domingo, julho 25, 2010

"Bancos portugueses estão fortes porque não pagam impostos”

"Os testes de stress realizados à banca demonstram que o sistema financeiro está a mandar no sistema político", avaliou Francisco Louçã, esta sexta-feira, perante cerca de 120 pessoas no primeiro comício do Bloco de Esquerda na Praia da Barra, Ílhavo.
"Os testes de stress realizados à banca demonstram que o sistema financeiro está a mandar no sistema político", avaliou Francisco Louçã, esta sexta-feira, perante cerca de 120 pessoas no primeiro comício do Bloco de Esquerda na Praia da Barra, Ílhavo.
"Para nos tramar PS e PSD estão sempre de acordo", disse o deputado do Bloco Pedro Filipe Soares, eleito por Aveiro, comentando a introdução de portagens nas SCUTs. Foto Paulete Matos
O comício do Bloco em Ílhavo contou também a com as intervenções do deputado Pedro Filipe Soares e da eurodeputada Marisa Matias. Ver fotogaleria do comício.
Durante a sua intervenção, Francisco Louçã abordou os resultados positivos dos quatro bancos portugueses nos testes de stress. "José Sócrates considera que estes resultados mostram a robustez do sistema financeiro e a boa regulação" começou por referir, demonstrando em seguida que estes bancos estão fortes porque não pagam impostos e que a regulação não existiu em muitos dos negócios e fraudes conhecidas do BPP, BCP e BPN.
No ano passado, a banca apenas pagou 5% de imposto quando qualquer outra empresa paga bastante mais. Agora, "PS e PSD acordaram um aumento de IVA em 1% em tudo o que compramos: mercearia, comida, roupa, viagens, tudo. Mas as verbas resultantes desse aumento nos últimos seis meses deste ano equivalem aos 450 milhões de empréstimos que o Estado garantiu ao BPP e que agora tem que pagar. Ainda antes de pagarmos o aumento de impostos, esse aumento já tem destino" destacou Francisco Louçã.
Relativamente ao BCP, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda realçou as inúmeras falhas de supervisão e as indemnizações principescas dos administradores que lesaram o banco.
"Paulo Teixeira Pinto foi um deles, saiu com uma indemnização de 10 milhões e uma reforma anual de 500 mil euros. As entidades reguladoras já nos disseram que esta pessoa é perigosa e que por isso não deve exercer cargos de gestão na banca, mas isso não o impede de escrever a proposta de revisão constitucional agora avançada pelo PSD. Como o compreendemos: a saúde pode muito bem não ser gratuita, no seu caso 10 milhões e 500 mil euros anuais são capazes de resolver o assunto", declarou Louçã.
Francisco Louçã culminou o seu discurso com os exemplos da banca que não paga impostos e que é salva pelo Estado com o caso BPN onde garante que cada família portuguesa já gastou 2 mil euros. "Os bancos portugueses estão fortes porque não pagam impostos, e essa força é a fraqueza do país" defendeu, ironizando que o único stress e resistência “é o das nossas vidas” que tem de pagar esses impostos com o que ganhamos no trabalho, com a precariedade, com o desemprego.
"Não podemos aceitar um sistema financeiro que não pague impostos e que prejudique a economia do país, precisamos de uma democracia que não seja subordinada e o sistema dos impostos tem de ser justo", concluiu.
"Basta de dizer que vivemos acima das possibilidades"
O comício foi aberto por Pedro Filipe Soares, o primeiro deputado do Bloco de Esquerda a ser eleito pelo distrito de Aveiro. O deputado começou por demonstrar como um homem da terra, Américo Amorim, se tornou no homem mais rico de Portugal depois da longa disputa com Belmiro de Azevedo: "bastaram apenas dois anos de privatização da GALP".
Pedro Filipe Soares conclui que "basta de dizer que vivemos acima das possibilidades" quando se fazem ricos à custa do património e das necessidades de todos nós: "depois de terem dado aquilo que era de todos, a GALP, querem agora também privatizar os CTT, a CP, a REN, a ANA, parte da CGD e outras empresas públicas essenciais à nossa vida". O deputado aveirense comentou ainda a introdução de portagens nas SCUTs que irá penalizar ainda mais o distrito e o país: "para nos tramar PS e PSD estão sempre de acordo".
"No dia em que Passos Coelho tiver poder, transformará o direito à saúde em pouco mais que um acto de caridade"
A eurodeputada Marisa Matias fez a defesa do Serviço Nacional de Saúde face ao ataque constitucional que Passos Coelho encetou: "O que representa, afinal, o SNS? Mais de 130 mil consultas, 2300 internamentos e quase 900 cirurgias por dia. Desde a sua criação, o SNS permitiu reduzir a mortalidade infantil a um ponto que colocou Portugal na lista dos dez melhores do mundo. Apesar de todos os remoques e queixas justificadas, os portugueses ganharam anos, literalmente, anos, com o aumento exponencial da esperança de vida."
Para a eurodeputada fica claro que "no dia em que Passos Coelho tiver poder, transformará o direito à saúde em pouco mais que um acto de caridade".
Esquerda.net

1 comentários:

joão silva disse...

Entrem em "imperiobarbaro.blogspot.com" e acompanhem o debate sobre o artigo "A Caricatura (da Realidade)".Passa informação.

João Silva