«Não serei candidato em nome de nenhum partido», diz Manuel Alegre Manuel Alegre garantiu hoje, no Porto, que não será «candidato [à Presidência da República] em nome de nenhum partido» mas sim «por Portugal e pela necessidade de dar uma nova esperança à democracia portuguesa» |
Manuel Alegre falou hoje no final de um almoço comemorativo do 31 de Janeiro, promovido pelo Movimento de Intervenção e Cidadania da Região do Porto, que decorreu na mesma cidade onde, poucas horas antes, Cavaco Silva iniciou oficialmente as comemorações do centenário da República.
O ex-deputado socialista, que a 15 de janeiro anunciou a sua disponibilidade para se candidatar novamente à Presidência da República, afastou a hipótese de entrar nesta corrida eleitoral «em nome» de um partido.
«Não há democracia representativa sem os partidos, mas os partidos não podem monopolizar a democracia», considerou Alegre, que acrescentou que «o cargo de Presidente da República (PR) é unipessoal e independente».
Alegre disse não renegar o seu «percurso», as suas «convicções» ou a sua «afetividade partidária», mas considerou «irónico» que alguns «que durante décadas combateram o PS e as suas causas, venham hoje, por puro oportunismo e com o zelo de recém-convertidos, fazer a defesa dos supostos interesses do PS».
«Seria bom que na Presidência da República houvesse uma visão mais aberta e defensora das liberdades, da igualdade e do respeito pelas minorias», enfatizou, acrescentando que «a tolerância passa desde logo por não querer impor, em leis gerais da República, dogmas ou juízos de censura moral e religiosa».
Garantido que não se apresenta como «um salvador da pátria», o também candidato ao cargo de PR nas últimas eleições, disse que não ia ser «um presidente corta-fitas».
«É desejável, especialmente em períodos de crise, que o Presidente exerça uma magistratura de influência e promova uma cultura de responsabilidade, mas não no sentido de patrocinar alianças nem de interferir no consenso ou dissenso que tem o seu lugar próprio: os partidos políticos e a Assembleia da República», avisou.
Alegre enfatizou ainda o facto de que não se irá candidatar «para governar», não tendo «como objetivo principal e imediato criar as condições para demitir o atual governo, ou outro, na primeira oportunidade».
«A minha decisão é pessoal e marca desde já o propósito de independência que é inerente ao cargo de Presidente da República», afirmou, acrescentando que «não obriga nem pressiona ninguém».
Para além das questões da candidatura à Presidência da República, houve ainda espaço no discurso de Alegre para falar sobre aquilo que considera ser «uma crise mundial sem paralelo».
«As empresas de rating, que perderam toda a credibilidade depois da crise de 2007, estão a fazer pressões inadmissíveis sobre o orçamento português, contra as quais já reagiu, e bem, o Ministro das Finanças», considerou.
Alegre falou «em racismo económico», com um «desagradável sabor a ultimatum» aquilo que as agências de rating têm feito ao equiparar Portugal à Grécia.
No almoço comemorativo do 31 de janeiro, estiveram alguns nomes do PS/Porto, como o líder da oposição da autarquia portuense, Correia Fernandes, o opositor a Renato Sampaio nas últimas eleições para a distrital socialista do Porto, Pedro Baptista, e o deputado da Assembleia Municipal do Porto, Gustavo Pimenta.
Do Bloco de Esquerda estiveram o deputado eleito pelo círculo do Porto, João Semedo, e o candidato nas últimas eleições autárquicas à Câmara do Porto, João Teixeira Lopes.
Lusa / SOL
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