O coordenador nacional do Bloco, João Semedo,
afirmou este sábado que “todos os recursos financeiros do Estado servem
para pagar juros exorbitantes” lembrando que os contribuintes
portugueses foram confrontados com um aumento médio de 42% no IRS para
custear os mais de 1032 milhões de euros em juros à troika.
Foto de Paulete Matos.
“Em 2013, no início do ano, o governo aprovou o maior aumento da carga
fiscal dos últimos 40 anos em Portugal”, referiu o líder bloquista,
lembrando que nos foi dito que o acréscimo de impostos, a par do corte
dos salários e das pensões, servia para reduzir a dívida do Estado, para
pôr as contas públicas em dia, financiar a proteção social e apoiar o
crescimento económico.
“Hoje podemos perguntar se o aumento dos impostos serviu para alguma destas finalidades”, frisou João Semedo.
“Anteontem ficámos a saber que, com o aumento brutal de impostos, a
receita fiscal do Estado aumentou 1357 milhões de euros, sendo que o IRS
aumentou mais do que qualquer outro imposto”, adiantou o deputado do
Bloco.
Contudo, prosseguiu, “estes mais de 1300 milhões de euros não serviram
para diminuir a dívida, que continuou a crescer ao ritmo de 2 mil
milhões de euros por mês, nem para equilibrar as contas públicas, já que
o défice continua descontrolado e está muito acima do que estava
previsto e nos foi prometido, nem para ajudar aqueles que precisam de
protecção social, já que todos os subsídios do Estado diminuíram, e nem
para apoiar o crescimento económico - o país continua em recessão e o
investimento está ao nível do que estava em 1993”.
“Porque é que cada contribuinte foi então confrontado com um aumento
médio de 42% no IRS comparativamente com 2012?”, questionou o
coordenador nacional do Bloco.
“Todos os recursos financeiros do Estado servem para pagar juros
exorbitantes e para pagar uma dívida que a nossa economia não está em
condições de pagar”, retorquiu João Semedo, lembrando que, ao mesmo
tempo que Portugal arrecadou mais 1357 milhões de euros em receita
fiscal face ao mesmo período do ano passado, também pagou, nesta
primeira metade do ano, mais de 1032 milhões de euros em juros à troika,
o equivalente a um aumento de 95% comparativamente a 2012.
Por cada 10 euros de impostos a mais que os contribuintes estão a pagar
este ano, mais de sete são utilizados para pagar os juros à troika.
Além dos 1032 milhões em juros, Portugal pagou ainda até julho mais 31
milhões de euros à troika a título de comissões.
Para o dirigente do Bloco, “é preciso acabar com esta austeridade para
libertar a economia. E é preciso libertar o país desta dívida”. “Podemos
fazer em Portugal o que outros Estados e outros países fizeram. Se nós
não temos condições de pagar esta dívida nos termos em que nos querem
impor, nós temos de bater o pé aos credores e dizer que não temos
condições de a pagar”, defendeu.
“No dia 29 de setembro temos a possibilidade de mudar o rumo político do país”
Durante a iniciativa que teve lugar na Zambujeira do Mar, e que contou
também com a participação da candidata à Câmara de Odemira, Ana
Loureiro, do candidato à União de Freguesias de São Teotónio, João
Batista, e da eurodeputada Alda Sousa, João Semedo salientou que “nas
próximas eleições autárquicas não vamos apenas escolher quem queremos
ver à frente da Câmara ou da nossa freguesia. Vamos ter a possibilidade
de dizer que não queremos mais esta política”.
“Cada voto no PSD e CDS não vai apenas servir para eleger os seus
candidatos. Esses votos vão ser utilizados para defender, para
sustentar, para apoiar, para insistir na política de austeridade,
recessão e de desemprego”, alertou o dirigente do Bloco, sublinhando que
“no dia 29 de setembro temos a possibilidade de mudar o rumo político
do país”.
Austeridade é incompatível com a democracia
A eurodeputada do Bloco Alda Sousa afirmou, referindo-se à crise
governativa vivida em julho, que "as eleições antecipadas, que seriam a
única hipótese aceitável, não tiveram lugar apenas porque Cavaco não o
entendeu, mas porque em tempos de troika a democracia é esmagada".
“A austeridade tenderá a justificar-se a si própria e a eternizar-se”,
alertou Alda Sousa, defendendo que “é preciso juntar os povos em torno
de uma outra Europa”.
Esquerda.net