para com o povo grego e com o Syriza, participaram ainda José Neves, Alfredo Barroso e o jornalista do diário do Syriza, Argiris Panagopoulos.
Esquerda.net

quinta-feira, janeiro 08, 2015

O tributo mais bonito que vi aos colegas franceses. ‪#‎JeSuisCharlie‬. http://t.co/8hXbERUaez

sábado, janeiro 03, 2015

Grécia: "A vitória do Syriza servirá como locomotiva para a esquerda radical na Europa"

O professor de filosofia política e membro do Comité Central do Syriza Stathis Kouvélakis, que afirma acreditar que o partido liderado por Alexis Tsipras vencerá as eleições de forma contundente, defendeu que o velho sistema político bipartidário "entrou em colapso”.
Numa entrevista conduzida por Mathieu Dejean, para o Les Inrocks, Stathis Kouvélakis frisou que, “para muitas pessoas, as eleições de 25 de janeiro terão uma dimensão continental”.
Segundo o professor de filosofia política, se as formações da esquerda radical europeia forem conquistando vitórias nacionais, poderá ter lugar uma mudança gradual na Europa.
“Esta é a aposta do Syriza!”, frisou Kouvélakis, sublinhando que o seu partido é “profundamente internacionalista, desenvolvendo laços estreitos com as forças políticas da esquerda radical, mas também com os movimentos sociais”.
“Estamos conscientes de que a vitória do Syriza servirá como locomotiva para a esquerda radical e os movimentos sociais na Europa, essa é a nossa razão de ser”, avançou.
O velho sistema político bipartidário entrou em colapso
Durante a entrevista, Kouvélakis defendeu que o crescimento do Syriza se deve a três fatores.
Por um lado, a violência da crise económica e social na Grécia e a sua evolução perante as políticas austeritárias impostas a partir de 2010, através do famoso memorando de entendimento firmado com a troika.
Como segundo fator, o professor de filosofia política apontou o facto de a crise económica e social, à semelhança do que acontece em Espanha, se ter transformado em mais uma crise política, sendo que o velho sistema político bipartidário "entrou em colapso”.
Para Kouvélakis, a ascensão do Syriza deve-se ainda à “mobilização popular”. “Não é por acaso que os dois países na Europa onde a esquerda radical está a registar um impulso são a Grécia e Espanha, ou seja, os países que registaram as maiores mobilizações populares durante os períodos recentes: em Espanha, o movimento Occupy, e, na Grécia, um movimento mais profundo e prolongado”, avançou o filósofo e dirigente político grego.
“O Syriza tem uma cultura unitária, uma abertura aos movimentos sociais, está em sintonia com as mudanças sociais e as novas experiências que surgem, o que não é o caso do Partido Comunista, que permaneceu fora dessa dinâmica”, acrescentou.
Kouvélakis acredita numa vitória contundente do Syriza
Stathis Kouvélakis afirmou acreditar numa vitória contundente do Syriza, lembrando que as sondagens lhe conferem 35% dos votos e que o sistema eleitoral grego atribui cinquenta lugares extra ao partido mais votado.
Por outro lado, o professor de filosofia referiu que o eleitorado grego poderá aperceber-se das inúmeras pressões a que o Syriza está sujeito, dando-lhe uma maioria clara por forma a garantir que o partido liderado por Alexis Tsipras possa cumprir o seu programa sem fazer qualquer tipo de concessões para formar uma maioria.
Acusando a Nova Democracia de não ter outro argumento que não a retórica do medo, Kouvélakis sublinhou que, caso o Syriza não ganhe as eleições, “a perspetiva iminente para o país será muito reacionária e autoritária”. O perigo do peso do Aurora Dourada neste contexto também foi mencionado pelo filósofo.
As prioridades do Syriza
Sobre as prioridades do Syriza, Kouvélakis salientou a necessidade de renegociar a dívida e reverter as medidas de austeridade.
 A resposta imediata à emergência social que se vive no país, o que implica a implementação de medidas como garantir o fornecimento de eletricidade a todas as famílias e refeições para todos os alunos nas cantinas, e assegurar o acesso ao sistema de Saúde, que exclui atualmente cerca de três milhões de gregos, faz parte dos planos do Syriza.
Também o aumento do salário mínimo, e a recuperação dos acordos coletivos e da legislação social existentes até 2010, são apontados por Kouvélakis como cruciais.
Para relançar é economia e lidar com o desemprego massivo é necessário investimento público, segundo defendeu o filósofo grego, que aposta uma recuperação “orientada para as necessidades sociais e ambientais”.
Esquerda.net

