sábado, novembro 30, 2013

«No Tempo das Borboletas» Versão para impressão
Este ano o 25 de Novembro calha na segunda-feira, mas ao longo do fim de semana em Portugal e em todo o mundo vão ocorrer diversas iniciativas para lembrar o Dia Internacional de Luta contra a Violência sobre as Mulheres.
Em 1999, quando li "No Tempo das Borboletas" de Julia Alvarez (Bertrand Editora) estava longe de saber que a história das irmãs Mirabal mortas a 25 de Novembro de 1960 estava na origem do dia que assinala aquilo que é a segunda causa de morte em todo o mundo. Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal assim se chamavam as três jovens activistas dominicanas na luta contra a ditadura de Trujillo. Os seus corpos foram encontrados junto ao seu jipe no fundo de uma escarpa de 45 metros de altura na costa norte da República Dominicana, em resultado de um atentado a mando da ditadura, mas oficialmente, a imprensa afecta ao regime noticiou o facto como um acidente. As irmãs Mirabal eram conhecidas como Las Mariposas – as Borboletas – e mesmo apesar da falsidade que envolveu a sua morte, elas e a sua luta não foram esquecidas e em 1981, durante o I Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, o dia 25 de novembro foi designado como Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, em homenagem a elas. Em Março de 1999 a ONU reconheceu a data que passou a ser comemorada em todo o mundo como Dia Internacional pela Eliminação da Violência sobre a Mulher.
De modo a dar visibilidade ao problema, a pressionar governos e a sociedade em geral para a necessidade de um envolvimento político e de cidadania para combater a violência de género, as feministas e as organizações de defesa dos direitos das mulheres desenvolvem acções centradas na problemática da violência nas suas mais diversas formas entre o dia 25 de Novembro e o dia 10 de Dezembro: são os 16 Dias de Activismo contra a Violência de Género.
A violência mata. A violência não é só agressão física. A violência são as nódoas negras que não se vêem mas que fazem as mulheres sentirem-se lixo. A violência gera depressão, ansiedade, perda de auto-estima. A violência traz malefícios para toda a sociedade: mulheres e homens. A violência é um problema que obriga a um sobressalto social, ao envolvimento cidadão, porque mesmo que não me toque a mim, o facto de saber que toca à minha vizinha, à minha amiga, à minha irmã, toca-me a mim também.
Enquanto houver mulheres batidas, maltratadas, violadas, perseguidas, assassinadas, não podemos assobiar para o lado e fazer de conta que nada acontece.
As mulheres não querem ser vítimas. Querem ser tratadas com seres humanos. Querem ser tratadas com dignidade. Enquanto isso não acontecer, estaremos a lembrar à sociedade que estamos cá para denunciar, para dizer que basta uma mulher maltratada para continuar a assinalar o 25 de Novembro, o tal dia em que mulheres que lutavam pela justiça social foram mortas pelo poder opressor que recusa a ideia de que as pessoas – mulheres e/ou homens – são sujeitos de direitos e como tal têm de ser respeitados quer seja pelo Estado, quer pelos governos, quer pela sociedade, quer pelo companheiro ou familiar.
Almerinda Bento

Nas vésperas do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, 25 de Novembro, A Comuna publica artigos relacionados com a violência de género.
Violência de género na Europa - Artigo de Vânia Martins
O machismo mata - Artigo de Ana Pontón, deputada do Bloco Nacionalista Galego
Feministas de Europa, unídevos! - Artigo de Paula Vázquez Verao, responsavel de Organização de Anova (Galiza)
A luta por autonomia e o caso brasileiro - Artigo de Carolina Peters, Partido Socialismo e Liberdade (Brasil)
A Comuna

Estaleiros de Viana: CGTP diz que há favorecimento a privados

Todo o processo é obscuro: empresa que obteve a concessão tem passivo maior que os estaleiros; o mesmo Estado que vai pagar 30,1 milhões aos trabalhadores despedidos não tinha três milhões para começar a construir navios já encomendados.
 
