sábado, novembro 30, 2013

Estaleiros de Viana: CGTP diz que há favorecimento a privados

Todo o processo é obscuro: empresa que obteve a concessão tem passivo maior que os estaleiros; o mesmo Estado que vai pagar 30,1 milhões aos trabalhadores despedidos não tinha três milhões para começar a construir navios já encomendados.
 
Arménio Carlos numa reunião com os trabalhadores dos estaleiros. Foto de Arménio Belo - Lusa
O secretário-geral da CGTP exigiu que seja feito um inquérito à subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) ao grupo Martifer, por suspeita de favorecimento ao setor privado com este negócio.
Na entrega dos estaleiros de Viana à empresa Martifer, o Estado vai gastar 30,1 milhões de euros para pagar as indemnizações por despedimento dos atuais 609 trabalhadores. Ora, recordou Arménio Carlos, em 2012 o mesmo governo não teve três milhões de euros para comprar a matéria-prima necessária para o início da construção de dois navios asfalteiros encomendados pela Venezuela.
"Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Por um lado há um prejuízo do interesse público com o encerramento dos ENVC, é o governo que é o responsável, e depois o favorecimento ao setor privado, com este negócio", acusou Arménio Carlos.
Empresa que obteve a concessão tem passivo maior
Por outro lado, a Martifer tem um passivo de 370 milhões de euros, que é superior ao dos estaleiros, que rondará em 2013 os 300 milhões de euros.
"Se isto não é caso para justificar um inquérito e acima de tudo a paragem deste processo, de forma a impedir o encerramento dos ENVC, então o que será necessário fazer mais para que a Democracia funcione", observou o secretário-geral da CGTP.
Arménio Carlos recordou ainda uma diretiva comunitária prevendo a obrigatoriedade de introdução de duplo casco nos navios da marinha mercante, o que poderia abrir um novo mercado a explorar pelos estaleiros, mas enquanto empresa pública.
"Alguém está em melhores condições de rentabilizar esse negócio do que os ENVC, com os seus trabalhadores e como empresa pública? Que eu saiba não", rematou o líder da CGTP.
A comissão de trabalhadores e a Câmara de Viana do Castelo assumiram nas últimas horas posições idênticas, reclamando uma investigação, pelo Ministério Público, a este processo.

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