Professores acusam Ministério de lançar o caos nos concursos
"Reina o caos nos concursos a destacamento por ausência da componente lectiva", denunciou a Fenprof no dia em que o ministro Nuno Crato foi ao Parlamento dizer que "naturalmente haverá bastantes professores não contratados e é possível que haja muitos com horário zero".
O ministro Nuno Crato foi à Assembleia dizer que o aumento do número de professores desempregados “é uma situação humanamente preocupante, mas inevitável”. Foto Miguel A. Lopes
A Fenprof já tinha avançado a estimativa de 20 mil professores que podem perder o emprego no início do ano lectivo. E em São Bento, o ministro referiu-se aos contratados que perdem colocação e aos professores dos quadros que ficam sem dar aulas. Para Nuno Crato, esta “é uma situação humanamente preocupante, mas inevitável”. Nas redes sociais está a ser convocada uma manifestação de professores desempregados para o dia 10 de Setembro no Rossio, em Lisboa, com os organizadores a justificarem o protesto pela necessidade de lutar contra "o maior despedimento da história do Ensino".
A Federação Nacional dos Professores classificou esta segunda feira "o caos" nos concursos como "um dos maiores dramas que se vive no momento". Segundo a Fenprof, "há milhares de docentes que, com menos horas, não terão componente lectiva atribuída nos estabelecimentos de ensino em que estiveram colocados neste ano lectivo". As causas prendem-se com o encerramento de escolas, as mudanças curriculares e a redução do crédito de horas das escolas e agrupamentos.
A Fenprof acusa ainda os serviços do Ministério de "inoperância" e "incapacidade para produzir instruções claras e inequívocas", e alerta para "a impossibilidade material de concorrer de milhares de docentes", como os principais motivos da situação confusa que está a ocorrer nas candidaturas dos docentes.
Luís Lobo, do Secretariado Nacional, recordou à agência Lusa que "faltam apenas três dias" para terminar o prazo dos concursos e que muitos professores “não sabem nem conseguem saber, porque os serviços não estão a funcionar, se devem concorrer”.
“Há milhares de professores sem obter uma resposta da DGRHE [Direção-Geral dos Recursos Humanos da Educação], porque os telefones e mails não encontram ninguém do outro lado”, acrescentou o dirigente sindical.
As contradições entre dirigentes dos Recursos Humanos no Ministério, as falhas na plataforma electrónica das candidaturas e as sucessivas prorrogações de prazos para as escolas indicarem docentes são outros motivos apontados pela Fenprof.
Na audição parlamentar desta tarde, o ministro da Educação defendeu ainda o financiamento das escolas privadas num valor “entre os 80 mil e os 85 mil euros” por cada turma que receba alunos que deixam de ter lugar no ensino público. Quando inquirido sobre quanto dinheiro o Estado gasta por aluno no sistema público, Nuno Crato disse desconhecer a resposta. “Gostávamos de saber e gostávamos que custasse menos”, afirmou o ministro.
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