Violência em Atenas. Manifestantes incendeiam banco e lojas
A polícia isolou hoje a praça Syntagma, junto ao parlamento grego, onde à noite é votado o novo plano de austeridade, mas os confrontos com manifestantes continuam nas ruas adjacentes, onde foi posto fogo a um banco e duas lojas.
Após a polícia ter dispersado a concentração de protesto em Atenas contra o novo memorando de ajuda à Grécia, com recurso a granadas de gás lacrimogéneo, logo após o seu início (pouco depois das 17:00 locais, 15:00 em Lisboa), milhares de manifestantes recuaram, mas o ambiente continua tenso nas artérias vizinhas do parlamento grego, testemunhou a Lusa no local.
As agressões entre manifestantes e agentes policiais são constantes, com arremessos de pedras e 'cocktails molototov', escutando-se o som de rebentamentos frequentes de petardos, e na atmosfera persiste um cheiro intenso de gás lacrimogéneo e de fumo de caixotes do lixo a arder.
Segundo outros testemunhos chegados à Lusa, alguns manifestantes estão a partir montras de estabelecimentos comerciais e pegaram fogo a um banco e duas lojas.
Durante a tarde, a polícia de Atenas dispersou a manifestação convocada para a praça Syntagma, quando milhares de pessoas ainda estavam a chegar, empurrando-as com recurso a gás lacrimogéneo para as ruas laterais, onde às 19:00 (hora de Lisboa, 21:00 locais) ainda permanece muita gente.
Não houve pânico durante a retirada da praça, com milhares de pessoas a acotovelarem-se por estreitas ruas mas em ordem como se já estivessem há muito habituadas a este tipo de situação, testemunhou a Lusa no local.
"Foi uma ação inesperada, pensava que nos deixavam manifestar e voltar para casa. A polícia foi muito agressiva. Nem nas manifestações dos indignados entre maio e julho isto aconteceu", disse Haritina, uma manifestante.
"Os polícias recebem ordens para fazer isto, também estão numa posição difícil", afirma Petrus, médico que participou no protesto contra as medidas de austeridade que o parlamento está hoje a debater para garantir um segundo resgate de 130 mil milhões de euros ao país.
Segundo a France Presse, a polícia interveio quando os manifestantes começaram a fazer pressão no cordão de segurança, junto ao parlamento grego, onde já decorria o debate extraordinário sobre o memorando de ajuda externa à Grécia.
A mesma agência de notícias dá conta de seis feridos nos confrontos.
À mesma hora, decorreu uma segunda manifestação convocada pelo partido comunista para a Praça Omonia, a cerca de um quilómetro do parlamento, e que tentou juntar-se posteriormente à concentração na Praça Syntagma. A polícia impediu no entanto este movimento e registaram-se confrontos.
As autoridades estimam que tenham saído para a rua 30 mil pessoas em Atenas e outras 15 mil em Salónica, segunda cidade do país.
Os sindicatos avançam por seu lado com 60 mil manifestantes só na capital grega.
Cerca de 25 mil manifestantes em protesto contra mais austeridade na Grécia
Cerca de 15 mil manifestantes concentraram-se hoje junto à sede do parlamento grego, em Atenas, e outros 10 mil estão reunidos a um quilómetro de distância, nas imediações da Praça Omonia, disse a polícia local, que destacou três mil homens, avança a AFP.
A polícia dispersou hoje à tarde com granadas de gás lacrimogéneo a multidão de milhares de pessoas que se concentrava na praça Syntagma, junto ao parlamento grego em Atenas, onde está a ser discutido o novo plano de austeridade para o país.
Este plano e a promessa de mais austeridade que ele traz são a causa da contestações destes milhares de gregos que saem à rua para demonstrar a sua oposição ao programa imposto a Atenas pela 'troika' (Fundo Monetário Internacional e União Europeia).
Os manifestantes continuam a chegar aos locais da capital onde entre 50 mil e 100 mil pessoas se manifestaram contra o primeiro plano de austeridade em junho e em outubro de 2011.
Nos protestos de hoje estão sindicalistas, jovens de cabeça rapada empunham bandeiras gregas, ativistas comunistas e simpatizantes dos partidos de esquerda, muitos equipados com máscaras de gás, informa a agência noticiosa francesa.
No sábado, o comité económico e financeiro do Parlamento grego já aprovou um novo plano de austeridade que prevê, entre outras medidas, o despedimento de 15.000 funcionários públicos até ao final do ano (150.000 até 2015), uma redução de 22 por cento do salário mínimo, que deverá situar-se perto dos 500 euros, e a liberalização das leis laborais.
Hoje, diversos deputados dos partidos PASOK e Nova Democracia, os dois partidos que compõem a coligação governamental, depois da saída do LAOS na sexta-feira em desacordo com o novo pacote de austeridade, fizeram saber que se vão opor à exigência de novos esforços dos trabalhadores gregos.
O ambiente de festa, com música de intervenção difundida por 12 altifalantes presos a candeeiros e partilha de mensagens políticas nas bancas dos partidos, foi interrompido quando se começaram a ouvir petardos disparados pela polícia, que antecederam o lançamento de granadas de gás lacrimogéneo, constatou a Lusa no local.
Embora ainda estejam pessoas no centro da praça, muita gente recuou para as artérias laterais, mas não abandonou a zona, demonstrando revolta e vontade de regressar ao ponto da concentração.
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