Previsibilidade política e poder presidencial
Alguns pensam que, como os presidentes não têm poderes executivos, é espúrio os candidatos apresentarem plataformas com as suas orientações face à governação. Puro engano. Para sabermos o que esperar da função presidencial é necessário conhecê-las: caso contrário não saberemos o que esperar da magistratura de influência, dos vetos, dos pedidos de fiscalização da constituicionalidade das leis, etc. Além dos manifestos eleitorais, outras fontes para conhecer tais orientações estão no passado político dos candidatos. Aqui Alegre bate Nobre por KO: este não só não tem lastro político, como se afirma como não sendo de “direita, esquerda ou centro”.
Claro que, por ser um puro outsider, Nobre poderá capitalizar mais com algum tipo de descontentamento face aos partidos. Porém, isso é claramente insuficiente para ser o challenger de Cavaco: se não é útil para os candidatos estarem demasiado colados aos partidos, também é praticamente impossível ganharem sem apoio partidário de peso. Por tudo isso, muito provavelmente, o PS irá (mais ou menos convictamente) apoiar Alegre.
Originalmente publicado no Diário Económico de 13/3/2010.
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