Em mais um participado comício de rua do Bloco de Esquerda, Cecília Honório - cabeça de lista no círculo do Algarve - perante o crescimento galopante do desemprego, sublinhou: "quem só pode viver do seu trabalho já não pode perder mais", e para isso "quem vive à custa da exploração do trabalho dos outros, já não pode ganhar mais". Em Portimão, intervieram também os candidatos do Bloco à autarquia local - João Vasconcelos e Luísa Gonzalez - e ainda os dirigentes nacionais Rita Calvário e Francisco Louçã. Vê a fotogaleria Em Frente à "Casa Inglesa", no centro de Portimão, mais de duzentas pessoas assistiram ao comício do Bloco de Esquerda, confirmando a simpática receptividade que tem pautado estes encontros que tiveram início no mês de Julho.
Depois de defender os que "só podem viver do seu trabalho" e de criticar os privilégios dos que "vivem do trabalho dos outros", Cecília Honório lembrou que na região do Algarve a subida do desemprego foi a maior de todo o país, atingindo o dobro de há um ano: "17.500 pessoas sem trabalho". "E a verdade é que o absolutismo da maioria PS não permitiu que muitas destas pessoas fossem apoiadas, ao chumbar as propostas do Bloco" frisou Cecília Honório.
A candidata do Bloco acrescentou que foi esta mesma maioria absoluta que impediu também a existência de um modelo justo de avaliação dos professores. "Sem serviços públicos de qualidade não há democracia e escavamos o atraso. O que o PS fez na Educação é o contrário do que o Bloco defende com unhas e dentes: uma escola pública inclusiva e de qualidade", precisou a candidata.
Se o PS de Sócrates já mostrou que não é alternativa para resolver os problemas das pessoas, também "Manuela Ferreira Leite não é alternativa porque já esteve no poder e foi péssima ministra" e agora "até tem um programa que não existe", esclareceu Cecília Honório, que de seguida concluiu: "o Bloco é a alternativa para garantir justiça na economia".
Portimão e o Algarve atacados pelos especuladores e patos bravos
A abrir o comício, Luísa Gonzalez, candidata do Bloco à Assembleia Municipal de Portimão, sublinhou a necessidade da "mudança e da participação cívica" e de "políticos ao serviço das pessoas e não ao serviço deles próprios". A candidata denunciou também as "grandes negociatas de Portimão", quase sempre protagonizadas pelo "triângulo fatal" composto por "políticos, empresários do futebol e empresários da construção civil".
A responsabilidade por esta situação é também de "33 anos de poder autárquico sem interrupções do PS em Portimão, em muitos casos como se fosse uma ditadura" acrescentou João Vasconcelos que interveio de seguida. O candidato do Bloco à Câmara Municipal da cidade denunciou o "clientelismo e o compadrio" promovidos pela autarquia, exemplificando com a criação de dez empresas municipais e sociedades anónimas. "É o interesse privado que se sobrepõe ao bem público", acusou Vasconcelos.
O candidato do Bloco denunciou também o desordenamento do território em Portimão e assumiu a necessidade de preservar a Ria de Alvor - um importante habitat ecológico - contra os interesses da especulação, referindo-se em particular ao "negócio" de Joe Berardo na Quinta da Rocha. "São 500 hectares junto à Ria de Alvor que Berardo comprou por 500 mil euros e seis anos depois, com a alteração na classificação dos solos, vendeu por 15 milhões de euros".
Estas intervenções deram o mote para as palavras de Rita Calvário, candidata do Bloco no distrito de Lisboa e assessora do Partido para as questões ambientais, que denunciou o "saque e a devastação do território Algarvio com que os patos bravos da construção enriquecem à custa das belezas naturais da região".
Rita Calvário esclareceu que a maior parte destes atentados ambientais são classificados como "Projectos de Interesse Nacional - PINs", um expediente legal que permite construir "em cima de praias, de arribas, de reservas ecológicas e agrícolas, de territórios da Rede Natura, etc." E precisou que "já há cerca de 100 PINs", destacando um dos mais recentes, o "Projecto Palmares" que "prevê centenas de camas entre a Praia e a Ria de Alvor", com "campos de golfe", que "desperdiçam água, um bem tão precioso".
A saúde não pode ser um negócio
O último a intervir foi Francisco Louçã, que voltou a sublinhar o protesto do Bloco de Esquerda contra a privatização da linha "Saúde 24". "A razão pela qual este serviço - tão importante para as pessoas - perde um terço das chamadas telefónicas, é porque foi entregue a uma empresa privada que só se guia pelos lucros e que precariza os enfermeiros e profissionais, apostando em poucos trabalhadores, com pouco dinheiro" acusou Louçã.
Francisco Louçã lembrou ainda que quando o contrato com a empresa que gere a linha Sáude 24 terminou em Junho, o Bloco "disse à Ministra para que não o renovasse e para que o serviço fosse gerido pelo Estado" mas ela "fez o contrário".
"A Saúde não pode ser um negócio, estamos a ser governados pela irresponsabilidade", denunciou Louçã, que lembrou também o caso dos juristas da Autoridade para as Condições de Trabalho que "estão há seis anos a trabalhar no mesmo local em regime de recibos verdes", isto no organismo que "é responsável pela correcta aplicação da lei laboral". O que só mostra que "o Estado é o primeiro a falhar", concluiu Louçã.
In Esquerda.net
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