Arménio Carlos numa reunião com os trabalhadores dos estaleiros. Foto de Arménio Belo - Lusa
O secretário-geral da CGTP exigiu que seja feito um inquérito à subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) ao grupo Martifer, por suspeita de favorecimento ao setor privado com este negócio.
Na entrega dos estaleiros de Viana à empresa Martifer, o Estado vai gastar 30,1 milhões de euros para pagar as indemnizações por despedimento dos atuais 609 trabalhadores. Ora, recordou Arménio Carlos, em 2012 o mesmo governo não teve três milhões de euros para comprar a matéria-prima necessária para o início da construção de dois navios asfalteiros encomendados pela Venezuela.
"Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Por um lado há um prejuízo do interesse público com o encerramento dos ENVC, é o governo que é o responsável, e depois o favorecimento ao setor privado, com este negócio", acusou Arménio Carlos.
Empresa que obteve a concessão tem passivo maior
Por outro lado, a Martifer tem um passivo de 370 milhões de euros, que é superior ao dos estaleiros, que rondará em 2013 os 300 milhões de euros.
"Se isto não é caso para justificar um inquérito e acima de tudo a paragem deste processo, de forma a impedir o encerramento dos ENVC, então o que será necessário fazer mais para que a Democracia funcione", observou o secretário-geral da CGTP.
Arménio Carlos recordou ainda uma diretiva comunitária prevendo a obrigatoriedade de introdução de duplo casco nos navios da marinha mercante, o que poderia abrir um novo mercado a explorar pelos estaleiros, mas enquanto empresa pública.
"Alguém está em melhores condições de rentabilizar esse negócio do que os ENVC, com os seus trabalhadores e como empresa pública? Que eu saiba não", rematou o líder da CGTP.
A comissão de trabalhadores e a Câmara de Viana do Castelo assumiram nas últimas horas posições idênticas, reclamando uma investigação, pelo Ministério Público, a este processo.

Seis banqueiros portugueses receberam um milhão de euros em 2012

Portugal ocupa a 16ª posição dos países com maior número de banqueiros que só num ano arrecadaram mais de um milhão de euros em remunerações fixas, variáveis e benefícios.
 
Portugal está em 16º lugar no ranking dos banqueiros.
Foram seis os banqueiros portugueses a ganharem pelo menos um milhão de euros em 2012, segundo a informação divulgada pela Autoridade Bancária Europeia (EBA em inglês).
Segundo esta instituição, dos seis banqueiros, três são da banca de retalho e três de outros ramos da atividade bancária. O relatório da EBA não avança os nomes dos referidos banqueiros.
Os da banca de retalho receberam, no total, 1.438 milhões de euros em remuneração fixa, dois milhões em remuneração variável e 695 mil euros em remuneração variável diferida, a que se somam ainda 995 mil euros de benefícios para pensão.
Assim, em média, cada um destes banqueiros recebeu 1,147 milhões de euros em 2012.
A remuneração foi ainda mais alta nos banqueiros de outras áreas do setor bancário: 1,577 milhões de euros cada um, em média.
Os países com maior número de banqueiros que ficaram milionários só com o que receberam no ano de 2012 estão o Reino Unido, com 2714, a Alemanha (212), a França (177) e a Espanha (100).
Portugal ocupa a 16.ª posição neste ranking.
Ainda assim, os banqueiros de instituições portuguesas a ganhar mais de um milhão num ano diminuíram: hoje são seis, em 2011 eram 11, e em 2010, 13.

sexta-feira, novembro 22, 2013



Portimão, 21 de Novembro de 2013


          ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE PORTIMÃO

 Moção

Repúdio pela retenção de verbas dos Municípios


Considerando que:

  1. A ANMP considera que se verifica no Orçamento de Estado para 2014, em relação às transferências do Estado para os municípios em 2013, uma redução de 50,9 milhões de euros nas transferências para o Fundo de Equilíbrio Financeiro, e uma redução de 17.6 milhões de euros no quadro do IRS.
  2. Ainda de acordo com a ANPP, ficou desde o início da alteração à Lei das Finanças Locais subjacente a manutenção do valor transferido para os municípios, tendo este princípio sido assumido pelo governo.
  3. A Lei do Orçamento de Estado para 2014 prevê a retenção, pelo Estado, de 0,1 % do Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF), constituindo esta retenção uma receita própria da DGAL, não competindo aos municípios o financiamento e o funcionamento dos organismos da administração central, consistindo, por isso, numa grosseira violação da autonomia do poder local democrático.
  4. A verba retida representa uma importante fatia na quebra de receitas do Município com origem no Orçamento de Estado, afectando o equilíbrio das contas e reduzindo a capacidade de investimento municipal.

