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Crato revelou-se pérfido e ignorante
por
Crato
foi ontem entrevistado pelo jornalista Paulo de Magalhães, na TVI 24. A
má- fé, a perfídia e a ignorância exalaram do que disse. Tivera alguém
informado a possibilidade de o contraditar no momento e o pavão do
“Plano Inclinado” teria sido reduzido à sua circunstância: um espanador
manhoso. Brevemente, fica algum antídoto ao veneno:
1. Crato, se fosse sério, falaria de
“alguns sindicatos”, referindo-se aos que tomaram a iniciativa de
convocar a greve, quando sabe que, entre eles, estão as duas maiores
estruturas sindicais de professores, as quais, em conjunto, representam
mais de 90% dos sindicalizados? Falaria tanto de diálogo e de abertura,
cometendo do mesmo passo a grosseria de dizer que os professores fazem
dos alunos seus reféns? Mostrar-se-ia, ontem, um menino do coro, tal era
a disponibilidade para conversar com os professores, para hoje os
ignorar como destinatários do despacho de lançamento do próximo
ano-lectivo (foram os jornalistas que o disponibilizaram aos
sindicatos)?
2. Crato, ministro de coisa nenhuma,
desconhece que História e Geografia estão no mesmo “saco” no 2º ciclo do
básico. Foi deprimente ouvi-lo dizer que as escolas podem dar mais
tempo a uma ou a outra disciplina, como se houvesse duas.
3. Crato repetiu ad nauseam a expressão
“no limite”. Só no “limite” é que serão enviados professores para a
mobilidade especial, disse. Deu a entender à opinião pública que foi
lançado o alarmismo e que, afinal, tudo ficará em paz excelsa. Ora a
mobilidade especial aplica-se aos professores dos “quadros”. A questão
que passou de fininho, sem pio, é o que acontecerá aos actuais 13.943
contratados. Que “limite” invocaria o espertalhão se a pergunta lhe
tivesse sido feita?
4. Crato, magnânimo, lembrou ter
vinculado 600 professores. Abjecta mentira. Os professores que
concorreram aos QZP só estarão vinculados em Setembro … se arranjarem
vaga numa escola. E tudo prenuncia que não a terão. Hoje estão
contratados. Ontem, Crato disse-os vinculados. Veremos quantos estarão
desempregados em Setembro. E Crato não disse, nem com tal foi
confrontado, que, quando “vinculou” esses 600, … “desvinculou” … 12.000.
Quando Crato chegou tinha 139.837 professores. Hoje são 111.704. Já limpou 28.133.
5. A Crato parece normal enviar um
professor para trabalhar a 200 Km da sua residência, mesmo desconhecendo
o limite territorial das zonas pedagógicas. Crato reconheceu que os
professores já trabalham mais que 40 horas (quando só lhes paga 35).
Crato confessou que deve milhões, que deviam ser pagos como trabalho
extraordinário. Mas não vai pagar. Crato não se incomoda com o tráfico
negreiro da nova era.
6. Crato, ignorante, disse haver
“jurisprudência” sobre serviços mínimos na educação. Não há coisa
nenhuma. Houve decisões de tribunais, há anos, que não fizeram
jurisprudência. Hoje podem ser diferentes. Pelos vistos, 1 milhão, 71
mil 995 euros e 42 cêntimos, que tem por mês para pagar estudos e
pareceres, não chegam para pagar uns trocos a um estagiário de direito,
que lhe explique o que é jurisprudência. Sugiro-lhe que se aconselhe com
o seu ex-patrão, Isaltino Morais, jurista com tempo para lhe explicar a
coisa, actualmente.
Entendamo-nos: se vierem a ser
estabelecidos serviços mínimos (em manifesto atropelo à lei vigente, em
meu entender) e os professores não os cumprirem, que pode acontecer?
Nada! Ou melhor, requisição civil. E aí é que os professores a terão que
cumprir. Mas já Crato, nessa altura, terá engolido a bazófia, porque os
exames, naquela data, não se realizarão.
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