terça-feira, março 31, 2015

Tsipras desafiou oposição a apoiar governo nas negociações

Numa sessão extraordinária do parlamento grego, Alexis Tsipras voltou a defender a necessidade da reestruturação da dívida grega e acusou os partidos do anterior governo de não terem feito as reformas de que o país precisa.
O primeiro-ministro grego foi ao parlamento defender a estratégia negocial do governo.
Depois de um fim de semana de negociações técnicas em Bruxelas, marcadas pelo apertar do garrote financeiro à Grécia, o primeiro-ministro grego foi ao parlamento de Atenas fazer o ponto da situação e confirmar a apresentação de uma lista de reformas de curto prazo para combater a evasão fiscal. “Chegou o tempo dos privilegiados começarem a pagar e de acabar o saque aos trabalhadores e à classe média”, afirmou Alexis Tsipras, desafiando a oposição a apoiar o governo nas negociações para “levantar o país da lama do memorando” de austeridade.
O debate ficou marcado por acusações entre Tsipras e o derrotado líder da Nova Democracia, Antonis Samarás. A propósito do plano de pagamento de dívidas fiscais em atraso, o primeiro-ministro comparou o resultado de uma iniciativa semelhante tomada pelo governo da Nova Democracia e do PASOK, que em cinco meses recolheu 70 milhões de euros, enquanto o plano lançado pelo novo governo recolheu 100 milhões de euros na primeira semana. E acusou Samarás de ter transformado a Grécia no único país que não refinanciava a sua dívida, pagando-a do orçamento, tendo por isso encontrado os cofres vazios quando tomou posse.
Para conseguir pagar a dívida, prosseguiu Tsipras, não basta aumentar a receita fiscal — é fundamental que consiga restruturá-la. “Há hoje um reconhecimento da necessidade de finalmente começar a discutir a necessária restruturação da dívida grega. Porque sem essa intervenção, será impossível pagá-la” declarou aos deputados.
Para conseguir pagar a dívida, prosseguiu Tsipras, não basta aumentar a receita fiscal — é fundamental que consiga restruturá-la. “Há hoje um reconhecimento da necessidade de finalmente começar a discutir a necessária restruturação da dívida grega. Porque sem essa intervenção, será impossível pagá-la” declarou aos deputados.
Respondendo aos que acusam o Syriza de estar a seguir as políticas do memorando – o líder do PASOK, Venizelos, chegou a chamar Tsipras de “merkelista” – o primeiro-ministro grego respondeu: “Vocês têm de decidir se acham que estamos a cumprir o memorando ou a levar o país para o desastre. Os dois ao mesmo tempo é que não pode ser. As contradições no vosso discurso mostram bem que a estratégia está confusa. Afinal, governaram cinco anos através dos emails da Troika”.
Para contrariar “o estado de asfixia de crédito sem precedentes” em que a Grécia vive, Tsipras mostrou-se confiante no apoio da população à sua estratégia negocial, usando-o como argumento para encostar a oposição às cordas: “Os partidos da oposição devem responder esta noite: vão apoiar a política de negociações do governo para acabar a austeridade que destruiu a economia e a sociedade grega, ou vão ser os porta-vozes dos que criaram o memorando?”. Mas não conseguiu nenhuma resposta positiva das restantes bancadas, à exceção dos parceiros de coligação dos Gregos Independentes.
O debate ficou ainda marcado pela advertência da presidente do parlamento, Zoe Konstantopoulou, ao antigo primeiro-ministro pelas passagens “racistas” e “sexistas” do seu discurso. Samarás começou a intervenção por dizer “Vou ser franco, porque venho de uma escola masculina” e referiu-se às “hordas de imigrantes que conquistaram o centro de Atenas” após a vitória do Syriza, no que foi secundado pelo recém-libertado líder da Aurora Dourada.

Cofres do Estado cheios, bolsos dos portugueses vazios

– Aumento enorme de impostos e cortes brutais nas prestações sociais

por Eugénio Rosa [*]
Numa reunião da juventude do PSD, a ministra das Finanças gabou-se de ter os "cofres cheios" de dinheiro. No entanto, ela "esqueceu-se" de explicar como conseguia isso. E isso foi conseguido à custa dos enormes aumentos de impostos, nomeadamente IRS e IVA, que é atualmente uma das causas mais importantes dos enormes cortes nos rendimentos dos portugueses, e de cortes brutais nas prestações sociais. É isso que vamos provar de uma forma quantificada neste estudo utilizando apenas dados oficiais.

EM JANEIRO DE 2015, OS DEPOSITOS DO ESTADO SOMAVAM 23.940 MILHÕES €, CUSTANDO AOS CONTRIBUINTES PORTUGUESES 478,8 MILHÕES € POR ANO SÓ DEJUROS

O quadro 1, com os dados mais recentes do Banco de Portugal sobre a divida pública, permite ficar a saber qual o montante de depósitos financiados por empréstimos obtidos pelo governo no período 2010-2015, e estimar o custo para os contribuintes portugueses dessa política de "cofres cheios", que encanta a ministra Maria Luís.

Quadro 1.
A política de pedir emprestado para constituir depósitos acelerou-se de uma forma significativa com o governo PSD/CDS, esquecendo o custo que tal politica tem para os contribuintes portugueses. Entre Dezembro de 2010 e Janeiro de 2015, os depósitos do Estado alimentados com os empréstimos aumentaram 5,3 vezes, pois passaram, nesse período, de 4.498 milhões € para 23.940 milhões €. Admitindo que por estes empréstimo o Estado paga uma taxa de juro média de 2% por ano (a taxa de juro paga pelos empréstimos concedidos pela "troika" é 2,9%, variando entre 2,1% e 3,7%), que é uma taxa baixa, tais empréstimos que financiam os depósitos de que a ministra tanto se gaba custarão, por ano, aos contribuintes portugueses, só de juros, 478,8 milhões €. Pode acontecer que uma parcela deste custo suplementar para os portugueses, que não reduz a divida até a aumenta, possa ser compensada com os juros obtidos pela colocação desses montantes em depósitos na banca portuguesa, mas isso será sempre muito reduzida tendo em conta que os juros de depósitos bancários estão muito baixos como é do conhecimento dos portugueses. Associada a este politica de "cofres cheios" está uma outra que serve também para financiar esta, e que consiste no corte brutal das prestações sociais que está a atirar milhões de portugueses para a miséria. Segundo a Síntese Execução Orçamental de 2014 do Ministério das Finanças , o corte nas despesas com prestações sociais – abono de família, subsidio de doença, subsidio de desemprego, Complemento Solidário de Idoso e Rendimento Social de Inserção – foi em 2014 de 578,8 milhões €, já que a despesa da Segurança Social com estas prestações sociais diminuiu, entre 2013 e 2014, de 4.366,9 milhões € para 3.788,1 milhões €. E nos dois primeiros meses de 2015, sofreu mais um corte de 107,5 milhões €. É desta forma que é financiada a política de "cofres cheios" de que se gaba a ministra, ou seja, à custa de mais divida pública, que determina mais encargos (478,8 milhões € por ano só de juros), financiados com aumentos enormes de impostos e com cortes brutais nas prestações sociais .

O ENORME AUMENTO DE IMPOSTOS FEITO POR ESTE GOVERNO EM 2012, E MANTIDO EM 2015 É A PRINCIPAL CAUSA DA REDUÇÃO DO PODER DE COMPRA DOS TRABALHADORES

No passado, a causa mais importante da redução do poder de compra dos trabalhadores e de outras camadas desfavorecidas da população era a inflação, ou seja, o aumento rápido dos preços. Atualmente, devido á baixa taxa de inflação a causa principal, para além do congelamento das remunerações e pensões, é o enorme aumento de impostos, nomeadamente os que atingem principalmente aquelas classes sociais, que são o IRS e o IVA. O quadro 2, construído com dados divulgados pelo próprio governo nos relatórios que acompanham o Orçamento do Estado de cada ano, mostra isso.

