Câmara
Municipal de Portimão – reunião de 20 de Dezembro de 2013
Declaração de voto do Vereador João Vasconcelos, do
Bloco de Esquerda
Proposta
de Deliberação nº 799/13
Assunto: Discussão e
votação do Orçamento do Município de Portimão para o Ano Financeiro 2014 e
GOP’S – Grandes Opções do Plano 2014/2016
Um dos aspetos que está a marcar de forma negativa o início
desta nova gestão PS/PSD em Portimão prende-se com o acesso da documentação aos
vereadores da oposição com muito pouco tempo de antecedência. Os documentos do
Orçamento e das GOP’S para 2014 foram entregues apenas com cerca de 48 horas de
antecedência e há outros que estão disponíveis com muitas poucas horas antes
das sessões, o que não permite fazer uma análise com alguma profundidade devido
à falta de tempo. É de reconhecer que a Câmara tem falta de pessoal em alguns
serviços e que os técnicos estão a dar o seu melhor, no entanto é possível
melhorar o funcionamento desses mesmos serviços, nomeadamente no que concerne à
disponibilização da documentação de forma atempada e até em formato digital.
Olhando para o Orçamento para o ano de 2014, atinge o mesmo o
montante de 184 milhões de euros, mas só de compromissos assumidos são 145
milhões. E o suporte principal do Orçamento é o PAEL e o plano de reequilíbrio
financeiro no valor de 133 milhões – que ainda nem foram aprovados pelo
Tribunal de Contas. Vamos ter assim um passivo financeiro de 133 milhões de
euros e só a banca vai “engolir” em 2014 a soma de 14 milhões – uma verdadeira
tragédia para Portimão. Os contratos firmados com a banca comercial a 6 e 7%
representam um autêntico negócio da China para os bancos, quando se financiam
junto do BCE a menos de 1%. Mesmo o PAEL a juros de 3,22% a pagar ao Estado não
é nenhuma pechincha. Os munícipes portimonenses, além de estarem sujeitos aos
ditames de um troika externa, irão sofrer as agruras de uma troika interna por
um período de 20 anos!
O Relatório do Orçamento apresenta-se demasiado pobre e não
permite uma leitura fácil, não havendo dados comparativos em algumas áreas
relativamente a 2013. É difícil descortinar o reforço da ação social, embora
seja de considerar as palavras da Srª Presidente de Câmara de que esse reforço
irá ser uma realidade (os dados não aparecem muito explícitos). Se atentarmos
nas Funções Sociais das GOP’S existe mesmo uma diminuição, passando de 25,23%
(39.916 milhões) em 2013, para 23,56% (35.262 milhões) para 2014, enquanto em
2012 atingiram 35%. Dentro das Funções Sociais a Ação Social desce de 1,25%
(1.972.853) para 1,23% (1.848.600) e a Habitação desce de 0,87% (1.373.207)
para 0,81% (1.209.100). São valores verdadeiramente irrisórios e em tempos de
agravamento da crise económica e social, por força da imposição brutal da
austeridade pelo governo PSD/CDS às ordens da troika, tanto a ação social como
a habitação social deviam ser reforçadas substancialmente.
Um outro aspeto que o Bloco de Esquerda não concorda tem a
ver com a continuação da transferência de milhões em subsídios para as empresas
municipais, principalmente para a Portimão Urbis - vamos ter um valor acumulado
de 58 milhões e só em transferências de capital serão 9 milhões. De acordo com
a lei, a Câmara Municipal será obrigada a realizar uma transferência financeira
para a Portimão Urbis no montante de 3.378.586.55€, no mês seguinte à prestação
de contas para equilíbrio das contas. As empresas municipais para subsistirem,
terão que ter capacidade financeira de auto-sustentação, caso contrário
funcionarão apenas para os municípios ultrapassarem os seus limites de
endividamento e contribuirão, fortemente, para a ruína desses mesmos municípios
– foi o que aconteceu, no passado, ainda muito recente com a Portimão Urbis.
Pelos considerandos acima expostos e por uma questão de
coerência de acordo com as posições que o Bloco de Esquerda tem tomado nos
órgãos autárquicos, o Vereador desta força política vota contra o Orçamento
para 2014 e as Grandes Opções do Plano 2014-1016.
O Vereador do Bloco de Esquerda
João Vasconcelos
Observação: O Orçamento e as Grandes Opções do
Plano foram aprovados pelo Executivo da Câmara Municipal por maioria, com 4
votos a favor (3 PS e 1 PSD), 2 votos contra (BE e CDU) e 1 abstenção
(CDS/Servir Portimão). Como diz o ditado popular “pela boca morre o peixe”.
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