A Assembleia Municipal de Portimão, reunida em sessão ordinária no dia 21 de Novembro de 2013, delibera o seguinte:

a)      Manifestar o seu forte repúdio contra as gravosas medidas de retenção de verbas dos municípios, incluídas no Orçamento de Estado para 2014, que condicionam fortemente a aplicação do princípio da estabilidade orçamental e do equilíbrio financeiro das autarquias locais, em claro prejuízo da sua capacidade de investimento.

b)      Exigir, tendo em conta que o Orçamento de Estado vai ser submetido a aprovação na especialidade, que sejam suprimidas todas as medidas que reduzam a transferência de verbas para os municípios.

c)      Depois de aprovada, enviar esta moção ao Presidente da República, ao 1º Ministro, aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República, à ANMP, à AMAL e aos órgãos de comunicação social.


O Grupo Municipal do Bloco de Esquerda

Pedro Mota
Marco Pereira
Elvira Meco

Observação: Moção aprovada por unanimidade.




Portimão, 21 de Novembro de 2013


ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE PORTIMÃO

Moção

                              Conduta indigna do Presidente do Conselho de Administração do CHA



Considerando que:
           
1.      A constituição do Centro Hospitalar do Algarve pelo governo PSD/CDS significou mais uma degradação do SNS para o Algarve, prejudicando em particular os utentes de saúde de Portimão e de toda a zona Barlavento.

2.      Tal degradação e prejuízo, sob o impulso do Conselho de Administração do CHA, poderá conduzir ao desmantelamento do Hospital do Barlavento Algarvio com o encerramento de serviços e especialidades médico-cirúrgicas na urgência, com o fim da cirurgia ortopédica, de diversas urgências (oftalmológica, otorrino, ortopédica, psiquiatria, gastro), diminuição dos especialistas na urgência pediátrica e levar, a médio prazo, ao encerramento da Maternidade no Hospital de Portimão.

3.      O fecho de diversos serviços no Hospital de Portimão provoca a deslocação diária, deveras cansativa de muitos dos seus funcionários e pessoal médico para Faro, podendo mesmo conduzir a despedimentos inaceitáveis, o que, a verificar-se, agravará e muito as suas condições de vida.

4.      Atualmente vive-se um clima de grande descontentamento, medo e de verdadeiro terror psicológico entre os trabalhadores e funcionários do Hospital de Portimão, pois além da degradação das suas condições de trabalho, vivem na incerteza da deslocação para Faro, ou do desemprego.

5.      Um dos principais responsáveis pela situação acima descrita é o Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve, que tudo indica ter ainda a intenção de encerrar a Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital do Barlavento, de acordo com a denúncia, vinda a público, do contrato para esta Unidade com a Administração Regional de Saúde.

6.      Sobre a morte de uma criança, o senhor Pedro Nunes, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve, emite um comunicado onde, de forma indigna e caluniosa, afirma que os culpados da morte da criança, são todos aqueles que se têm oposto às suas políticas de destruição do Hospital do Barlavento, conforme se passa a citar: “A haver culpados são todos aqueles que não perdem uma oportunidade para denegrir a imagem do hospital vilipendiando todos os abnegados funcionários públicos que nele trabalham. A haver culpados estes são todos aqueles que por interesses económicos, de evidência social ou da mais rasteira política, não hesitam em lançar a desconfiança, o medo e o desespero nas pessoas. São todos esses que nunca perdem uma oportunidade para atingir os seus fins os verdadeiros, mas indirectos, culpados pela tragédia. Que lhes pese na consciência!”.

De acordo com os considerandos acima expostos, a Assembleia Municipal de Portimão, reunida a 21 de Novembro de 2013, delibera o seguinte:

a)      repudiar, de forma veemente e inequívoca, as declarações contidas no comunicado emitido pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve.

b)      considerar que com tal comunicado indigno, a acrescentar à sua gravosa atuação anterior, o senhor Pedro Nunes perdeu quaisquer condições para continuar a presidir ao CHA e solicitar, por conseguinte, que se demita do cargo.

c)      depois de aprovado, este documento deverá ser enviado aos Presidentes de Câmara do Algarve, ao presidente da AMAL, aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República, ao Ministro da Saúde e ser divulgado pela comunicação social.



