sábado, fevereiro 20, 2010

HERÓIS DO MAR

A ENTRADA de Fernando Nobre na corrida das presidenciais baralha o jogo das esquerdas. É um sinal de divisão no interior do Partido Socialista que ajuda a transformar a recandidatura de Cavaco Silva num passeio até Belém. O médico que dirige a AMI apresenta-se como independente, mas ninguém ignora a mão invisível de Mário Soares. O patriarca do socialismo democrático lembra ao adversário Manuel Alegre que a vingança se serve gelada na política, quatro anos depois da “traição” do poeta nas eleições de 2006. Candidatar Fernando Nobre é uma cartada de mestre, entrando como faca política na manteiga eleitoral de Alegre. Desde logo no próprio Movimento de Intervenção e Cidadania, mas também no Bloco de Esquerda e no PCP, onde é bem visto pelas posições públicas que assumiu contra a guerra do Iraque. E não só. Tal como Manuel Alegre, Fernando Nobre tem uma costela marialva, sendo dado como monárquico. Divide militantes e dirigentes do PS, a começar pela ala soarista, como já se viu nas declarações dos fiéis escudeiros Vítor Ramalho e Alfredo Barroso. Fernando Nobre é uma nova dor de cabeça para José Sócrates, que terá de avançar sobre brasas socialistas para o apoio a Alegre. Ironias da história: Cavaco Silva ainda vai agradecer ao velho adversário Soares a vitória nas próximas presidenciais.
Jornal I

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