A loucura não percorreu apenas as ruas de Londres, a que atravessa os mercados da especulação é imensamente mais grave, os incendiários são muitos mais, ateiam muitos mais fogos e provocam imensamente mais prejuízos a muitos milhões de pessoas. Os tumultos de Londres, que condeno absolutamente, parecem “brincadeiras de criança” perante os loucos que dirigem os Estados e a economia da Europa.
Como se não bastasse o criminoso fogo ateado na Grécia pelos financeiros vêm agora a Finlândia, Holanda, Áustria, Eslovénia e Eslováquia exigir acordos bilaterais extraordinários à Grécia para que dê garantias reforçadas de reembolso a estes países pela sua participação no empréstimo.
Claro que a Moody’s não perdeu a oportunidade e avisou de que antecipará a descida do rating grego para o nível de incumprimento caso este país não faça os acordos bilaterais.
Como se a loucura incendiária não bastasse, hoje mesmo, dia 23 de Agosto, segundo notícia da Lusa, a CDU de Angela Merkel veio defender que os países que “beneficiam de financiamentos de resgate do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), deveriam dar as reservas de ouro e as participações estatais no capital social de empresas como garantias para os empréstimos”.
A superação do neoliberalismo clássico pela financeirização do capitalismo está a levar a loucura a níveis nunca antes atingidos. A pressão a que estão a ser submetidos os Estados mais endividados, com particular destaque para a Grécia, é absolutamente criminosa.
Alguns economistas de esquerda tinham apresentado a proposta de um pacto, ou pelo menos de uma acção comum, dos países da periferia da Europa para enfrentar os mercados, as agências de rating e as posições do eixo franco-alemão. Estes novos dados mostram como a brutalidade pode avançar até níveis nunca antes alcançados sem que daí resulte uma palavrinha solidária de outros países em dificuldades. Cada um desses países tenta demonstrar que o seu caso não tem nada a ver com o outro e numa sucessão de casos semelhantes ao dominó, país atrás de país, vai caindo aos pés da chantagem da sua troika.
Por este caminho já faltará pouco até que a Grécia seja expulsa do euro. Na linha das sequências anteriores Irlanda e Portugal seguem na calha.
As dificuldades que estão a ser impostas à população começam a ser visíveis em notícias como a falta de medicamentos para doentes oncológicos. Tal como nos outros países as restrições orçamentais e a retirada de serviços públicos de saúde levarão a uma diminuição da esperança de vida. O século XIX passou a referenciar o projecto burguês europeu, impor a brutalidade é a palavra de ordem.
A população parece acatar passivamente, mas isso pode ser uma ilusão. Ao longo da história do país tem acontecido que de repente acontecem explosões. Façamos por elas – antes que nos incendeiem a vida.
Victor Franco A Comuna |
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