O Grupo Municipal do Bloco de Esquerda

Pedro Mota
Marco Pereira
Elvira Meco

Observação: Moção aprovada por maioria, com 15 votos a favor (3 BE, 3 CDU e 9 PS), 4 votos contra (PSD) e 4 abstenções (CDS/Servir Portimão).

terça-feira, novembro 19, 2013


Foto de Bloco de Esquerda Algarve.

domingo, novembro 17, 2013

PROPOSTAS BE-PTM NA REUNIÃO DE CÂMARA (1)




Na reunião de Câmara que teve lugar no passado dia 12 de Novembro de 2013 o Vereador eleito pelo Bloco de Esquerda apresentou três propostas cujo conteúdo apresentamos a seguir assim como os resultados das respectivas votações. Como se verifica, os bloquistas de Portimão já meteram mãos à obra rumo ao cumprimento das promessas feitas em campanha eleitoral. Podemos constatar que, no essencial, os partidos do arco da troika estão unidos nas questões mais importantes, contra os interesses das populações que deveriam defender.
                              Proposta sobre a taxa do I.M.I. a aplicar no ano de 2014
Considerando que:
           
1.   A manutenção de taxas elevadas, ou o aumento destas, contribui para agravar dramaticamente a qualidade de vida da generalidade dos munícipes do concelho, já a braços com uma profunda crise que eles próprios não provocaram.
2.   Quer a redução de verbas a atribuir ao poder local por parte da administração central, quer os financiamentos pretendidos pela Câmara Municipal, não podem servir de justificativo para esta continuar a impor taxas pesadas sobre os seus munícipes.
3.  O governo retirou a cláusula de salvaguarda ao IMI no Orçamento para 2014, implicando que o IMI vai subir para chegar ao valor actualizado nas recentes avaliações de imóveis, aumentando ainda mais as dificuldades de quem comprou casa e se viu confrontado com um imposto muitas vezes superior ao esperado.
4.   Muitas Câmaras Municipais, nomeadamente do Algarve, cobram valores de I.M.I. muito mais reduzidos em relação àqueles que se praticam no Concelho de Portimão e ainda, aplicam valores de majoração ou de minoração sobre determinadas áreas, neste último caso como forma de combate ao isolamento e à desertificação.
5.   Uma diminuição da taxa do I.M.I., mesmo pequena que seja (face aos compromissos assumidos pelo Município), significará aliviar as dificuldades das famílias e dos cidadãos portimonenses, em particular os de menores recursos. Por outro lado, esta medida permitirá estimular a economia local e, consequentemente, as pequenas empresas, reduzindo a carga fiscal que se apresenta bastante onerosa.
6.  A diminuição da taxa do I. M . I. ainda mais se impõe, tendo em conta a situação muito difícil em que vivem as famílias no actual contexto de crise, com a elevada carga fiscal a que já foram submetidas e que vai ser brutalmente acrescida para o próximo ano, com mais cortes nas pensões e nos salários por parte do governo PSD/CDS.
Com base nestes pressupostos propõe-se, para os prédios urbanos localizados no Município de Portimão, a redução das taxas de 0,8% para 0,7% e 0,5% para 0,4%, respetivamente, para os imóveis enquadrados na alínea b) e c), do nº 1, do artigo 112º, do anexo I, do Decreto – Lei nº 287/2003, de 12 de Novembro – Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, a partir de 1 de Janeiro de 2014.
O Vereador do Bloco de Esquerda
João Vasconcelos
Observação: Proposta reprovada, com 3 votos contra (PS, PSD e CDS) e  2 votos a favor (BE e CDU). A troika a funcionar em Portimão.
                                                  Por um Algarve Livre de Portagens
Considerando que:
  1. Passados quase 2 anos sobre a introdução das portagens na Via do Infante, pelo governo, a 8 de Dezembro de 2011, os resultados desta medida trágica estão à vista de todos: agravamento dramático da crise social e económica no Algarve (uma região que vive quase exclusivamente do turismo), com inúmeras falências e encerramentos de empresas e cujo desemprego já atinge cerca de 80 000 pessoas; perda acentuada da competitividade da região em relação à vizinha Andaluzia; a mobilidade na região regrediu cerca de 20 anos, voltando a EN 125 a transformar-se numa via muito perigosa, com extensas e morosas filas de veículos e onde os acidentes de viação se sucedem, com diversos feridos graves e vítimas mortais; as portagens também violam tratados internacionais sobre cooperação transfronteiriça, como o Tratado de Valência, assinado entre Portugal e Espanha e de onde deriva a Euroregião Algarve-Alentejo-Andaluzia;
  2. Por outro lado, o tráfego na Via do Infante sofreu uma quebra drástica, com uma redução à volta de 70%, elevando-se os prejuízos para a Estradas de Portugal em muitos milhões de euros;
