O insuportável peso do ajuste financeiro |
Apresentando-se
com um programa eleitoral em que o combate ao défice e à dívida
surgiam como objetivos centrais, o PSD e o CDS/PP enganaram os seus
eleitores e o país. Artigo de José Castro Em Outubro último, de acordo com dados oficiais, a dívida direta do Estado atingiu os 193.507 milhões de euros. Isto significa que nos últimos 16 meses o crescimento da dívida foi superior a 20.000 milhões de euros, mais de 1,3 mil milhões por mês, mais de 40 milhões por dia. O aumento mensal do valor da dívida é agora muito superior ao registado anteriormente. Entre 2007 e 2009 o crescimento da dívida pública foi de quase 20.000 milhões de euros, cerca de 831 milhões por mês ou 27 milhões de euros por dia. Em Portugal, tal como em todos os países da zona euro, é entre 2007 e 2009 que ocorre o grande salto das dívidas soberanas. Aqui ao lado, na Espanha, a dívida pública passou de menos de 40% do PIB em 2007 para quase 60% em 2009.E a média na zona euro pulou de 66% do PIB em 2007 para mais de 78% em 2009. O que aconteceu de tão extraordinário entre 2007 e 2009 foi justamente a bancarrota em 2008 do sistema financeiro e a cobertura pelos Estados dos brutais prejuízos nos ativos dos bancos. Para além do enorme sofrimento social, de que os 39% de desempregados jovens ou os cortes nos salários e nas pensões são expressão, a austeridade está a devastar o sistema produtivo e a empobrecer o país. Nestas condições, são absolutamente insuportáveis os montantes de amortizações de dívida pública previstos pelo IGCP (Boletim mensal de Novembro de 2012): entre 2013 e 2016 serão mais de 58 mil milhões de euros, entre 2017 e 2020 mais 50 mil milhões e no ano de 2021 mais de 20 mil milhões. Nos próximos 9 anos serão cerca de 130 mil milhões de euros a amortizar, referentes ao chamado programa de assistência financeira e outra dívida de médio e longo prazo… Quando num país a dívida cresce anualmente mais de 15% e se destrói a sua capacidade produtiva (fazendo com que o PIB diminua todos os anos), percebe-se que a austeridade não é para combater o défice e a dívida. Não há incompetência do governo, há sim uma escolha política do PSD e CDS/PP para baixar os salários e desmantelar todo o sistema de proteção social. Nos próximos doze meses, as necessidades de financiamento para amortizar a dívida (incluindo juros) serão de quase 29 mil milhões de euros. Para satisfazer a ganância dos especuladores financeiros, o governo PSD/CDS-PP deitará mão a tudo que puder: emissão de novos títulos de dívida (Bilhetes e Obrigações do Tesouro), mais despedimentos, mais cortes nas prestações sociais, mais saque fiscal. Os trabalhadores, os pensionistas, as esquerdas são todos convocados para combater o plano que está em marcha de destruição do país e da democracia. A Comuna |
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