“Não há qualquer estabilidade no caminho para o precipício”
A coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina
Martins defendeu, este sábado, que “a responsabilidade do presidente da
República era ter vetado um orçamento que é o orçamento do precipício
económico e social do país” e que “toda a instabilidade está no
governo": um “governo à deriva” que “não tem nenhuma resposta para os
problemas concretos da população”.
Foto de Paulete Matos.
“Cavaco Silva diz uma coisa e depois diz o seu contrário. O presidente da República diz que a Constituição não está suspensa e tem toda a razão, mas isso exige dos responsáveis políticos, e, nomeadamente, daquele que tem de ser o garante da Constituição em Portugal, que é o presidente da República, um comportamento consequente”, defendeu.
“Tivemos, no ano passado, um orçamento inconstitucional e o Sr. presidente da República optou, este ano, por promulgar, em vez de enviar para fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional, um novo orçamento também ele com normas que todos consideram que serão, muito provavelmente, inconstitucionais”, lembrou a dirigente bloquista.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, “quando temos um governo que está em completo descrédito, em que ninguém tem confiança, e quando se percebe que os resultados são sistematicamente negativos e que não há nenhum horizonte à vista com este governo que não o precipício, o que se exige do presidente da República, como se exige de toda a gente, não é só que diga que este governo vai mal”. “Exige-se responsabilidade", avançou, sublinhando que, neste caso, “a responsabilidade do presidente da República era ter vetado um orçamento que é o orçamento do precipício económico e social do país”.
Toda a instabilidade está no governo
Reagindo às declarações de Cavaco Silva, que, durante a sua entrevista ao jornal Expresso, defendeu que o país precisa de estabilidade, Catarina Martins frisou que “a manutenção da estabilidade de um país não se mede pela manutenção de um governo que é incapaz e que afunda o país”.
“Não há qualquer estabilidade no caminho para o precipício. Não há nenhuma estabilidade num regime de direito democrático quando um governo não cumpre a Constituição e até parece considerar a Constituição um entrave, tentando pressionar as decisões do Tribunal Constitucional”, salientou.
Na realidade, e segundo a deputada do Bloco, “toda a instabilidade está no governo: um governo à deriva, que não sabe para onde vai, que não tem nenhuma resposta para os problemas concretos da população e que afunda o país numa crise económica e social”.
“A responsabilidade da democracia é deixar que o povo escolha e que supere as dificuldades da governação com o voto, quando assim é necessário”, advogou.
Estamos no momento de escolher lados
Sobre as declarações do presidente da República relativamente à privatização da RTP, Catarina Martins voltou a realçar as contradições de Cavaco Silva.
“O discurso de que vivemos num momento em que não nos é possível cumprir aquelas que são as obrigações do Estado é um discurso muito perigoso”, alertou a coordenadora do Bloco de Esquerda, salientando que, "mais uma vez, o Sr. presidente da República diz uma coisa e depois diz o seu contrário, porque se diz que a RTP não pode ser privatizada, não diz, por outro lado, que vetará qualquer tentativa de privatizar a televisão pública”.
Cavaco Silva diz ainda “que preferia que a TAP não fosse privatizada mas depois diz que a situação não o permite”. “Temos que nos entender”, frisou Catrina Martins.
“Estamos no momento de escolher lados, e os lados neste momento são simples: quem está do lado do governo, da inevitabilidade e da resignação e de deixar afundar o país, ou quem está do lado das pessoas e quer construir uma verdadeira alternativa”, rematou.
Esquerda.net
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