  3. Outra situação inaceitável são as obras de requalificação da EN 125 que se encontram paralisadas, não se sabendo quando recomeçarão;
  4. Também é do conhecimento público que a Via do Infante foi construída como uma via estruturante para combater as assimetrias e facilitar a mobilidade de pessoas e empresas, com vista ao desenvolvimento económico e social do Algarve.
  5. A Via do Infante não apresenta características técnicas de auto-estrada e foi construída fora do modelo de financiamento SCUT, em que maioritariamente foi financiada com dinheiros da comunidade europeia.
6.      O concelho de Portimão, as suas populações e empresas também estão a ser duramente atingidas pela imposição das portagens, particularmente os utentes da Via do Infante e que se deslocam para outras paragens. Muitos turistas deixaram de frequentar a cidade e outros locais do concelho, com manifesto prejuízo económico, social e cultural.
De acordo com o exposto, o Executivo da Câmara Municipal de Portimão, reunido no dia 12 de Novembro de 2013, aprova o seguinte:
a)      Reprovar a decisão da introdução de portagens na Via do Infante, visto constituir um grave erro histórico muito negativo e que está a contribuir poderosamente para onerar os contribuintes e para o desastre económico e social do algarve, (incluindo o concelho de Portimão), estrangulando o seu desenvolvimento.
b)     Exigir ao Governo que anule esta ruinosa Parceria Público Privada e que proceda à suspensão imediata da cobrança de portagens na Via do Infante.
c)      Apelar à AMAL, autarcas, associações empresariais, sindicais, cívicas e outras forças vivas do Algarve, para que constituam e reforcem uma ampla plataforma da sociedade civil do Algarve pela suspensão imediata das portagens.
d)     Enviar esta moção ao 1º Ministro, ao Ministro da Economia, ao Presidente da República, ao Presidente da AMAL, aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República e divulgá-la pela comunicação social.
O Vereador do Bloco de Esquerda
João Vasconcelos
Observação: Proposta aprovada por unanimidade (3 PS, 1 PSD, 1 CDS, 1 BE e 1 CDU).
                                            Criação de uma Plataforma de Emergência Social
Considerando que:
  1. A grave crise que atualmente assola o país atinge, muito em particular, as pessoas de menores recursos e mais indefesas, assim como as micro e pequenas empresas.
  2. As políticas da troika e do atual governo provocaram novos pobres e agravaram de forma dramática as dificuldades económicas e a exclusão social de muitos milhares de famílias e que não param de aumentar.
  3. O agravamento das dificuldades económicas e da exclusão social tem a ver, em grande parte, com o elevado aumento do desemprego, com o corte de salários e de pensões, com a retirada do RSI a milhares de famílias e do abono de família a centenas de milhares de crianças e jovens (46 mil famílias perderam o direito ao rendimento social de inserção em 2011, 30 mil em 2013, e 500 mil crianças e jovens ficaram sem abono de família entre 2009 e 1012).
  4. O OE para 2014 é a continuação, para pior, do brutal aumento da austeridade, recaindo esta em 82% sobre as famílias, salários e pensões e apenas em 4% sobre a banca e os grandes grupos económicos.
  5. Devido às políticas acima referidas, muitas famílias correm sério risco de pobreza no concelho de Portimão. Muitas outras vivem já na pobreza e na exclusão social, com dificuldades de toda a ordem: alimentar, a nível de medicamentos, de habitação, endividamento, de emprego, etc. E a tendência é de agravamento destas dificuldades.
Perante o exposto, torna-se necessário combater, com urgência, a situação de calamidade social que também atinge o concelho de Portimão. Assim, o Executivo da Câmara Municipal de Portimão, reunido no dia 12 de Novembro de 2012, aprova:
a)       a criação, urgente, de uma Plataforma Contra a Exclusão, passando pela constituição de um Gabinete de Emergência Social que responda às situações sociais mais prementes, envolvendo a Câmara, as Juntas de Freguesia, as escolas, as IPP’s e outras instituições que compõem as redes sociais do concelho.
b)     a criação, urgente, de Refeitórios Sociais Municipais nas diversas freguesias do concelho, como forma de combate à carência alimentar e à exclusão social.
O Vereador do Bloco de Esquerda
João Vasconcelos
Observação: Proposta retirada, visto a Presidente de Câmara afirmar que o assunto já estava em andamento, nomeadamente uma rede de emergência social e que incluía refeitórios sociais. Vamos estar atentos o que acontece nos tempos mais próximos.