Quadro 2.
Entre 2010 e 2015, com a " troika " e governo PSD/CDS, as receitas de impostos aumentaram em Portugal em 8.247 milhões €, pois passaram de 30.627 milhões € para 38.874 milhões € como revelam os dados do Ministério das Finanças. As receitas de IRS e de IVA representam 93% deste aumento total. Só o aumento verificado no IRS (4.068 milhões €) correspondeu a 49,3% do aumento de receitas fiscais verificado entre 2010 e 2015. E tenha-se presente que, segundo dados divulgados também pelo Ministério das Finanças, 90,5% dos rendimentos declarados para efeitos de pagamento de IRS são rendimentos do trabalho e pensões, portanto são os trabalhadores e pensionistas os mais atingidos com o "enorme" aumento de IRS de que falava Vitor Gaspar.

Este aumento brutal da carga fiscal em Portugal que atingiu fundamentalmente os trabalhadores, os pensionistas e outras classes desfavorecidas da população não se alterou nada em 2015, tendo-se mesmo agravado, como revelam também os dados do quadro 2. Ao enorme aumento de impostos verificado em Portugal a partir de 2012, foi acrescentado em 2015, pelo governo PSD/CDS, mais impostos que se traduzem num aumento da receita fiscal, relativamente a 2014, que o governo prevê em mais 2.066 milhões €.

Os dados da execução do Orçamento do Estado referentes aos dois primeiros meses de 2015 (Janeiro./Fevereiro) que o Ministério das Finanças acabou de divulgar, revelam que o Estado arrecadou nestes dois meses mais 132 milhões € do que em igual período de 2014, somando as receitas fiscais totais destes dois meses 6.365 milhões € em 2015, sendo 2.223 milhões € (34,9%) de IRS; 3.118 milhões € (49%) de IVA; e apenas 147,2 milhões € (2,3%) de IRC. Fica assim mais claro quem está a financiar os "cofres cheios" de que a ministra das Finanças se gabou.
27/Março/2015
[*] edr2@netcabo.pt

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

FENPROF contactou autarcas presentes no Congresso da ANMP e divulgou posição sobre o processo imposto pelo governo

MUNICIPALIZAÇÃO: PROFESSORES DISCORDAM, MAS FORAM AFASTADOS DA DECISÃO
O governo divulgou (26/03/2015) a lista dos municípios com quem poderá assinar o designado contrato interadministrativo de delegação de competências em matéria de Educação, caso as respetivas Assembleias Municipais assim o aprovem. Os professores, como a generalidade da comunidade escolar, foram afastados da decisão e só por iniciativa da FENPROF e dos seus Sindicatos muitos tomaram conhecimento sobre o que estava em curso. Este afastamento dos professores da vida das escolas é, precisamente, uma das críticas principais que a FENPROF tem vindo a colocar. 
A FENPROF contactou, em Tróia, os autarcas que se encontram a participar no Congresso da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, tendo procedido à entrega da posição da FENPROF sobre os últimos documentos apresentados pelo governo.
Clique para ampliar Clique para ampliar Clique para ampliar Fotos: Jorge Simão
É opinião da FENPROF que a municipalização tenderá a favorecer:
• O descomprometimento do Estado em termos de financiamento e de responsabilidade social pela educação pública;
• O reforço do controlo sobre as escolas, comprometendo ainda mais a construção da sua autonomia;
• O desenvolvimento de sistemas arbitrários e pouco transparentes de seleção de pessoal.
• A criação de vários sistemas educativos no país, resultando em escola pública a várias velocidades.
Considera a FENPROF que o processo de municipalização que, a todo o custo, o governo tenta levar por diante, nada tem a ver com descentralização. Os caminhos para a descentralização são outros e bem diferentes. Descentralizar é passar para o nível local e para as escolas, para órgãos próprios, democraticamente legitimados e com adequada representação escolar e comunitária (ver propostas da FENPROF e da Comissão da Reforma do Sistema Educativo, relativas à criação de Conselhos Locais de Educação). Faça-se primeiro esse debate, e avance-se depois de forma sustentada, transferindo competências por via legal e não por via contratual – um regime assimétrico que vai retalhar o país, privilegiando umas autarquias em detrimento de outras.
Por razões meramente táticas, os professores não serão desde já transferidos, como acontece com a totalidade dos trabalhadores não docentes. Mas parte substancial deste programa é a atribuição às câmaras municipais de competências que lhes permitirão candidatar-se a financiamento comunitário, aliviando, dessa forma, o que resulta do Orçamento do Estado. Um alívio que também resultará do desenvolvimento de linhas de privatização, repartindo o governo com os municípios a poupança alcançada. E alcançada, claro, com a redução de chamada despesa com professores como, explicitamente, constava das primeiras versões conhecidas do contrato interadministrativo de delegação de competências.
Entre outras, a FENPROF tentará fazer passar estas mensagens junto dos delegados e outros participantes no XXII Congresso da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), razão por que diversos dirigentes se deslocarão a Tróia onde, amanhã, dia 27 de março, a partir das 9 e ao longo da manhã, junto ao Centro de Congressos, distribuirão um folheto aos presentes do qual constam as posições sindicais. Será uma forma de dar conhecer essas posições e de estabelecer contactos com parceiros importantes da comunidade educativa.
O Secretariado Nacional

Repressão: 28 ativistas dos movimentos sociais detidos em vários pontos do Estado espanhol 

300315 policiaEstado espanhol - La Haine - [Tradução do Diário Liberdade] Dezessete registros, seis deles em centros sociais ocupados. A operação policial estende-se a Madri, Barcelona, Palencia e Granada. 

O corrupto governo do Partido Popular quer demonstrar a seus fiéis que ainda mantêm lealdade a seus princípios ideológicos fascistas, por isso estão arrasando os Centros Sociais em Madri. Hoje uma operação policial despejou o CSOA La Quimera de Lavapiés e realizou numerosos registros, entre eles na 13/14 de Vallecas, La Magdalena e La Enredadera de Tetuán.
Esta manhã às 6:00 começou um suposto "operativo contra o terrorismo anarquista" como continuação da chamada "Operação Pandora" que se levou a cabo no passado mês de dezembro. O Ministério do Interior espanhol assinala que "se realizaram um total de dezessete registros, seis deles em Centros Sociais Ocupados, onde alguns detentos tinham fixado sua residência. Durante a prática destes registros foram detidas mais catorze pessoas sob "acusação" de resistência." Sobre os detentos cai a tenebrosa acusação de fazerem parte dos denominados "Grupos Anarquistas Coordenados (GAC)", a quem se atribui "pertença a organização criminosa com fins terroristas" e a comissão de fatos delituosos consistentes em sabotagens e colocação de engenhos explosivos e incendiarios. A repressão estende-se a Madri, Barcelona, Palencia e Granada, onde também registraram o CSOA La Redonda.
Com relação ao despejo do centro social de Lavapiés, o twitter da Unidade de Intervenção Policial (anti-motins) assinala que "se retirou material informático para sua análise e se procede a despejar e fechar 'La Quimera' sem incidentes". O mais suspeito é que aproveita esta operação para fechar por completo um Centro Social.
Em um comunicado, a assembleia de La Quimera de Lavapiés "condena a atuação repressiva" e assinala que o centro social "desde as 6:30 da manhã foi asediada, e depois de destroçar a porta, registrada durante horas, levando material pertencente ao centro social e aos coletivos que lhe dão vida. A policia negou-se a mostrar nenhum tipo de ordem ou dar qualquer explicação do que estava acontecendo. Isto não é mais que outro ataque ao movimento anarquista com a intenção de criminalizar e retaliar nossa luta. Pede-se atenção a próximas convocatórias antirrepressivas ao longo do dia e proclama-se: NENHUMA AGRESSÃO SEM RESPOSTA. ABAIXO Os MUROS DAS PRISÕES. TOCAM-NOS A UMA NOS TOCAM A TODXS".
E por último, atenção à advertência do Ministério do Interior: "A operação continua aberta".
Diário Liberdade

Petição sobre Taxa Protecção Civil discutida na A. República





Serve a presente para comunicar que  a Senhora Deputada Paula Santos (PCP), Relatora da Petição 446/XII-4ªSolicita a imediata suspensão da cobrança da taxa municipal de proteção civil ”, agendou reunião para o próximo dia 25.MAR.15 às 14H00 na Assembleia da República, nos termos da lei de petições, para a audição sobre a petição.

