Marcha contra portagens na Via do Infante gera tensão entre utentes e autoridades
“Buzinão” juntou centenas de carros e motos que percorreram cerca de dez quilómetros na EN 125.
A marcha lenta contra as portagens que percorreu
neste sábado a Estrada Nacional (EN) 125, entre Faro e Olhão, gerou
alguns momentos de tensão entre utentes e autoridades, tendo algumas
pessoas sido identificadas, disse à Lusa fonte da organização.
O “buzinão”,
organizado pela Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) e pelo
Moto Clube de Faro, juntou algumas centenas de carros e motos que
durante aproximadamente uma hora percorreram cerca de dez quilómetros na
EN 125, a distância que separa as duas cidades.
José
Domingos, que participava na marcha lenta, foi uma das pessoas
identificadas pela GNR por alegadamente estar a bloquear o trânsito, mas
esta não foi a primeira vez que tal aconteceu ao membro da comissão de
utentes - que já acumula cerca de 1500 euros em multas -, em ações do
género.“Eles [a GNR] queriam-nos multar e tirar a identificação e nós estamos num protesto, temos esse direito. Parávamos quando eles paravam à nossa frente e o alferes punha o pé na frente da roda, eu não conseguia andar. Se estamos num protesto não é para parar, é para andar”, defende.
Segundo José Domingos, a “táctica” das autoridades é “desmanchar” os protestos, alegando que os manifestantes estão a bloquear o trânsito, mas isso só acontece porque as autoridades os obrigam a parar, argumenta.
O membro da CUVI reclama ainda que a Via do Infante (A22) seja devolvida ao povo, uma vez que a ex-Scut (sem custos para o utilizador) foi construída com fundos comunitários e com dinheiro do país.
“Queremos que eles [o Governo] tirem as portagens e devolvam a Via do Infante ao povo. A Via do Infante é nossa, é do povo do Algarve e do país, nós não temos nada que pagar”, concluiu.
Também João Vasconcelos, da CUVI, exigiu a demissão do Governo para que o pagamento de portagens seja levantado, sublinhando que em 15 meses de portagens já foram registados cerca de 60 mortos em acidentes na EN 125.
Aquele responsável, que é também coordenador do Bloco de Esquerda (BE) no Algarve, classificou ainda como “prepotente” e “arrogante” a actuação das autoridades.
“Sabem que os algarvios estão revoltados e insatisfeitos e estão a identificar e a passar multas, e isso não admitimos. É um ato de prepotência e que não tem em conta o direito de resistência das pessoas”, frisou.
Segundo Carlos Serra, do Moto Clube de Faro, marcaram presença no protesto entre 200 a 300 motos.
Na marcha lenta participou ainda um veículo de reboque com um carro acidentado e que ostentava faixas contras as portagens.
O presidente da Câmara de Olhão (PS), Francisco Leal, também marcou presença na acção, a primeira que a comissão de utentes organizou naquela cidade.
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