“A esquerda pode e deve neste século XXI tornar-se a primeira força na Europa” Versão para impressão
alexistsiprasHoje, quando a crise resolve tudo, considero que não existe quadro capitalista neoliberal único no qual os nossos adversários tentem submeter aos mercados o direito social ou qualquer relação social de forma metódica e sistemática. Eles não têm plano estratégico mas sim um único objectivo: a salvação dos bancos.

Artigo de Alexis Tsipras, líder do SYRIZA.

Assistimos nos últimos tempos a um movimento inédito e entusiasta de solidariedade com o nosso combate contra as políticas ultra austeritárias na Grécia. As forças do Partido da Esquerda Europeia (PEE) e, em particular, a direcção e os militantes da Front de Gauche em França, uniram-se para ajudar o SYRIZA nesta batalha difícil, crucial e histórica que atingiu o seu auge no decurso dos dois escrutínios eleitorais de Maio e Junho de 2012.
À medida que a atenção e as esperanças se viraram para a Grécia e para o resultado histórico do SYRIZA, muitos camaradas continuavam a perguntar-nos como tínhamos conseguido atingir este resultado entusiasmante. Desejo trazer aqui algumas reflexões, não para propor um "modelo de sucesso" acabado, mas para estimular o diálogo sobre o presente e o futuro das forças que compõem o PEE e sobre as estratégias nacional e europeia.
No fundo, o SYRIZA sublinhou aquilo que nós já tínhamos tido em conta desde há anos.
Muito poucos se tinham até então verdadeiramente interessado pelo "fenómeno" SYRIZA. Todavia, em alguns meses, conseguimos marcar a história política contemporânea. Porquê? Na minha humilde opinião, foi porque nos consagrámos às lutas sociais, porque de forma constante seguimos uma orientação fundada na análise da realidade económica, política e social, mas também porque tivemos a coragem de ultrapassar as mentalidades e os conceitos estabelecidos, inclusive os nossos.
Nestas últimas décadas, a esquerda grega passou por provas extremamente difíceis e dolorosas. Uma esquerda grega que, desde a queda do muro de Berlim e do "socialismo real" tinha passado mais tempo a digladiar-se que a estabelecer convergências para contra atacar a ofensiva capitalista. Porém, desde o começo desta ofensiva sem precedente, envolvemo-nos nas lutas sociais, quer nas espontâneas quer nas organizadas.
A hegemonia não se ganha num domingo de eleições. Ela conquista-se na e através da luta social. Os resultados eleitorais na Grécia estão profundamente ligados às evoluções sociais. Se não conseguimos tornar-nos ideológica e politicamente hegemónicos nos espaços sociais, não seremos capazes de obter resultados positivos.
Desde a derrocada do "socialismo real", a esquerda foi historicamente classificada como uma força crítica do capitalismo. E bem, em minha opinião. Mas isso não basta. Duma força crítica, devemos igualmente tornar-nos uma força com uma perspectiva alternativa.
Ao longo destes dois anos, fizemos valer e pôr em evidência de maneira persistente na Grécia, uma proposta alternativa de caminho e de conjugação para a construção de uma transição política. Falámos de um "bloco do poder" composto por forças que existem no quadro mais largo da esquerda progressista e radical, "da esquerda da social-democracia à esquerda da esquerda", com o objectivo comum de destruir os ataques neoliberais. Logo que lançámos esta ideia, fomos tratados com desdém e desprezo, porque as sondagens de opinião mostravam que se tratava de uma opção marginal e utópica. Persistimos, apesar de tudo, porque esta era, para nós, a única alternativa. À medida que a ofensiva do capital se mostrava cada vez mais dura e desumana, aquilo que ontem parecia utópico e louco, tornou-se realista.