Recordo que a petição em apreço representa um movimento cívico inédito em Portimão, tendo sido outorgada por milhares de Portimonenses.
Returado do colega "O Confessionário de Portimão" 

Mais de cem veículos em marcha lenta contra demolições na Ria Formosa

Moradores pretendem apelar ao Governo e à sociedade Polis para que travem as demolições das centenas de construções, algumas das quais garantem ser de primeira habitação. Proposta do Bloco que previa a suspensão imediata das demolições na Ria Formosa foi chumbada pela maioria de direita PSD/CDS-PP.
Esquerda.net

Madeira: Bloco elege 2 deputados e forma grupo parlamentar

Ao eleger dois deputados, Roberto Almada e Rodrigo Trancoso, o Bloco de Esquerda consegue o seu melhor resultado de sempre nas eleições à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. 
 
Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda, e Roberto Almada, Coordenador do Bloco de Esquerda/Madeira e cabeça de lista às eleições regionais de 2015.
Com 3,8 por cento dos votos, o Bloco de Esquerda elege dois deputados à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, recuperando a sua representação parlamentar, depois de nas eleições de 2011, em que obteve 1,7 por cento dos votos, ter perdido o seu deputado
Em reação aos resultados, Catarina Martins realçou o “resultado expressivo” que o Bloco alcançou na Madeira.
“O Bloco de Esquerda na Madeira está de parabéns porque conseguiu dois resultados muito importantes. Conseguiu, por um lado, recuperar o seu lugar no Parlamento Regional. Não é fácil um partido político depois de sair do Parlamento voltar, isso aconteceu esta noite com o Bloco de Esquerda na Madeira. Por outro lado, é a maior representação que o Bloco de Esquerda alguma vez teve na Madeira”. “O nosso trabalho será reforçado a partir de agora”, sublinhou a porta-voz nacional bloquista.
O coordenador do Bloco/Madeira, Roberto Almada, que volta ao Parlamento na companhia de Rodrigo Trancoso, atualmente Presidente da Assembleia Municipal do Funchal, frisou que o Bloco “foi para este ato eleitoral com a convicção daquilo que as pessoas nos diziam todos os dias, que o Bloco faz falta no Parlamento”.
Roberto Almada garantiu que, juntamente com Rodrigo Trancoso, serão “duas vozes na Assembleia para defender a Madeira e para defender os madeirenses”.
O cabeça de lista bloquista afirmou ainda que a decisão de não integrar a coligação “Mudança”, liderada pelo PS/M, foi “a melhor e mais correta, como os resultados ilustram”.
A coligação, que juntou PS, PTP, MPT e PAN, obteve 11,41 por cento e 6 mandatos. Nas eleições de 2011, os partidos que agora formaram a coligação tinham em separado 11 deputados e 22,42 por cento dos votos.  
O PSD, liderado por Miguel Albuquerque, renovou à tangente a sua maioria absoluta com 44,33 por cento e 24 deputados. Apesar da vitória, os social-democratas perdem 1 mandato e 4,23 por cento dos votos em relação ao ato eleitoral anterior, quando o partido era liderado por Alberto João Jardim.
“O Bloco de Esquerda não atingiu um objetivo que era essencial para nós que era retirar a maioria absoluta ao PSD, portanto somos confrontados com o facto de na Região o PSD continuar com maioria e portanto continuarmos numa situação de grande dificuldade na Região”, afirmou Catarina Martins.
O CDS, que ficou em segundo lugar, obteve 13,69 por cento e 7 deputados, menos 2 mandatos e 3,94 por cento dos votos que em 2011. O partido Juntos Pelo Povo (JPP) teve 10,34 por cento e 5 deputados. A CDU com 5,54 por cento também elegeu 2 deputados e o PND com 2,05, elegeu um deputado.
Confira os resultados eleitorais de 2015 e 2011:

Troika aperta o garrote à Grécia e exige mais austeridade

As reformas que o governo grego apresentou em Bruxelas são assumidas pelos credores como uma "base positiva", mas não suficiente. FMI, BCE e UE clamam por despedimentos em massa, aumento do IVA, cortes nos salários e nas pensões. O executivo liderado por Alexis Tsipras tem-se recusado a aceitar estas exigências.
O jornal Ekathimerini dá conta de que o Fundo Monetário Internacional (FMI), União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE) insistem na receita da austeridade, que “já provou o seu fracasso”.
Durante as negociações que decorrem desde sexta feira, os credores não mostraram vontade de aceitar a lista de reformas que não incluem medidas com impacto recessivo, e que preveem, nomeadamente, a modernização do modelo de cobrança de impostos, a intensificação da luta contra a evasão fiscal, a venda de licenças de jogo on-line, e o aumento da taxa máxima do imposto sobre os rendimentos de 42% para 45%. O FMI, BCE e UE exigem, por sua vez, despedimentos em massa na função pública, cortes nos salários e pensões e um ataque feroz aos direitos laborais.
A porta voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, afirmou aos jornalistas esta segunda feira que as negociações durante o fim de semana foram construtivas, mas que os vários lados "ainda não chegaram lá". Schinas avançou ainda que as equipas técnicas das instituições teriam de realizar mais averiguação em Atenas.
Entretanto, Alexis Tsipras irá esta segunda-feira ao fim da tarde ao parlamento dar conta do andamento das negociações.
Pagamento da última tranche de financiamento depende de acordo
Segundo esclareceu este domingo o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, durante uma entrevista ao jornal To-Vima, o programa delineado pelo executivo de Alexis Tsipras permitirá um excedente orçamental primário de 1,5% do PIB em 2015. As reformas previstas somam 3 mil milhões de euros em receitas em 2015, permitindo um crescimento de 1,4% este ano.
Um acordo com os credores com base nesta proposta garante o total ou uma parte da última parcela de financiamento de 7,5 mil milhões de euros, sendo que esta parcela é fundamental para cobrir as despesas que o executivo helénico enfrenta já no próximo mês. Em abril, o governo terá de desembolsar um total de 3 mil milhões de euros: 448 milhões para o FMI (9 de abril), 1,4 mil milhões para reembolsar as Obrigações do Tesouro a 6 meses (14 de abril), 1000 milhões para reembolsar as Obrigações do Tesouro a 3 meses (17 de abril). A esta despesa acresce ainda uma quantia entre 1000 e 2000 milhões, necessária para o pagamento de salários e pensões.
Confronto com uma “Europa germanizada”
Nos últimos dias, representantes do governo grego têm vindo a afirmar que não evitarão o confronto caso as negociações não cheguem a bom porto.
Numa entrevista ao jornal Kefalaio, o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, defendeu que é cada vez mais claro que a única forma de a Grécia enfrentar a crise é “através da confrontação, senão colisão, com uma Europa germanizada”.
Já Euclides Tsakalotos, ministro-adjunto para as relações económicas internacionais, afirmou, em entrevista ao jornal Guardian, que a Grécia não vai abandonar a sua filosofia anti-austeridade em troca de apoio financeiro. Garantindo que a Grécia quer chegar a um acordo, Tsakalotos sublinhou, contudo, que o governo pode considerar outras opções, dependendo dos resultados dos próximos dias. "Estamos a trabalhar no espírito de compromisso, queremos uma solução, mas se as coisas não correrem bem teremos de ter em mente o pior cenário também. Essa é a natureza das negociações”, avançou.
Grécia intensifica relações com Rússia e China
Numa entrevista ao diário Avgi, o porta-voz do governo grego Gabriel Sakellaridis referiu que “tanto a China quanto a Rússia são forças económicas e geopolíticas extremamente importantes”.
É óbvia a vontade de cultivar a melhor relação possível com o objetivo de garantir a paz e a estabilidade, e promover a cooperação internacional. Particularmente no que diz respeito à cooperação económica, uma prioridade chave do governo passa por desenvolver o comércio e atrair o investimento da China e da Rússia”, adiantou.
Esta priorização das relações com a China e Rússia é bem patente nas visitas diplomáticas levadas a cabo pelo vice primeiro ministro grego, Yiannis Dragasakis, e pelo ministro dos Assuntos Estrangeiros, Nikos Kotzias, e pelo ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, respetivamente.
Na semana passada, numa visita de quatro dias à China, Yiannis Dragasakis e Nikos Kotzias procuraram fortalecer e aprofundar as relações entre os dois países. O processo de privatização do Porto de Pireu foi uma das matérias abordadas, tendo o governo chinês reforçado o seu interesse neste negócio.
Já o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, iniciou esta segunda-feira uma visita de dois dias à Rússia, durante a qual irá pedir a Moscovo que baixe os preços do gás fornecido às famílias gregas e que permita que produtos como frutas frescas voltem a ser importados pela Rússia.
Esquerda.net

