BE: Moção da actual direcção quer governo de esquerda assente na ruptura com a troika
A moção de estratégia proposta pela atual direção do Bloco de Esquerda para os próximos dois anos, e que será hoje discutida, defende um governo de esquerda assente na rutura com o memorando da `troika´.
A moção afeta à atual direção do BE sustenta que "a Grécia demonstra que, face à política do memorando, abre-se caminho a uma alternativa de governo contra a ´troika´" e estabelece que "o Bloco proporá um governo de esquerda assente na rutura com o memorando da ´troika´", uma proposta "de unidade, de aliança política aberta".O texto da moção terá que ser entregue até ao próximo dia 20 de acordo com os regulamentos da VIII Convenção bloquista, que se realiza a 10 e 11 de novembro e que definirá a nova liderança do partido.
No discurso de encerramento do Fórum Socialismo 2012, a última 'rentrée' política que fez como coordenador do Bloco de Esquerda, no domingo, Francisco Louçã admitiu que a ideia de um governo de esquerda "criará muitas dúvidas".
"Esse governo de esquerda, que é a grande luta que temos que travar, criará muitos debates certamente, muita contraposição, muitas dúvidas. Mas uma coisa ele fará, perante toda a oposição social ele dirá que luta pela igualdade e pelo respeito", disse.
O texto condena o "manobrismo político das forças que protegem a alternância" afirmando que tal estratégia "serve para iludir a continuação do seu apoio ao memorando".
"Ficou demonstrado nas eleições gregas qual é o destino dos discursos ambíguos à esquerda: os que recusaram uma rutura com o memorando, integram agora o apoio parlamentar ao governo Samaras, reduzindo-se a um instrumento de reabsorção pelo campo austeritário de parte da base perdida pelo Pasok", considera a moção.
Pelo contrário, prossegue, "o Syriza, com uma estratégia independente e de confronto com a ´troika´, foi escolhido por um amplo setor social como expressão de um europeísmo de esquerda que recusa a bancarrota e a saída do Euro" - ficando em segundo lugar nas eleições de junho.
Por isso, defendem os subscritores, "abre-se espaço à esquerda para o confronto sistemático da base de apoio do PS com os crimes sociais da austeridade".
"Este é o nosso centro: toda a unidade política e social do campo da rutura com o memorando", defende o texto, redigido, entre outros, pelos deputados João Semedo e Pedro Filipe Soares, a eurodeputada Marisa Matias e os dirigentes Jorge Costa, Rita Calvário e José Gusmão.
O governo defendido na proposta bloquista "deve corresponder a um mapa político reconfigurado, desde logo no campo político e social do PS, para que muitos se juntem à oposição ao memorando" e "exige também disponibilidade unitária do PCP" e "sobretudo, um novo protagonismo popular".
"Só esse movimento pode dar força a escolhas estratégicas fundamentias: radical redistribuição da riqueza social, modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável, saída de Portugal da NATO e de todas as alianças militares agressivas".
A reunião do "núcleo duro" da Moção A será a primeira após o líder do partido ter anunciado a saída do lugar de coordenador na próxima Convenção e defendido publicamente uma nova direção partilhada entre os deputados João Semedo e Catarina Martins.
A proposta de Louçã gerou algumas críticas, designadamente por parte de dirigentes mais ligados à Política XXI/Manifesto (Ana Drago, Marisa Matias e José Gusmão), uma das alas fundadoras do partido, mas é maioritariamente apoiada dentro da Comissão Política.
Os defensores desta coordenação "a dois" têm frisado a importância de consensualizar este modelo dentro do partido e que seja "amplamente maioritária".
Diário Digital com Lusa
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