Pela primeira vez, desde 1974, não éramos nós que determinávamos a nossa estratégia em função das dos nossos adversários, as da social-democracia e da direita tradicional, mas eram eles que estabeleciam as deles em função da nossa. Por outras palavras, o elemento crucial que nos tornou capazes de representar as classes e os grupos sociais "politicamente órfãos" (aqueles cujos interesses sociais não são representados pelos dois "partidos do poder") foi o apoderarmo-nos de uma força de contestação para transformá-la numa força que trabalha para a mudança.
Antes de falar sobre a nossa estratégia, a estratégia nacional e europeia da esquerda para enfrentar a ofensiva capitalista e vencer a crise, algumas palavras sobre a estratégia dos nossos adversários.
Coloquemos a questão: os nossos adversários têm uma estratégia? Depois da 2ª Guerra Mundial, as forças capitalistas que desejavam manter as contradições na base dos modos de produção capitalistas, tinham um plano: a reconstrução da Europa, a regulamentação, a criação de estruturas de protecção social e de desenvolvimento, mas também a manutenção do antagonismo entre capital e trabalho. No curso dos anos 90, quando o neoliberalismo prevaleceu, também se podia identificar uma estratégia: a de entregar e submeter todas as estruturas políticas e instâncias de decisão ao poder dos mercados.
Hoje, quando a crise resolve tudo, considero que não existe quadro capitalista neoliberal único no qual os nossos adversários tentem submeter aos mercados o direito social ou qualquer relação social de forma metódica e sistemática. Eles não têm plano estratégico mas sim um único objectivo: a salvação dos bancos.
Vê-se bem que os centros de decisão ultrapassam os quadros nacionais e regionais. E não sei se podemos falar duma estratégia capitalista comum que seria definida pela senhora Merkel ou pelo presidente dos Estados Unidos, quando existem agências de notação e instituições financeiras – aquilo a que chamamos o capitalismo financeiro – que tomam as decisões e têm mais poderes que as nações. Há um ano, por exemplo, uma delas desvalorizou a nota dos Estados Unidos. Tratou-se de mostrar quem manda hoje. Neste sentido, poderíamos dizer que o capitalismo financeiro mundial tem uma estratégia. Mas para quem é dos Estados ou das entidades regionais, como a União Europeia (UE), parece que os nossos adversários não têm uma estratégia clara, mas que são movidos apenas pelo pânico.
À medida que a crise se agrava, a UE é levada a dissolver-se na mesma proporção e confronta-nos com este oximoro: somos nós, a esquerda europeia, a força que faz a crítica estrutural dos tratados europeus, da UE, do tratado de Maastricht e da arquitectura da União monetária; somos nós a força que procura manter a Europa viva, enquanto os nossos adversários fazem o melhor possível para a dissolver!
O principal argumento contra o SYRIZA, quer no interior quer no exterior do país, sobretudo durante a segunda campanha eleitoral, era que, se tomássemos o poder, isso conduziria a Grécia para fora da zona euro e, eventualmente, iria mesmo destruir a zona euro. Na verdade, se havia uma esperança para a Grécia, mas também para a zona euro e para a Europa, era que fosse o SYRIZA a trazê-la. Era a única esperança de provocar um choque criativo salutar na Europa não apenas para os Gregos mas para todos os povos europeus. Pois se fôssemos a uma cimeira da UE seria para recusar a austeridade e levar a cimeira a decidir por uma estratégia alternativa de saída da crise em vez de perseverar no impasse actual.
A capacidade do SYRIZA de ir contra o problema real da Europa foi bloqueada por ofensivas inéditas. Quando Slavoj Zizek (2) veio apoiar-nos, usou uma bela imagem ao comparar-nos a Tom e Jerry. Para ele, o SYRIZA é o rato que irrita constantemente o gato que anda pelos ares até que o rato aparece: este indica-lhe que não há chão debaixo dos seus pés e então o gato cai a pique. Eis no que se tornou a Europa. Ela anda pelos ares; as forças dominantes recusam reconhecer que as suas medidas a conduzem à ruína. Nós seríamos assim o rato que revela ao gato selvagem do capitalismo europeu que as suas políticas são ineficazes.