terça-feira, março 24, 2015

Marilu Santana: «Só saio daqui morta ou com o meu dinheiro»

Marilu_protesto domingo_1Marilu Santana, a trabalhadora que na sexta-feira se acorrentou às escadas interiores do Clube Praia da Rocha exigindo o pagamento de salários em atraso, passou a sua terceira noite em protesto no local. Cá fora, do outro lado do vidro, continuam os seus colegas, em solidariedade.
Esta segunda-feira, ao meio dia, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve organiza uma concentração de apoio a Marilu e aos outros trabalhadores a quem a empresa que explora os apartamentos turísticos do Clube Praia da Rocha deve, no total, mais de 40 mil euros, referentes a dois meses e meio de salários em atraso, subsídios e compensações não pagas.
Esta noite, mais uma vez, Marilu Santana, de 52 anos, teve de ajeitar-se em cima de um degrau e de duas caixas de fruta, com almofadas e cobertores, para conseguir dormir, mantendo-se acorrentada às guardas metálicas de umas escadas interiores do resort da Praia da Rocha.
Apesar do desconforto de três dias e três noites no mesmo sítio, amarrada à volta da cintura por uma grossa corrente com cadeado, Marilu garante, em entrevista ao Sul Informação: «Estou muito bem, determinada, com força para continuar».
E continuar até quando? «Até o patrão abrir este cadeado. Ele é que tem a chave, que é o meu dinheiro e o dos meus colegas, que ele nos deve e não paga!», responde, determinada, a trabalhadora.
Cá fora, os colegas vão-se revezando no apoio
Cá fora, os colegas vão-se revezando no apoio
Marilu Santana assegura que não está ali apenas por sua causa e do seu filho, que, como ela, tem muito dinheiro a haver da empresa Green Stairs, que explora o Clube Praia da Rocha. «Sou porta-voz de todos os trabalhadores que estão a sofrer o mesmo que eu, aqui e noutras partes do Algarve e do país, e que não podem falar para não perder o trabalho».
«Faço isto pelo meu filho, pela minha filha, pelo meu neto que há-de vir, para que todos tenham um mundo melhor que este», acrescenta.
Marilu conta que, depois de ter trabalhado muitos anos como «empregada de escritório, em imobiliárias e empresas de condomínios», ficou desempregada. «Com a idade que eu tinha, 50 anos, já ninguém me queria dar trabalho, por isso aceitei o que me apareceu, que foi fazer limpezas aqui. Vim trabalhar para aqui, para os corredores. No total, trabalhei cá 18 meses. Mas vi que a empresa podia poupar mais de metade do dinheiro que gastava se, em vez de comprar bolos lá fora, os fizesse aqui. E fui propor isso ao patrão. Ele aceitou e transitei para o novo serviço. Fui boleira e pasteleira desta casa durante três meses. Mas acabei por nunca ver o ordenado desses três meses. Eu poupei dinheiro ao patrão, mas ele nem o ordenado me pagou».
Cá fora, através do vidro que dá para a frente do Clube Praia da Rocha (CPR), Marilu Santana vê os seus colegas, como ela também com salários em atraso, que se vão revezando no apoio e também dormem ali, ao relento, tapados com sacos cama e cobertores. «Já viu ao que a gente chegou? Parecemos uns sem abrigo… Mas nós não somos vagabundos, somos pessoas de trabalho! Apenas queremos aquilo que nos pertence, que são os nossos salários», reclama uma das colegas.
Marilu acena para os colegas que estão lá fora, a apoiá-la
Marilu acena para os colegas que estão lá fora, a apoiá-la
A Marilu e aos restantes trabalhadores, além  do Sindicato e da entreajuda, tem valido também a solidariedade dos proprietários de apartamentos no CPR, também eles há anos em luta contra as sucessivas administrações do complexo turístico.
Também a PSP de Portimão se tem mostrado compreensiva em relação ao protesto. Depois de, no primeiro dia, agentes da polícia terem tentado demover Marilu, nestes últimos dias limitam-se a passar lá de vez em quando, para saber se está tudo bem com a senhora e com os colegas.
Mas como os restantes trabalhadores, membros do sindicato e mesmo jornalistas estão proibidos de entrar no edifício, mesmo para levar água ou comida a Marilu, é graças aos proprietários que as coisas se têm resolvido, já que entram como seus convidados. Mas a solidariedade não fica por aqui, como faz questão de sublinhar a trabalhadora em luta: «eles têm sido incansáveis. Trazem-me café e chá, trazem-me bolachas, levam as minhas necessidades para despejar, carregam-me o telemóvel, vêm para aqui conversar comigo».
«Nós também andamos há anos em litígio com a administração, tem havido dezenas de processos em tribunal, mas, não se percebe porquê, eles conseguem sempre fazer o que querem, prejudicando tudo e todos. E isto arrasta-se há anos!», comenta um proprietário.
Marilu lá dentro, os colegas cá fora, preparados para passar mais uma noite
Marilu lá dentro, os colegas cá fora, preparados para passar mais uma noite
«Ainda agora voltámos a ter o problema de ter a água e a luz cortada, porque os apartamentos não têm contadores e eles cobram-nos o que querem. Fomos à Câmara de Portimão para uma reunião e o argumento usado pelo Sr. Paulo Martins, o administrador, foi: “não deixem isto fechado por causa dos trabalhadores”. E mais uma vez eles abriram. Bem se vê o que ele se preocupa com os trabalhadores…», acrescenta.
«Falta de dinheiro para nos pagar não é. Ainda agora estão a pintar os edifícios aqui do Clube e tiveram dinheiro para se reabastecer para abrir para a nova época. E o Sr. Paulo Martins continua a andar aí, para trás e para a frente, de BMW, enquanto nós nem temos dinheiro para pagar as nossas casas e dar de comer aos filhos. E ele anda a gozar com o nosso dinheiro! Sabe qual é o problema? É que estes trabalhadores foram mandados para o spam, para a seguir virem outros. E quem lhes garante que o patrão não lhes faz o mesmo?», contesta Marilu Santana.
Tiago Jacinto, coordenador do Sindicato da Hotelaria, que assiste à conversa sentado também nas escadas, faz questão de salientar que «ao contrário do que o administrador tem dito, ele nunca fez qualquer acordo com os trabalhadores, nem tem qualquer reunião marcada com o Sindicato. Ainda em Fevereiro, o Sindicato pediu uma reunião com urgência, mas ele diz que só está disponível a partir do dia 1 de Abril». «Isso é porque é o dia dele, o dia das mentiras», comenta de imediato Marilu.
A trabalhadora duvida que, depois deste seu protesto, consiga arranjar emprego noutro lado. «Fico conhecida como a sindicalista…mas eu queria criar o meu próprio posto de trabalho. Se o patrão tivesse pago os quase 5000 euros que me deve a mim e ao meu filho, eu criava o meu próprio trabalho, era esse o meu plano. Mas ele ficou com o que é meu e eu tenho que estar aqui…», diz, segurando na corrente que a prende às escadas.
Faixa na V6, a avenida frente ao Clube Praia da Rocha
Faixa na V6, a avenida frente ao Clube Praia da Rocha
Longe de perder o ânimo, Marilu diz estar cada vez «com mais força». Ela e os seus colegas, com os colchões e cobertores no chão, as placas e faixas com palavras de ordem, já despertam a atenção dos poucos turistas que estão a chegar ao Clube Praia da Rocha. Mas, como o aproximar da Páscoa, haverá mais turistas, em especial ingleses, irlandeses e espanhóis.
É por isso que Marilu diz que vai endurecer a sua luta, se entretanto a situação de falta de pagamento dos salários em atraso não for resolvida. «Quando vir as primeiras carrinhas de clientes a chegar do aeroporto de Faro, com os ingleses, deixo de comer, faço greve de fome. Só saio daqui morta ou com o meu dinheiro. Não é por mim, é pelos meus colegas, é pelos meus filhos, é por todos os trabalhadores de Portugal!»

