segunda-feira, março 22, 2010

Alegre: "Privatizações não respondem ao interesse público" criar PDF versão para impressão enviar por e-mail

Manuel Alegre em Bragança: Governo devia pedir sacrifícios "ao sector financeiro, que é o grande beneficiário do sector público"Num jantar com apoiantes em Bragança, Manuel Alegre deixou críticas às medidas anunciadas no PEC do Governo e considerou os prémios milionários dos gestores públicos como "um escândalo para a saúde da República".


A proposta de privatizações anunciada pelo governo de José Sócrates foi duramente criticada pelo candidato presidencial: "Ao prever a privatização de serviços públicos essenciais, como a Rede Eléctrica Nacional ou os CTT, ainda por cima rentáveis, não se está a pretender uma melhoria da sua gestão e uma resposta ao interesse público, mas apenas a querer obter rapidamente uma receita extraordinária. Além disto ser muito negativo para as regiões do interior", acrescentou Manuel Alegre.

"Também me parece que um país como o nosso não pode prescindir de uma transportadora aérea nacional que garanta a ligação com o Brasil, Estados Unidos da América e os países lusófonos de África", acrescentou Alegre, referindo-se ao plano do governo para vender a TAP. "Estas privatizações, a concretizarem-se, comprometem talvez irremediavelmente o chamado Estado estratega, ou seja, a função estratégica do Estado", alerta o candidato.

Manuel Alegre referiu-se também ao Programa de Estabilidade e Cresceimento proposto pelo governo, dizendo que "o esforço de contenção que é pedido pelo PEC é desigualmente distribuído". E deu o exemplo dos prémios milionários dos gestores. "Não é moralmente aceitável que enquanto se impõe o congelamento de salários na Função Pública, haja gestores de empresas com capitais públicos que se atribuem milhões de euros de prémios e benefícios. É um escândalo para a saúde da República", afirmou o candidato, arrancando fortes aplausos dos presentes no jantar de apoio.

Alegre defendeu que o que Portugal precisa "não é do código de conduta das medidas orçamentais impostas pelo Banco Central Europeu, mas de uma austeridade republicana exemplar, a partir de cima". "Desde os titulares dos órgãos de soberania aos administradores de empresas públicas", concretizou.

"Nenhum constrangimento vindo de fora pode pôr em causa serviços públicos essenciais ao povo português como a Segurança Social, a escola pública e o Serviço Nacional de Saúde", afirmou.

Ainda sobre o PEC, Alegre defendeu que "as medidas positivas, como por exemplo a taxação das mais valias e a criação dum novo escalão do IRS, deviam ter sido acompanhadas por sacrifícios pedidos ao sector financeiro, que é o grande beneficiário do sector público, e aos grupos sociais mais privilegiados num dos países da Europa com maiores desigualdades". Para o candidato, o rumo desta política "tem um custo social excessivo, que vai recair sobre a classe média e média-baixa".

O candidato também se referiu à recente entrevista de Cavaco Silva na RTP. "Não faz parte da minha maneira de ser dar entrevistas para não dizer nada", declarou Alegre, acrescentando que "o papel de um Presidente da República não é de gerir silêncios nem de dizer apenas o que lhe convém quando lhe convém. A magistratura de influência do Presidente da República implica a utilização da pedagogia da palavra como um instrumento ao serviço do país".

"Falar mas nada dizendo, pronunciar-se mas nada propondo ou intervir mas nada acrescentando é um exercício vazio ou nulo de propósito", apontou Alegre antes de concluir que "Portugal precisa de uma inspiração mobilizadora e não de exercícios de cálculo".

Esquerda.net

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