Cofres do Estado cheios, bolsos dos portugueses vazios
– Aumento enorme de impostos e cortes brutais nas prestações sociais
por Eugénio Rosa
[*]
Numa reunião da juventude do PSD, a ministra das Finanças
gabou-se de ter os "cofres cheios" de dinheiro. No entanto, ela
"esqueceu-se" de explicar como conseguia isso. E isso foi conseguido
à custa dos enormes aumentos de impostos, nomeadamente IRS e IVA, que
é atualmente uma das causas mais importantes dos enormes cortes nos
rendimentos dos portugueses, e de cortes brutais nas prestações
sociais. É isso que vamos provar de uma forma quantificada neste estudo
utilizando apenas dados oficiais.
EM JANEIRO DE 2015, OS DEPOSITOS DO ESTADO SOMAVAM 23.940 MILHÕES €, CUSTANDO AOS CONTRIBUINTES PORTUGUESES 478,8 MILHÕES € POR ANO SÓ DEJUROS
O quadro 1, com os dados mais recentes do Banco de Portugal sobre a divida pública, permite ficar a saber qual o montante de depósitos financiados por empréstimos obtidos pelo governo no período 2010-2015, e estimar o custo para os contribuintes portugueses dessa política de "cofres cheios", que encanta a ministra Maria Luís.
EM JANEIRO DE 2015, OS DEPOSITOS DO ESTADO SOMAVAM 23.940 MILHÕES €, CUSTANDO AOS CONTRIBUINTES PORTUGUESES 478,8 MILHÕES € POR ANO SÓ DEJUROS
O quadro 1, com os dados mais recentes do Banco de Portugal sobre a divida pública, permite ficar a saber qual o montante de depósitos financiados por empréstimos obtidos pelo governo no período 2010-2015, e estimar o custo para os contribuintes portugueses dessa política de "cofres cheios", que encanta a ministra Maria Luís.
A política de pedir emprestado para constituir depósitos
acelerou-se de uma forma significativa com o governo PSD/CDS, esquecendo o
custo que tal politica tem para os contribuintes portugueses. Entre Dezembro de
2010 e Janeiro de 2015, os depósitos do Estado alimentados com os
empréstimos aumentaram 5,3 vezes, pois passaram, nesse período,
de 4.498 milhões € para 23.940 milhões €. Admitindo que
por estes empréstimo o Estado paga uma taxa de juro média de 2%
por ano (a taxa de juro paga pelos empréstimos concedidos pela
"troika" é 2,9%, variando entre 2,1% e 3,7%), que é uma
taxa baixa, tais empréstimos que financiam os depósitos de que a
ministra tanto se gaba custarão, por ano, aos contribuintes portugueses,
só de juros, 478,8 milhões €. Pode acontecer que uma
parcela deste custo suplementar para os portugueses, que não reduz a
divida até a aumenta, possa ser compensada com os juros obtidos pela
colocação desses montantes em depósitos na banca
portuguesa, mas isso será sempre muito reduzida tendo em conta que os
juros de depósitos bancários estão muito baixos como
é do conhecimento dos portugueses. Associada a este politica de
"cofres cheios" está uma outra que serve também para
financiar esta, e que consiste no corte brutal das prestações
sociais que está a atirar milhões de portugueses para a
miséria. Segundo a Síntese Execução
Orçamental de 2014 do Ministério das Finanças , o corte
nas despesas com prestações sociais –
abono de família, subsidio de doença, subsidio de desemprego,
Complemento Solidário de Idoso e Rendimento Social de
Inserção
– foi em 2014 de 578,8 milhões €, já que a despesa da
Segurança Social com estas prestações sociais diminuiu,
entre 2013 e 2014, de 4.366,9 milhões € para 3.788,1 milhões
€. E nos dois primeiros meses de 2015, sofreu mais um corte de 107,5
milhões €.
É desta forma que é financiada a política de "cofres
cheios" de que se gaba a ministra, ou seja, à custa de mais divida
pública, que determina mais encargos (478,8 milhões € por
ano só de juros), financiados com aumentos enormes de impostos e com
cortes brutais nas prestações sociais
.