Foi criada no Facebook uma página de apoio à luta de Marilu Santana e dos seus colegas, chamada «Acorrentados por uma Vida Melhor – Solidariedade Marilu Santana e Colegas».

Dirigente do CDS pede ao Esquerda.net para apagar “referências aos submarinos”

As notícias sobre corrupção no negócio dos submarinos “vão contra uma decisão judicial”, afirma Diogo Feio, eurodeputado do CDS, referindo-se ao polémico despacho de arquivamento do processo. O despacho descreve o papel de Paulo Portas em várias fases do negócio. Veja (ou reveja) o vídeo que há seis anos incomoda o CDS.
O dirigente do CDS Diogo Feio está preocupado com a "sanidade política" das referências aos submarinos no Esquerda.net
Num debate na SIC-Notícias, na semana passada, desviando-se inesperadamente do tema do debate, Diogo Feio disse a Catarina Martins que “a bem da sanidade política, seria bom que o site Esquerda.net retirasse as referências que lá tem, e vídeos em relação aos submarinos, que vão contra uma decisão judicial que foi tomada”. Na resposta, a porta-voz do Bloco sublinhou que “os tribunais da Alemanha declararam que houve corrupção”. O eurodeputado do CDS ripostou que estava a falar dos tribunais portugueses, e logo regressou ao tema dos indicadores económicos.
O vídeo que incomoda Diogo Feio foi publicado pelo portal esquerda.net em 2009. Trata-se de um resumo da passagem do CDS pelos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, marcada por suspeitas de corrupção investigadas pela justiça, pelos despachos emitidos nas últimas horas do governo e pela retirada de dezenas de milhares de fotocópias de documentos do Ministério da Defesa. Desde essa altura, já foi republicado por muitos utilizadores e é provavelmente o vídeo sobre o partido de Paulo Portas com mais visualizações nas redes sociais.
O vídeo que incomoda Diogo Feio foi publicado pelo portal esquerda.net em 2009. Trata-se de um resumo da passagem do CDS pelos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, marcada por suspeitas de corrupção investigadas pela justiça, pelos despachos emitidos nas últimas horas do governo e pela retirada de dezenas de milhares de fotocópias de documentos do Ministério da Defesa. Desde essa altura, já foi republicado por muitos utilizadores e é provavelmente o vídeo sobre o partido de Paulo Portas com mais visualizações nas redes sociais.
Segundo o entendimento de Diogo Feio, o arquivamento do processo dos submarinos pelo Ministério Público equivale à absolvição dos envolvidos no negócio milionário das comissões. Ao invés, o bloquista João Semedo, que integrou a comissão parlamentar de inquérito aos submarinos, sublinha que o despacho confirma precisamente que o atual vice-primeiro ministro “excedeu o mandato conferido pelo Conselho de Ministros em 2003, ao celebrar um contrato de compra diferente dos termos estabelecidos na adjudicação”. Além disso, Portas conduziu as negociações que alteraram a forma de cálculo do preço e das contrapartidas e trouxe o BES para o consórcio que financiou a compra. Foi ainda Paulo Portas quem negociou diretamente com Ricardo Salgado o aumento da margem de lucro para os bancos.
Também ficou provado o pagamento de 30 milhões de euros em comissões pagas pelos alemães à Escom, cuja distribuição foi parcialmente relatada nas gravações dos intervenientes das reuniões do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo. O que falta ainda conhecer é o destino final de pelo menos 3 milhões de euros desse pagamento.
No despacho, o Ministério Público diz que foi impedido de “percecionar o modo como se desenrolou o processo concursal que culminou com a celebração dos contratos de financiamento”, uma vez que os documentos desapareceram do ministério então ocupado por Paulo Portas.
Esquerda.net


Editora oferece livro de Rafael Marques para download gratuito

Mediante a perseguição ao ativista angolano e o início do seu julgamento em Angola, Bárbara Bulhosa, responsável da editora Tinta da China, disponibiliza o livro “Diamantes de Sangue” em formato digital “para que todos possam lê-lo e perceber o que está na base de um processo que pode vir a colocar o autor atrás das grades”.
Numa mensagem publicada no site Maka Angola, Bárbara Bulhosa, responsável da editora da Tinta da China, explica que publicou o livro “Diamantes de Sangue – Corrupção e Tortura em Angola” por acreditar que “o papel de um editor é também este: dar voz a quem ousa dizer a verdade em circunstâncias absolutamente adversas, com base em centenas de relatos de vítimas e familiares, todos - vítimas, testemunhas e jornalista - correndo risco de vida”.
Em vez de “atenuar a violência quotidiana nas zonas de exploração diamantífera em Angola”, tal como esperava Bárbara Bulhosa, a obra veio “desencadear uma perseguição ao seu autor” e a si própria.
Perante o início do julgamento de Rafael Marques em Angola, a responsável da editora da Tinta da China decidiu disponibilizar o livro "Diamantes de Sangue" em formato digital, “para que todos possam lê-lo e perceber o que está na base de um processo que pode vir a colocar o autor atrás das grades”.
O Esquerda.net transcreve, na íntegra, a mensagem de Bárbara Bulhosa, editora da Tinta da China, publicada no site Maka Angola:
Em 2011, publiquei o livro “Diamantes de Sangue – Corrupção e Tortura em Angola”, uma investigação do jornalista Rafael Marques, que considerei um dos mais importantes trabalhos para denunciar flagrantes crimes de violação dos direitos humanos nos nossos dias. Para mim, a questão não era se se passava em Angola, na China ou em Portugal. Acredito que o papel de um editor é também este: dar voz a quem ousa dizer a verdade em circunstâncias absolutamente adversas, com base em centenas de relatos de vítimas e familiares, todos - vítimas, testemunhas e jornalista - correndo risco de vida.
Na altura pensei, ingenuamente, que este livro serviria pelo menos para atenuar a violência quotidiana nas zonas de exploração diamantífera em Angola. Enganei-me. O livro serviu, ao invés, para desencadear uma perseguição ao seu autor. Passados dois anos, soube que eu própria era arguida num processo criminal. Fui submetida à medida de coação de termo de identidade e residência, justamente por ter publicado “Diamantes de Sangue”. Rafael Marques e eu fomos processados em Portugal por nove generais e duas empresas visadas na investigação. O processo foi arquivado pelo Ministério Público Português no mesmo ano.
Amanhã começa o julgamento de Rafael Marques em Angola. Estou naturalmente apreensiva quanto ao seu desfecho.
Enquanto responsável pela editora, a melhor forma que encontro para apoiar Rafael Marques na sua luta é disponibilizar, a partir de hoje, o livro em formato digital, para que todos possam lê-lo e perceber o que está na base de um processo que pode vir a colocar o autor atrás das grades.
Bárbara Bulhosa
Editora da Tinta da China
"Diamantes de Sangue” disponível em pdf:
http://www.makaangola.org/images/files/Diamantes%20de%20Sangue_Rafael%20Marques.pdf
Esquerda.net

