Centro de Atenas transformado em praça de guerra
Confrontos com a polícia duraram horas, num dia de greve total em que só o metro de Atenas funcionou para transportar os manifestantes. Papandreu usa argumento de patriotismo para tentar evitar defecções na sua bancada.
Confrontos duraram horas. Foto EPA/ORESTIS PANAGIOTU
Jovens atiraram pedras e paus contra a polícia de choque no centro de Atenas, que ripostou com saraivadas de gás lacrimogéneo e granadas de efeito moral. A polícia disse que 18 pessoas foram detidas, sendo cinco delas mais tarde presas, enquanto 21 polícias foram feridos.
Greve total
A greve paralisou todos os serviços públicos e os transportes. De médicos a condutores de ambulâncias, dos trabalhadores dos casinos e até mesmo actores de teatro aderiram à paralisação. No sector da energia, a greve provocou apagões em diversos pontos do país.
Centenas de voos foram cancelados ou reprogramados devido à greve dos controladores de tráfego aéreo. As greves dos trabalhadores dos transportes públicos tornaram o trânsito caótico e deixaram os turistas abandonados no porto de Pireu. Os trabalhadores do metro de Atenas, porém, que começaram o dia em greve, voltaram ao trabalho para transportar os trabalhadores que quiseram participar das manifestações.
Maioria em risco
O Partido da Nova Democracia, de direita, opõe-se ao novo pacote do governo socialista do primeiro-ministro Papandreu, criticando os aumentos de impostos. O Pasok, porém, dispõe de maioria absoluta: 155 deputados em 300, o que garantiria uma maioria confortável. Mas há quatro deputados socialistas que se rebelaram, deixando a maioria do Pasok por um fio.
A Comissão Europeia e os governos alemão e francês têm feito chantagem sobre Atenas, exigindo a unanimidade do apoio (governo e oposição) às novas medidas de austeridade, para pagar a última tranche do empréstimo negociado há um ano. Mas, com a recusa da Nova Democracia, o máximo que pode acontecer é uma aprovação por pequena margem. Mas o resultado é de tal forma incerto que já levou Papandreu a invocar o último e desesperado argumento: o patriotismo.
As novas medidas incluem aumentos de impostos e taxas e criação de novos impostos, cortes de subsídios sociais, privatizações de praticamente todas as estatais e despedimentos de funcionários públicos.
O comissário dos assuntos económicos, Olli Rehn, reforçou o tom ameaçador, afirmando que "não existe plano B" para a situação grega.
0 comentários:
Enviar um comentário