Mas então, se os nossos adversários não têm estratégia, como podemos batê-los? Seguindo-os? Não. Copiando-os? Também não. A esquerda europeia não se deve limitar à crítica legítima, mas conceber uma estratégia alternativa e um plano e determinar a agenda (a ordem do dia).
Não se trata de regressar a 2007, antes do estalar da crise do crédito imobiliário nos Estados Unidos, pois esse modelo de produção e de consumo conduz à crise. Nós devemos ultrapassar esse modelo e oferecer uma visão, trazer uma sociedade que responda às necessidades sociais, discutir o socialismo sem medo nem culpa por tudo o que se passou nos ditos "verdadeiros regimes socialistas" que nada têm de comum connosco. Devemos falar em nome de um socialismo do século XXI, um socialismo contemporâneo de reconstrução dos modos de produção, de redistribuição social das riquezas no plano nacional e supranacional.
Vivemos uma época de guerra assimétrica. Esta guerra não é só dirigida contra os povos da Europa do Sul. Estes últimos não são senão as cobaias de uma crise internacional e europeia numa experiência que produz um modelo político europeu com objectivos universais. A crise vai atingir o coração da Europa e devemos tomar consciência, a partir da experiência grega, que o conflito vai ser muito difícil.
Devemos ser reactivos e eficazes na resposta à extensão dos prejuízos que os nossos adversários tentam criar, a fim de estimular a destruição social. O populismo tornou-se o melhor aliado do neoliberalismo. Não há maior mentira do que o preconceito dos "povos preguiçosos do Sul" que "viveram acima dos seus meios". Devemos desmontar esta mentira e difundir a mensagem: estamos todos debaixo de mira.
O exemplo grego mostra que é mesmo preciso esquecer o quadro legal burguês tal como o conhecemos. Os poderes legislativo, executivo e judiciário estão às ordens da mediocracia moderna, desses homens de negócios adulados pelo Estado em nome do "são espírito de empresa" que beneficiaram de fundos públicos durante todos estes anos, caso contrário, transferiam as suas empresas e fortunas para o estrangeiro. Um exemplo em pequena escala do que prevalece de forma idêntica em toda a Europa.
É por isso que é preciso que desde já promovamos uma estratégia alternativa que tenha em conta a insuficiência das formas e das ferramentas clássicas. A grave crise de representação significa que os movimentos sociais devem ser a nossa prioridade, não para os manipular, mas porque são elementos essenciais da nossa política que, em certos casos, pode ser dirigida por eles.
Enfim, sem acção coordenada no plano europeu, não poderemos ir em frente. O nosso sucesso na Grécia revelaria ser um fogacho se nos tempos mais próximos não se multiplicassem exemplos e experiências semelhantes através da Europa. Temos necessidade de grandes conquistas sociais e também de vitórias eleitorais na Holanda, em Espanha, na Itália, em França, na Alemanha... em todo o continente. Se não o conseguirmos, nós os Gregos passaremos a ser uma "aldeia gaulesa" isolada.
Temos necessidade de coordenação, de comunicação e de objectivos comuns e estou convencido de que no futuro poderemos dar vida ao slogan "SYRIZA por todo o lado", não como um modelo ou uma receita ideal para "copiar-colar", mas como uma experiência de cooperação plural, de união de diversas culturas políticas progressistas e de convergência em toda a Europa.
A esquerda pode e deve neste século XXI tornar-se a primeira força na Europa.

Prefácio de Alexis Tsipras ao livro "Maintenant Prenez le Pouvoir" de Pierre Laurent, secretário-geral do Partido Comunista Francês e Presidente do Partido da Esquerda Europeia
A Comuna