quinta-feira, março 19, 2015

Fotogaleria: Passos Coelho alvo de protestos na sua visita ao Algarve

Pedro Passos Coelho foi o alvo de uma manifestação que juntou cerca de 50 pessoas, esta quarta-feira, junto ao Hotel Ria Park, em Vale do Lobo.
 
Os manifestantes pretendiam surpreender o primeiro ministro à chegada a esta unidade hoteleira, para participar na cerimónia de comemoração dos 45 anos da Região de Turismo do Algarve, mas acabaram por ser “fintados”, uma vez que o líder do Governo já lá se encontrava antes da chegada dos primeiros contestatários.
Ainda assim, o protesto foi feito, com cartazes, buzinas, apitos e palavras de ordem gritadas. As demolições nas ilhas-barreira foram o principal motivo de queixa, mas também não foram esquecidas outras matérias, como as portagens na Via do Infante, o atraso na requalificação da EN 125 e as políticas do Governo.

Um Coelho acossado em solo algarvio!

O chefe do governo de traição nacional Passos Coelho esteve esta 4ª feira numa sessão comemorativa dos 45 anos da Região de Turismo do Algarve, que ocorreu num hotel na zona de Vale de Lobo. À sua espera tinha uma recepção composta por várias dezenas de elementos do povo decididos a estragar-lhe a festa e o passeio turístico.


Manifestavam-se contra a decisão do governo persistir na imposição de portagens na Via do Infante e ter chancelado os despejos e demolições de habitações nas ilhas-barreira da Ria Formosa. Vieram exigir a execução das há muito prometidas obras de reparação e alargamento da EN 125 e empunhavam cartazes e gritavam palavras de ordem contra as políticas terroristas e fascistas do governo, exigindo a sua imediata demissão.
Mais preocupado em levar a cabo a pré-campanha eleitoral que salve os partidos da coligação governamental – PSD e CDS – e o seu tutor Cavaco de uma estrondosa derrota, ou que diminua o seu impacto, Coelho fugiu como o diabo da cruz de abordar os temas cuja solução os elementos do povo que se manifestavam frente ao portão da unidade hoteleira onde discursava exigiam.
De tal forma isolado está Coelho e quem com ele partilha o poder que nem se dignou, no seu discurso, em falar sobre o sector que era tema principal e nuclear da sessão comemorativa do aniversário da Região de Turismo do Algarve, isto é, o turismo, preferindo cantar loas à melhoria considerável que o sector da saúde tinha registado na região, chegando a afirmar que “nunca foram prestados tantos actos clínicos como agora”, contrariando de forma provocatória e mentirosa todas as denúncias em sentido contrário que a Ordem dos Médicos, directores clínicos de vários dos hospitais do Algarve e sindicatos têm abundantemente trazido a público.
Fugindo às reclamações e condenações, quer dos elementos do povo que se manifestavam cá fora, quer dos empresários e operadores turísticos que lá dentro se queixavam da “…  desvalorização a que a região tem sido votada ao longo de anos», bem como à falta de “investimento proporcional à importância da região”, utilizou o esburacado discurso do milagre económico e da melhoria da situação económica do país.
Fingindo não entender que mais ninguém, fora e dentro daquela sala, nenhum elemento do povo e dos trabalhadores portugueses, partilham o seu optimismo, nem em relação às perspectivas económicas futuras, nem em relação ao milagre económico em curso, Passos pode de uma coisa ter a certeza. O destino que lhe está reservado pelo povo e por quem trabalha é o mesmo que estes sempre reservaram a todos os traidores ao longo da história: o caixote do lixo! 
É hora de o povo português entender que, para além da denúncia, isolamento e demissão desta corja que governa o país, a sua luta terá de passar pela constituição de um Governo de Unidade Democrática e Patriótica. Governo esse que, para além de levar a cabo um programa de investimentos produtivos criteriosos, execute um plano que leve à saída de Portugal do euro, uma moeda forte para uma economia fraca que tem tido como consequência a total perda de soberania e independência nacional, a degradação e denegação da democracia e da liberdade.
In "Que o silêncio dos justos não mate os inocentes".

domingo, março 15, 2015

Esquerda Europeia quer ativar a solidariedade com a Grécia

Catarina Martins anuncia que o Conselho de presidentes do Partido da Esquerda Europeia (PEE), reunido em Atenas, decidiu lançar uma Aliança Anti-Austeridade “para resgatar a democracia e ter políticas de crescimento e de emprego”.
"Ficámos com a grande convicção de que muita coisa está a mudar na Europa", disse Catarina Martins
"Ficámos com a grande convicção de que muita coisa está a mudar na Europa", disse Catarina Martins
A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, afirmou este sábado que é preciso ativar a solidariedade com a Grécia, alvo de uma grande chantagem dos governos europeus que tentam provar ser "impossível uma alternativa" às medidas de austeridade.
No final da primeira reunião do conselho de presidentes do Partido da Esquerda Europeia (PEE) desde as eleições gregas, que decorreu em Atenas, Catarina Martins anunciou que o PEE está a lançar na Europa “aquilo a que chamamos uma Aliança Anti-Austeridade [Alliance Against Austerity], o triplo A dos povos contra o triplo A da finança, para resgatar a democracia, ter políticas de crescimento e de emprego, em vez de políticas de sucessivos cortes e de apoio ao sistema financeiro que temos tido até agora".
O ponto único da reunião era a situação das negociações entre a Grécia e as instituições europeias, e contou com a presença de responsáveis do governo de Atenas e do Syriza.
Parar com a política de austeridade
"Foi decidido na reunião do PEE a necessidade de se criarem alianças nos vários países, de todas as forças que querem uma alternativa na Europa. Ou seja, é preciso parar com uma política de austeridade, de redução de despesas, de ataque ao Estado social, e substituí-la por uma política de investimento, que crie emprego e permita produção e crescimento económico nos países da Europa", afirmou.
"Para isso é necessária uma reestruturação das dívidas públicas dos países da periferia da zona euro e também uma nova política a nível europeu que perceba a necessidade de relançar o investimento na Europa", acrescentou.
Concentração em Frankfurt
A dirigente do Bloco de Esquerda enumerou algumas iniciativas, como a presença em grandes concentrações que vão marcar a inauguração da nova sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt (Alemanha), na quarta-feira.
No final de maio, o PEE vai realizar um fórum sobre políticas alternativas na Europa, "um momento muito importante, alicerçado num grande debate de propostas políticas concretas", explicou.
"Ficámos com a grande convicção de que muita coisa está a mudar na Europa, que há muitas dificuldades, mas que é hoje possível o que se pensava há cinco anos que seria completamente impossível. Saímos desta reunião com uma série de reivindicações, medidas, encontros solidários, propostas políticas concretas para combater a austeridade", acrescentou a porta-voz do Bloco de Esquerda.

