terça-feira, setembro 04, 2012

BE: Moção da actual direcção quer governo de esquerda assente na ruptura com a troika

A moção de estratégia proposta pela atual direção do Bloco de Esquerda para os próximos dois anos, e que será hoje discutida, defende um governo de esquerda assente na rutura com o memorando da `troika´.

A moção afeta à atual direção do BE sustenta que "a Grécia demonstra que, face à política do memorando, abre-se caminho a uma alternativa de governo contra a ´troika´" e estabelece que "o Bloco proporá um governo de esquerda assente na rutura com o memorando da ´troika´", uma proposta "de unidade, de aliança política aberta".
O texto da moção terá que ser entregue até ao próximo dia 20 de acordo com os regulamentos da VIII Convenção bloquista, que se realiza a 10 e 11 de novembro e que definirá a nova liderança do partido.
No discurso de encerramento do Fórum Socialismo 2012, a última 'rentrée' política que fez como coordenador do Bloco de Esquerda, no domingo, Francisco Louçã admitiu que a ideia de um governo de esquerda "criará muitas dúvidas".
"Esse governo de esquerda, que é a grande luta que temos que travar, criará muitos debates certamente, muita contraposição, muitas dúvidas. Mas uma coisa ele fará, perante toda a oposição social ele dirá que luta pela igualdade e pelo respeito", disse.
O texto condena o "manobrismo político das forças que protegem a alternância" afirmando que tal estratégia "serve para iludir a continuação do seu apoio ao memorando".
"Ficou demonstrado nas eleições gregas qual é o destino dos discursos ambíguos à esquerda: os que recusaram uma rutura com o memorando, integram agora o apoio parlamentar ao governo Samaras, reduzindo-se a um instrumento de reabsorção pelo campo austeritário de parte da base perdida pelo Pasok", considera a moção.
Pelo contrário, prossegue, "o Syriza, com uma estratégia independente e de confronto com a ´troika´, foi escolhido por um amplo setor social como expressão de um europeísmo de esquerda que recusa a bancarrota e a saída do Euro" - ficando em segundo lugar nas eleições de junho.
Por isso, defendem os subscritores, "abre-se espaço à esquerda para o confronto sistemático da base de apoio do PS com os crimes sociais da austeridade".
"Este é o nosso centro: toda a unidade política e social do campo da rutura com o memorando", defende o texto, redigido, entre outros, pelos deputados João Semedo e Pedro Filipe Soares, a eurodeputada Marisa Matias e os dirigentes Jorge Costa, Rita Calvário e José Gusmão.
O governo defendido na proposta bloquista "deve corresponder a um mapa político reconfigurado, desde logo no campo político e social do PS, para que muitos se juntem à oposição ao memorando" e "exige também disponibilidade unitária do PCP" e "sobretudo, um novo protagonismo popular".
"Só esse movimento pode dar força a escolhas estratégicas fundamentias: radical redistribuição da riqueza social, modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável, saída de Portugal da NATO e de todas as alianças militares agressivas".
A reunião do "núcleo duro" da Moção A será a primeira após o líder do partido ter anunciado a saída do lugar de coordenador na próxima Convenção e defendido  publicamente uma nova direção partilhada entre os deputados João Semedo e Catarina Martins.
A proposta de Louçã gerou algumas críticas, designadamente por parte de dirigentes mais ligados à Política XXI/Manifesto (Ana Drago, Marisa Matias  e José Gusmão), uma das alas fundadoras do partido, mas é maioritariamente apoiada dentro da Comissão Política.
Os defensores desta coordenação "a dois" têm frisado a importância de consensualizar este modelo dentro do partido e que seja "amplamente maioritária".
Diário Digital com Lusa

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