terça-feira, fevereiro 01, 2011

Dois milhões de manifestantes no Cairo

Esta terça-feira cerca de dois milhão de pessoas reuniram-se na praça Tahrir para exigir demissão do presidente Mubarak. Protestos multiplicam-se em várias cidades egípcias. Exército reconhece legitimidade dos protestos e declara não utilizar força contra o povo.
Foto beinternacional.
Foto beinternacional.
No Cairo, os manifestantes começaram a reunir-se a partir do início da manhã desta terça-feira na praça Tahrir. O oitavo dia de confrontos, durante os quais já se perderam cerca de 300 vidas, segundo informações divulgadas esta terça-feira pela ONU, é marcado por uma concentração de cerca de dois milhões de manifestantes na capital egípcia.
Na cidade portuária mediterrânea de Alexandria, os protestos atraíram centenas de milhares de manifestantes. Protestos também foram registados nas cidades de Suez, Mansoura, Damnhour, Arish, Sinai, Tanta e El-Mahalla El-Kubra.
Em comunicado divulgado na passada segunda-feira, o Exército reconheceu "a liberdade de expressão" e a legitimidade dos protestos e afirmou que não iria utilizar a força contra os manifestantes.
Na tentativa de dissuadir as pessoas de participarem neste massivo protesto, a televisão estatal egípcia pediu às pessoas para ficarem em casa, alertando para a possibilidade de se registarem actos de violência. À frente da televisão estatal reuniram-se, a mando da administração, algumas centenas de trabalhadores que, supostamente, apoiam o presidente Mubarak.
Numa tentativa de conter os protestos, o vice-presidente egípcio veio anunciar que o presidente Hosni Mubarak lhe pediu que iniciasse um diálogo com todas as forças políticas do país. Esta estratégia não teve, manifestamente, os resultados desejados.
Durante a noite de segunda para terça-feira foi cortado o último serviço principal de fornecimento de internet que ainda se encontrava funcional e a partir do final da tarde de segunda-feira o tráfego de comboios foi cortado e a transportadora nacional estatal EgyptAir cancelou todos os voos internacionais e domésticos durante as horas de recolher obrigatório.
Vigília de Solidariedade para com o povo Egípcio em Lisboa
Está a ser convocada no facebook uma vigília de solidariedade com o povo egípcio e pedindo o fim da violência contra as manifestações, para esta terça-feira, pelas 18.30 horas, no Largo de Camões em Lisboa.
Esquerda.net

2 comentários:

a Chispa ! disse...

" El Baradei será apenas o elemento transitório da revolução egipcia,uma espécie de kerenski russo"

A explosão social verificada no Egipto e até mesmo na Tunisia apesar de lá existir forças revolucionárias com maior implatação,estas as "explosões" estão muito longe da crise revolucionária que determinou a revolução de Fevereiro de 1917, e que passados apenas sete meses desembocou na Grande Revolução Bolchevique,ou seja, não só estavam criadas todas as condições objectivas, como mesmo as subjectivas com a existência do Partido Bolchevique tendo à sua frente a figura GENIAL de Lenine.

Por outro, nem Lenine, nem o partido bolchevique alguma vez apoiaram a indegitação de Kerenski,pelo contrário,denunciaram sempre o governo provisório chefiado por este e instigaram
o proletariado e o povo soviético a levar o seu movimento revolucionário o mais longe possivel contra o regime,ou seja, até Outubro.

O "independente" Rui Tavares e a comissão central do BE e da própria UDP(porque ainda não se demarcaram desta posição reaccionária)pelo contrário, apelam antes que seja tarde demais e que o poder possa cair na RUA, que o entreguem a El Baradei, que como todos sabemos é o homem que se segue de confiança das várias potências imperialistas que disputam os seus variados interesses geo-estratégicos no Egipto.

Como já lhe disse, concordo com o seu ponto de vista, quando diz que não devemos deixar ninguém de fora do campo revolucionário, que todas as forças revolucionárias são necessárias, mas esse não é o caso de Rui Tavares, Miguel Portas, de F.Louçã, Marisa,Daniel Oliveira, João Azevedo, Heitor de Sousa etc.ect. e mesmo da maior parte dos Kerenskis, que compõem o concelho nacional da UDP que há muito trairam e se passaram para o campo da social democracia.

É por isso e por saber que você é uma pessoa honesta e radical do ponto de vista revolucionário, que nós procuramos aprofundar o nosso relacionamento consigo, para que nos ajude a criar uma alternativa programática revolucionária, para não cairmos na actual situação que os povos do norte de Africa e próximo Oriente estão a cair, por falta de uma direcção revolucionária para a sua luta.Percebeu querido João?

Um abraço
A Chispa!

Nota:Deixo-lhe aqui de novo a minha morada informática,para o caso de querer aprofundar a nossa troca de opiniões e o nosso relacionamento pessoal.
"jotaluz@gmail.com

J. Vasconcelos disse...

Caro amigo,

claro que sei que tanto no Egipto, como em todos os países árabes, a situação não é nada comparável com a Rússia de 1917. Está muito longe disso como, aliás, em toda a Europa. Agora considerar que o BE e a UDP, dos quais sou dirigente nacional, tenha enveredado pela via social-democrata, isso não corresponde minimamente à verdade. Não nego que não tenha elementos pró social-democracia, mas isso até é uma virtude, pois temos de trabalhar com toda a gente que aspire a uma grande mudança revolucionária, tanto em Portugal, como na Europa e em todo o mundo. As revoluções não triunfam com minorias, embora estas tenham um papel muito importante na condução dos movimentos revolucionários. Estamos numa luta de morte contra o capital financeiro, o império e o neo-liberalismo selvagem - para o triunfo de qualquer movimento revolucionário contra essas forças poderosas, é imperioso constituir uma grande frente, onde naturalmente muitos social-democratas caberão.
Abraço.