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sábado, março 14, 2015

Chomsky: A invasão do Iraque está na origem de grupos como o Estado Islâmico

Nesta entrevista ao Jacobin, Noam Chomsky explica as raízes do EI e por que os Estados Unidos e os seus aliados são responsáveis pelo surgimento do grupo. Em particular, argumenta que a invasão do Iraque de 2003 provocou as divisões sectárias que provocaram a desestabilização da sociedade iraquiana. O resultado foi um clima onde os radicais apoiados pelos sauditas prosperaram. Entrevista de David Barsamian.
Pode-se ter a certeza de que à medida que o conflito se desenvolva, eles vão ficar mais extremistas. Os mais brutais, mais duros grupos vão ganhar predominância. É o que acontece quando a violência se torna no meio de interação. É quase automático. Foto de Jacobin
Pode-se ter a certeza de que à medida que o conflito se desenvolva, eles vão ficar mais extremistas. Os mais brutais, mais duros grupos vão ganhar predominância. É o que acontece quando a violência se torna no meio de interação. É quase automático. Foto de Jacobin
O Médio Oriente está em chamas, da Líbia ao Iraque. Há novos grupos jihadistas. As atenções focam-se no Estado Islâmico. Que pensa deste grupo e das suas origens?
Há uma entrevista interessante a Graham Fuller, publicada há dias. Trata-se de um ex-agente da CIA, um dos principais analistas do Médio Oriente. O título é “Os Estados Unidos criaram o Estado Islâmico”. Esta é uma das teorias da conspiração, das milhares que há no Médio Oriente.
Mas esta vem de outra fonte: do coração do establishment dos EUA. Fuller apressa-se a esclarecer que não quer dizer que os EUA decidiram dar existência ao EI e depois financiá-lo. O que ele sustenta – e eu acho uma opinião correta – é que os EUA criaram o ambiente do qual nasceu e se desenvolveu o EI. Em parte, a abordagem foi o padrão martelada: esmaga-se aquilo de que não se gosta.
Em 2003, o Reino Unido e os EUA invadiram o Iraque, um grande crime. Ainda esta noite, o Parlamento britânico concedeu ao governo a autoridade para bombardear o Iraque de novo. A invasão foi devastadora. O Iraque já tinha sido virtualmente destruído, em primeiro lugar pela guerra de dez anos contra o Irão, na qual, diga-se de passagem, o Iraque foi apoiado pelos EUA; e logo em seguida, pela década de sanções económicas.
Estas foram descritas como “genocidas” pelos respeitados diplomatas internacionais que as administraram, e ambos se demitiram em protesto. As sanções devastaram a sociedade civil, reforçaram o ditador, forçando a população a depender dele para sobreviver. Esse é provavelmente o motivo de não ter seguido o mesmo caminho de todo um grupo de ditadores que foram derrubados.
A invasão  do Iraque é comparada por muitos iraquianos à invasão mongol ocorrida mil anos antes.
Finalmente, os EUA decidiram atacar o país em 2003. O  ataque é comparado por muitos iraquianos à invasão mongol ocorrida mil anos antes.Terrivelmente destrutiva. Centenas de milhares de pessoas mortas, milhões de refugiados, milhões de outras pessoas deslocadas, destruição de riquezas arqueológicas do país dos tempos da Suméria.
Um dos efeitos da invasão foi imediatamente instituir divisões sectárias. Parte do fulgor da força de invasão e do seu diretor civil, Paul Bremer, foi separar as seitas, sunitas, xiitas, curdos e provocar os conflitos entre elas. Num par de anos, havia um enorme, brutal conflito sectário incitado pela invasão.
Para comprovar isto basta olhar para Bagdade. Se virmos um mapa de, digamos, 2002, trata-se de uma cidade misturada: sunitas e xiitas vivem nos mesmos bairros, por vezes nem se sabe quem é sunita ou xiita. É como saber se os seus amigos são de um grupo protestante ou de outro. Havia diferenças, mas não hostilidade.
De facto, durante alguns anos ambos os lados diziam: nunca haverá conflitos sunitas-xiitas. Estamos demasiado misturados na natureza das nossas vidas. Mas em 2006 já havia uma guerra enraivecida. Esse conflito espalhou-se a toda a região. Hoje, toda ela está dividida pelos conflitos sunitas-xiitas.
A dinâmica natural de um conflito como esse é que os elementos mais extremistas começam a ser predominantes. Tinham raízes. As raízes vêm do maior aliado dos EUA, a Arábia Saudita, que tem sido o principal aliado dos EUA na região desde que Washington se envolveu seriamente, de facto desde a fundação do estado saudita. É uma espécie de ditadura familiar. O motivo é ter uma quantidade enorme de petróleo.
O Reino Unido, antes dos EUA, preferia habitualmente o islamismo radical ao nacionalismo laico. E quando os EUA assumiram o seu papel, na essência seguiram o mesmo padrão. O islamismo radical tem o centro na Arábia Saudita. É o mais extremista, radical estado islâmico do mundo. Faz o Irão parecer um país tolerante e moderno por comparação e, evidentemente, as partes laicas do Médio Oriente árabe ainda mais.
Não só é orientado por uma versão extremista do Islão, a versão salafista wahabista, como também é um estado missionário. Usa os seus enormes recursos do petróleo para promulgar estas doutrinas por toda a região. Cria escolas, mesquitas, clérigos por toda a parte, do Paquistão ao Norte de África.
A doutrina abraçada pelo Estado Islâmico é uma versão extremista do extremismo saudita.
A doutrina abraçada pelo Estado Islâmico é uma versão extremista do extremismo saudita. Cresceu ideologicamente da mais extremista forma do Islão, a versão saudita, e os conflitos que foram engendrados pelo martelo dos EUA que esmagou o Iraque espalhou-se agora para todo o lado. É o que Fuller quer dizer.
A Arábia Saudita não só fornece o núcleo ideológico que levou ao extemismo radical do EI, como também o financia. Não o governo saudita, mas os ricos sauditas e kuwaitianos e outros dão fundos e apoio ideológico a estes grupos jihadistas que florescem por todo o lado. O ataque à região levado a cabo por britânicos e os EUA é a fonte onde tudo isto tem origem. Foi o que Fuller quis dizer ao afirmar que os EUA criaram o EI.
Pode-se ter a certeza de que à medida que o conflito se desenvolva, eles vão ficar mais extremistas. Os mais brutais, mais duros grupos vão ganhar predominância. É o que acontece quando a violência se torna no meio de interação. É quase automático. Isto é assim tanto nos bairros quanto nos assuntos internacionais. As dinâmicas são perfeitamente evidentes. É o que está a acontecer. É de onde vem o EI. Se conseguirem destruir o EI, terão de lidar com algo mais extremista.
E os média são obedientes. No discurso de 10 de setembro, Obama citou dois países como histórias de sucesso da estratégia de contra-insurgência dos EUA. Que países são esses? Somália e Iémene. Toda a gente devia estar de queixo caído, mas no dia seguinte o silêncio era total, não havia comentários sobre isto.
O caso da Somália é particularmente horrendo. O Iémene é mau demais. A Somália é um país extremamente pobre. Não vou falar da história toda. Mas um dos grandes sucessos da política de contraterror da administração Bush foi que conseguiram fechar uma instituição de caridade, a Barakat, que abastecia o terrorismo na Somália. Grande excitação na imprensa. Grande triunfo.
Uns meses depois, os factos começaram a ganhar a luz do dia. A instituição de caridade não tinha absolutamente nada a ver com o terrorismo na Somália. Tinha a ver sim com a banca, o comércio, os hospitais. Mantinha de certa forma viva a economia somali, profundamente empobrecida e abalada. Ao fechar a instituição, a administração Bush acabou com isto. Foi a contribuição para a contra-insurgência. Foram-lhe dedicadas umas poucas linhas, que podem ser lidas em livros sobre finanças internacionais. É o que foi feito à Somália.
Houve um momento em que os chamados Tribunais Islâmicos, uma organização islâmica, tinha conseguido uma espécie de paz na Somália. Não era um regime bonito, mas pelo menos era pacífico e o povo estava mais ou menos a aceitá-lo. Os EUA não o toleraram, e apoiaram uma invasão etíope para destruí-lo e fazer toda a região numa enorme confusão. Grande sucesso.
O Iémene tem também a sua história de terror.
Esta é a tradução de uma parte da entrevista publicada no site informativo Jacobin.
Traduzido por Luis Leiria para o Esquerda.net