Bloco acusa Cavaco de alinhar com as políticas do Governo e de blindar o Tratado Orçamental

“É preciso uma mudança na vida nacional e essa mudança não passa por Cavaco Silva nem pela atual maioria”, referiu o dirigente bloquista Luís Fazenda, em reação ao discurso de Ano Novo do presidente da República.
Foto de Mário Cruz, Lusa.
“A mensagem de Ano Novo do presidente Cavaco Silva é uma mensagem política completamente alinhada com o governo de Pedro Passos Coelho e de Paulo Portas”, afirmou Luís Fazenda em declarações à agência Lusa.
Segundo o deputado do Bloco, “há uma cumplicidade fundamental nas políticas que estão a levar a cabo - de austeridade e de agravamento da pobreza – e o Presidente da República, no seu último ano de mandato, quer salvaguardar a continuidade dessas políticas, e por isso blinda o Tratado Orçamental (TO)”.
Criticando Cavaco Silva por defender que o TO não pode ser alterado, Luís Fazenda salientou que, neste ano, “vários países centrais da União Europeia não vão cumprir o Tratado Orçamental”. “Nessa medida, é preciso alterar esta política, é preciso uma mudança na vida nacional e essa mudança não passa pelo presidente da República nem pela atual maioria”, defendeu.
“É preciso mudar de política e é preciso mudar de protagonistas”, reforçou o dirigente bloquista.
Na sua mensagem de Ano Novo, Cavaco Silva assinalou 2015 como "um ano de escolhas decisivas", exortando os partidos a terem cuidado com as promessas eleitorais, na medida em que os problemas do país não se resolvem "num clima de facilidade".
O presidente da República voltou ainda a advertir para a necessidade de se evitarem "crispações e conflitos artificiais que têm afetado a confiança dos cidadãos" nas instituições e, em particular, na classe política.
O tempo depois das eleições será marcado por "exigências de compromisso e diálogo" e esse espírito de abertura não poderá ser prejudicado "por excessos cometidos na luta política que antecede o sufrágio", alertou o chefe de Estado.
Esquerda.net

quinta-feira, janeiro 01, 2015

Manifestação de Milionários exige antecipação da entrada no novo ano de 2015

Um conjunto de milionários organizou uma concentração em Aveiro para agradecer ao Governo de Passos Coelho e Paulo Portas. Nesta manifestação ouviram-se algumas opiniões de milionários que exigiam a antecipação do ano de 2015, porque aí terão mais benefícios nos impostos. Lembraram que “se 2014 já foi um bom ano para os milionários, com este Governo 2015 só promete ser melhor. As nossas fortunas pagarão menos impostos, as nossas empresas pagarão menos IRC e os nossos fundos imobiliários continuarão a ter isenções. Este é um bom Governo para os milionários”.
Quando lhes perguntaram se não se preocupavam pelo aumento da desigualdade no país, a resposta dos milionários foi clara: “é fácil em Portugal não pagar impostos, basta ser milionário. Este é um país para ricos. Os pobres têm de se habituar, aguentem”.
Entre as palavras de ordem com que brindavam a população, podia-se registar “2015 já, menos impostos para os ricos já”, “Passos e Portas a mandar, para as nossas fortunas aumentar” e ainda “Viva o Governo das privatizações, assim ganhamos mais milhões”.
O BE, que ironizou com esta sátira, disse que este Governo só pode mesmo ser apoiado pelos milionários, porque são eles os beneficiários destas políticas. Pedro Filipe Soares afirmou que “só mesmo um genuíno sentido de gratidão dos milionários os fez sair neste dia frio de Inverno. Quando Pedro Passos Coelho afirmou que em 2015 teremos o dissipar das nuvens negras, os únicos que saíram à rua a festejar foram os milionários, agradecendo o Orçamento de Estado para 2015 e a descida de IRC.”
O BE lembrou o aumento das desigualdades e como os impostos aumentaram brutalmente para quem trabalha desde o início do mandato deste Governo. Em 2015, a receita de IRS será superior em mais de 30% à receita deste imposto em 2011. O Orçamento de Estado para 2015 agrava as desigualdades e beneficia quem já é mais favorecido atualmente: os ricos.
Pedro Filipe Soares recordou que “o BE propôs a criação de um imposto sobre as fortunas, exigindo o fim da fuga aos impostos de quem mais tem. É possível um política mais justa, que defenda as pessoas e que ataque os privilégios”.
Mais fotografias em anexo.
AnexoTamanho
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