O ENORME AUMENTO DE IMPOSTOS FEITO POR ESTE GOVERNO EM 2012, E MANTIDO EM 2015 É A PRINCIPAL CAUSA DA REDUÇÃO DO PODER DE COMPRA DOS TRABALHADORES
No passado, a causa mais importante da redução do poder de compra dos trabalhadores e de outras camadas desfavorecidas da população era a inflação, ou seja, o aumento rápido dos preços. Atualmente, devido á baixa taxa de inflação a causa principal, para além do congelamento das remunerações e pensões, é o enorme aumento de impostos, nomeadamente os que atingem principalmente aquelas classes sociais, que são o IRS e o IVA. O quadro 2, construído com dados divulgados pelo próprio governo nos relatórios que acompanham o Orçamento do Estado de cada ano, mostra isso.
O ENORME AUMENTO DE IMPOSTOS FEITO POR ESTE GOVERNO EM 2012, E MANTIDO EM 2015 É A PRINCIPAL CAUSA DA REDUÇÃO DO PODER DE COMPRA DOS TRABALHADORES
No passado, a causa mais importante da redução do poder de compra dos trabalhadores e de outras camadas desfavorecidas da população era a inflação, ou seja, o aumento rápido dos preços. Atualmente, devido á baixa taxa de inflação a causa principal, para além do congelamento das remunerações e pensões, é o enorme aumento de impostos, nomeadamente os que atingem principalmente aquelas classes sociais, que são o IRS e o IVA. O quadro 2, construído com dados divulgados pelo próprio governo nos relatórios que acompanham o Orçamento do Estado de cada ano, mostra isso.
Entre 2010 e 2015, com a "
troika
" e governo PSD/CDS, as receitas de impostos aumentaram em Portugal em
8.247 milhões €, pois passaram de 30.627 milhões € para
38.874 milhões € como revelam os dados do Ministério das
Finanças. As receitas de IRS e de IVA representam 93% deste aumento
total. Só o aumento verificado no IRS (4.068 milhões €)
correspondeu a 49,3% do aumento de receitas fiscais verificado entre 2010 e
2015. E tenha-se presente que, segundo dados divulgados também pelo
Ministério das Finanças, 90,5% dos rendimentos declarados para
efeitos de pagamento de IRS são rendimentos do trabalho e
pensões, portanto são os trabalhadores e pensionistas os mais
atingidos com o "enorme" aumento de IRS de que falava Vitor Gaspar.
Este aumento brutal da carga fiscal em Portugal que atingiu fundamentalmente os trabalhadores, os pensionistas e outras classes desfavorecidas da população não se alterou nada em 2015, tendo-se mesmo agravado, como revelam também os dados do quadro 2. Ao enorme aumento de impostos verificado em Portugal a partir de 2012, foi acrescentado em 2015, pelo governo PSD/CDS, mais impostos que se traduzem num aumento da receita fiscal, relativamente a 2014, que o governo prevê em mais 2.066 milhões €.
Os dados da execução do Orçamento do Estado referentes aos dois primeiros meses de 2015 (Janeiro./Fevereiro) que o Ministério das Finanças acabou de divulgar, revelam que o Estado arrecadou nestes dois meses mais 132 milhões € do que em igual período de 2014, somando as receitas fiscais totais destes dois meses 6.365 milhões € em 2015, sendo 2.223 milhões € (34,9%) de IRS; 3.118 milhões € (49%) de IVA; e apenas 147,2 milhões € (2,3%) de IRC. Fica assim mais claro quem está a financiar os "cofres cheios" de que a ministra das Finanças se gabou.
Este aumento brutal da carga fiscal em Portugal que atingiu fundamentalmente os trabalhadores, os pensionistas e outras classes desfavorecidas da população não se alterou nada em 2015, tendo-se mesmo agravado, como revelam também os dados do quadro 2. Ao enorme aumento de impostos verificado em Portugal a partir de 2012, foi acrescentado em 2015, pelo governo PSD/CDS, mais impostos que se traduzem num aumento da receita fiscal, relativamente a 2014, que o governo prevê em mais 2.066 milhões €.
Os dados da execução do Orçamento do Estado referentes aos dois primeiros meses de 2015 (Janeiro./Fevereiro) que o Ministério das Finanças acabou de divulgar, revelam que o Estado arrecadou nestes dois meses mais 132 milhões € do que em igual período de 2014, somando as receitas fiscais totais destes dois meses 6.365 milhões € em 2015, sendo 2.223 milhões € (34,9%) de IRS; 3.118 milhões € (49%) de IVA; e apenas 147,2 milhões € (2,3%) de IRC. Fica assim mais claro quem está a financiar os "cofres cheios" de que a ministra das Finanças se gabou.
27/Março/2015
[*]
edr2@netcabo.pt
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