terça-feira, março 10, 2015

Descobertas do baú: a origem da moral segundo Karl Marx

Karl Marx
Karl Marx: a moral é uma mentira inventada pelos poderosos
            Marx (1818-1883) não gostava da filosofia tradicional. Escreveu-o com toda a clareza: “Tudo o que os filósofos fizeram foi interpretar o mundo de diferentes maneiras, mas o que importa é transformá-lo.” Por aqui se pode ver que as suas preocupações eram essencialmente práticas. Não lhe interessava o homem abstracto de que falavam os filósofos, mas as pessoas concretas que ele pretendia ajudar. Toda a teoria marxista se orienta neste sentido: libertar os oprimidos, criar um mundo mais humano. A intenção, como se vê, não é nova; os meios preconizados para a realizar são, no entanto, francamente originais. Vejamos porquê.

            Dizemos muitas vezes que todos os homens são iguais. Mas se olharmos para a realidade com um pouco de atenção, verificamos que tal não acontece. Qual é a origem das desigualdades? Marx não tem dúvidas: a propriedade privada. Tudo mudou quando o primeiro homem disse: isto é meu! Nesse dia nasceram as classes sociais. O critério para classificar os homens passou a ser o “ter”. Possuir propriedade privada, no início a terra, depois essencialmente a indústria, passou a ser para o homem o objetivo principal. A história da humanidade é o palco desta “luta de classes” e o resultado, afirmou Marx baseando-se no seu tempo, é a profunda desigualdade existente entre uma minoria de poderosos, a burguesia, e a esmagadora legião de oprimidos, os trabalhadores.

            O raciocínio de Marx é o seguinte: se a origem das desigualdades é a propriedade privada, “corta-se o mal pela raiz” abolindo a propriedade privada. Ora, como os que a detêm não a vão dar “de mão beijada”, a única solução é a maioria unir-se e tomá-la pela força, ou seja, fazendo uma Revolução. Esta violência, não sendo desejável, era para Marx inevitável. Os fins justificam os meios, pensava ele, porque o fim a atingir é uma sociedade mais justa, sem pobres nem ricos, sem propriedade privada nem classes, em que as terras, as fábricas e todos os meios de produção sejam pertença comum de todos os homens. Numa palavra, o Comunismo.

            Mas, se isso é realmente assim, por que motivos os trabalhadores não fazem nada para alterar a situação? — poder-se-ia perguntar. É aqui que entra a questão da moral. As pessoas não fazem nada porque julgam que isso é errado. Como foram educadas no sentido de respeitar as normas morais vigentes, pensam que elas existem precisamente para serem respeitadas. Marx diz que isso é uma mentira, mas uma mentira tão bem “contada”, que até parece que é verdade. A isso chama ele ideologia. Na sua opinião, a moral surgiu como tentativa de legitimar a propriedade privada e o poder dela decorrente. Quem a inventou? Aqueles a quem as proibições morais são favoráveis: a classe dominante. Por exemplo: a quem convém a regra “não roubarás!” ? Aos que nada possuem não é de certeza...

            A moral surgiu, assim, como uma “arma ideológica” ao serviço da classe dominante. E para que as classes dominadas não se apercebessem da sua verdadeira função, a moral foi sendo apresentada como algo imparcial, válida para todos os homens e sancionada por Deus. Marx, que era ateu, via na religião um aliado poderoso da moral: a esperança na vida eterna “adormeceria” os trabalhadores, levá-los-ia a aceitar passivamente os costumes e as normas,  de tal modo que já não se importariam com a sua deplorável situação real. É esse o sentido da frase “a religião é o ópio do povo”.

            Em resumo, segundo Karl Marx, a moral não nasce com o homem: ela é uma invenção, e uma invenção enganadora. A sua função é negativa: serve para convencer os desfavorecidos de que a desigualdade social é uma coisa natural. Uma vez desmascarada, o seu carácter de classe vem ao de cima. Na sociedade sem classes por que lutou, este tipo de moral subjugadora seria substituída por valores humanistas, em que o ser humano valesse por aquilo que é e não por aquilo que tem ou deixa de ter.
            Assim pensava Karl Marx. Como é sabido, não foi exatamente isso que foi feito em nome do “Marxismo”...
Diego Rivera e Frida Kahlo diante de um mural do artista
            A par da economia e, naturalmente, da política, a arte foi um dos domínios da criação humana que foi fortemente influenciado pelas ideias de Marx. Escolhi um exemplo retirado da música (e um exemplo português) para ilustrar o carácter engagé (comprometido politicamente) de um estilo de música que, por esse motivo, é conhecido como “música de intervenção”.
            Chamo especialmente a atenção para a letra:
A paz, o pão 

habitação 

saúde, educação 

Só há liberdade a sério quando houver 

Liberdade de mudar e decidir 

quando pertencer ao povo o que o povo produzir
In "A filosofia vai ao cinema"
          

sábado, março 07, 2015

Catarina Martins Bloco exige que primeiro-ministro mostre contribuições

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, exigiu hoje ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que mostre o seu registo de contribuições para a Segurança Social e fiscal antes do debate quinzenal de quarta-feira na Assembleia da República.
Política
Bloco exige que primeiro-ministro mostre contribuições
Lusa
Ao discursar num almoço comício do Bloco de Esquerda (BE) em Pechão, no concelho de Olhão, distrito de Faro, Catarina Martins disse que se Pedro Passos Coelho não esclarecer as dúvidas que o partido tem sobre as contribuições que devia ter pago à Segurança Social entre 1999 e 2004, não tem condições para exercer o cargo.
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Catarina Martins considerou que este assunto é "sério", disse estar "em causa o regime e a democracia" e defendeu que "Pedro Passos Coelho tem que responder", porque este é um assunto que "já se arrasta há tempo demais" e "há tempo demais que o primeiro-ministro dá explicações que nada explicam e que só contribuem para insultar o país".
"E portanto é bom que o senhor primeiro-ministro o faça e o faça antes de quarta-feira, quando há debate quinzenal na Assembleia da República. Porque não pode um primeiro-ministro que está sob suspeita de não respeitar as mais básicas obrigações como cidadão, estar a responder ao parlamento enquanto primeiro-ministro, sem ter explicado exatamente tudo o que fez e tudo o que pagou", afirmou a dirigente do Bloco.
Catarina Martins disse que hoje foram públicas na imprensa notícias que dão conta de que "dos 58 meses de calote que o senhor primeiro-ministro deu à Segurança Social quando ainda era só o Pedro, terá pagado apenas 32 meses".
"Ou seja, há 26 meses de calote na Segurança Social ainda", criticou, frisando que isto causa um "problema político" ao Governo, que tem tido ao longo destes anos "um discurso moralista sobre os portugueses" e os fez serem "fiscais uns dos outros", além de as suas primeiras habitações serem penhoradas caso tenham dívidas ao fisco.
Por isso, Catarina Martins disse que o Bloco vai apresentar um projeto de resolução no parlamento para proibir a penhora de primeiras residências a pessoas com dívidas ao fisco, que disse ser prática de um país que "não é sério e que respeite as pessoas".
"Não há nada que justifique que alguém fique sem teto para morar", defendeu.