terça-feira, fevereiro 21, 2012

CGTP e Bloco de Esquerda em sintonia no apoio à greve geral

Arménio Carlos reúne-se com o Bloco de Esquerda e verifica sintonia de posições, nomeadamente no apoio à paralisação marcada para 22 de março. Louçã denuncia manobra mediática do governo sobre desemprego jovem e apresenta propostas.
Para Arménio Carlos, a greve é uma resposta para a necessidade de salvaguardar as funções sociais do Estado na educação, na saúde e também na Segurança Social. Foto de Paulete Matos
Uma delegação da CGTP, liderada pelo secretário-geral Arménio Carlos, reuniu-se com o Bloco de Esquerda para apresentar os documentos aprovados no congresso da central sindical e também para discutir o que se está a passar no país e as perspetivas de futuro. Segundo Arménio Carlos, verificou-se uma sintonia grande de posições, “quer em relação às políticas que este governo está a desenvolver e que estão a prejudicar os trabalhadores, o povo e o desenvolvimento do país, quer à necessidadede encontrar soluções que respondam às necessidades e aos anseios dos trabalhadores e do povo”. Para o sindicalista, esses problemas são em primeiro lugar o desemprego, a precariedade, a necessidade de responder à melhoria do poder de compra das famílias, indispensável para retirar da pobreza um número crescente de pessoas e de alterar as políticas económicas para pôr a economia a crescer.
“Houve também uma grande sintonia sobre o aumento do salário mínimo nacional”, disse Arménio Carlos, sublinhando que “há cerca de 400 mil trabalhadores que, estando a trabalhar, estão a empobrecer todos os dias, dado que auferem um salário líquido inferior ao limiar da pobreza que é de 434 euros. Se subtrairmos o desconto de 11% que cada trabalhador tem de fazer para a Segurança Social, estes trabalhadores que ganham o salário mínimo levam para casa 432 euros.”
Greve geral é de todos
“Estivemos também sintonizados em relação à importância da greve geral programada para o dia 22 de março e à importância que a CGTP dá à participação de todos sem exceção nesta greve geral”, disse ainda o secretário-geral da CGTP, sublinhando que tendo a greve geral sido convocada pela CGP, ela “passa a ser de todos os trabalhadores e de todas as trabalhadoras, independentemente da sua filiação sindical ou políticas”.
Para o sindicalista, a greve é uma resposta para a necessidade de salvaguardar as funções sociais do Estado na educação, na saúde e também na Segurança Social, e é uma jornada de luta também pelo desenvolvimento de Portugal. Para Arménio Carlos a política do governo está a levar o país a uma situação de maior dependência e a uma quebra profunda da sua soberania e de um empobrecimento da democracia a todos os níveis.
Pelo Bloco de Esquerda, Francisco Louçã explicou que os bloquistas estão empenhadíssimos em que haja uma resposta social em que as vítimas desta crise possam responder. “Esta é a força da democracia”. A greve geral é um grande momento para que Portugal possa defender-se desta destruição que está a ocorrer.
Manobra mediática do governo
Sobre o desemprego jovem, Louçã apresentou propostas alternativas à “operação mediática montada pelo ministro Miguel Relvas que vem derramar lágrimas de crocodilo por esta política económica já ter provocado o desemprego de 35% dos jovens”.
Para o coordenador do Bloco, “o governo está a aproveitar a situação para penalizar os desempregados pelo seu desemprego” e ameaçar os jovens de uma solução que seria mais precariedade ou até salários abaixo do salário mínimo nacional. Ora “se não se quer que haja desemprego jovem, não se despede os jovens que estão a trabalhar”, sublinhou o deputado. “Quem tem um trabalho efetivo, ao fim de um ano deve ter um contrato efetivo.”
Por outro lado, disse o deputado, é preciso que o país produza. “Um país, para não dever, tem de produzir, tem de haver uma economia para as pessoas. E essa economia para as pessoas tem de ser feita com grandes projetos. “Estava na hora de, na renegociação a ser imposta contra os interesses financeiros e contra a troika, recuperar a utilização de todos os fundos europeus para projetos de infraestrutura social”. Louçã citou como exemplos a reabilitação urbana, a produção da economia para o mar, uma economia verde ao serviço das pessoas, uma economia digital. “É assim que se tem de criar emprego, com produção e com economia virada para as pessoas. E não virada para os agiotas, para a dívida, para a acumulação dos problemas”.
Sobre a proposta do PS de pedir à troika mais um ano para cumprir os objetivos da redução do défice, Louçã defendeu que Portugal precisa de impor uma renegociação “que destrua esta violação que o capital financeiro está a impor” a Portugal. “Eu bem gostava de ouvir o PS a recusar a lei dos despejos, ou recusar a lei da facilitação dos despedimentos, porque aí é que se tem de fazer a diferença”, concluiu o coordenador do Bloco.

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