Aumento da carga fiscal não cobre juros da troika
Entre janeiro e novembro o Estado cobrou mais
2.666 milhões em impostos do que no mesmo período de 2012. Mas só em
juros pagos à troika já saíram do país 2.770 milhões de euros.
Nem todos os
descontos no IRS pago em 2013 chegaram para pagar só a parte dos juros e
comissões do empréstimo da troika. Foto Paulete Matos
A Síntese da Execução Orçamental
da Direção-Geral do Orçamento (DGO) faz as contas aos juros e comissões
pagas pelo empréstimo de 78 mil milhões previsto no memorando assinado
em 2011 por PSD, CDS e PS. Desde o início de 2012 até novembro deste
ano, o país pagou 2.700 milhões em juros e mais 175 milhões em
comissões, assinala a DGO. Só este ano foram pagos 224 milhões de euros
ao FMI, acrescidos de 24 milhões a título de comissões.
Somando estes juros e comissões pagas à troika, desde o início do
memorando foram subtraídos 2.945 milhões de euros à economia nacional
por estes credores oficiais. E até o valor inicial do empréstimo - os 78
mil milhões anunciados em 2011 - pode sofrer alterações, já que a parte
do FMI é calculada em Direitos de Saque Especiais, uma “moeda” criada a
partir das cotações de um conjunto de divisas. Em resultado disso, o
valor do empréstimo inicial já subiu um milhão e meio de euros desde a
assinatura do memorando.
O total de juros e comissões a pagar à troika foi avaliado pelo
ex-ministro Vítor Gaspar em 34,4 mil milhões de euros, o que quer dizer
que nem um décimo do valor foi ainda pago.
Aumento das receitas fiscais: a diferença está no IRS
Nesta Síntese de Execução Orçamental, a DGO apresenta também as
receitas fiscais de janeiro a novembro. Em números globais, a receita
fiscal aumentou 2.666 milhões de euros, uma subida de 9,2% comparando
com o mesmo período em 2012. Mas decompondo as receitas pelos vários
impostos, verifica-se que o aumento do IRS rendeu aos cofres do Estado
mais 2.508 milhões de euros, ou seja, é responsável quase sozinho pelo
aumento das receitas fiscais.
A disparidade nas receitas dos impostos diretos é evidente nas contas
de 2013: o aumento do bolo fiscal arrecadado no IRS mais do que
triplicou o do IRC - as subidas foram de 30,9% e 9,2%, respetivamente.
Até novembro, o IRS cobrado foi de 10.612 milhões e o IRC de 3.780
milhões.
No que respeita à cobrança de IVA - o imposto responsável pela maior
receita fiscal em Portugal - os números pouco variaram no último ano. As
contas até novembro apontam para 1,4% de aumento desta receita,
responsável pela entrada de 12.063 milhões nos cofres do Estado. Em
quebra de receita está o ISP, que regista menos 2% do que nos primeiros
onze meses de 2012. A taxação dos combustíveis e produtos petrolíferos
continua a ser o segundo maior imposto indireto, tendo recolhido 1.927
milhões de euros até novembro.
Esquerda.net
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