Minuto a minuto: Mubarak adia saída, protestos reacendem-se no Egipto
Por Ana Fonseca Pereira, Maria João Guimarães, Pedro Crisóstomo, Paulo Moura (Cairo) - Público
Depois do dia da “marcha de um milhão” no Cairo para exigir a saída do Presidente, Hosni Mubarak, este falou aos egípcios para lhes dizer que não se demite. Apenas lhes prometeu que não se irá recandidatar às eleições marcadas para Setembro. Até lá a sua missão é garantir "a estabilidade do país" para permitir uma transferência de poder. Os manifestantes que ainda estão nas ruas não gostaram do que ouviram e exigem o fim de Mubarak agora. O PÚBLICO segue a revolução minuto a minuto.
(Yannis Behrakis/Reuters)
22h08: Mais reacções às palavras de Mubarak, desta vez da Irmandade Muçulmana: o grupo mais organizado da oposição no Egipto recorda que “ninguém está satisfeito” e que os protestos vão continuar. O Presidente “e o seu sistema já falharam e o povo não quer que ele continue” no poder, disse o porta-voz do grupo, Mohammed Morsey, citado pelo “Wall Street Journal”.
21h57: Depois do discurso, os holofotes continuam apontados para o Presidente... pelo menos na televisão do Estado, que passa em revista o percurso de Hosni Mubarak e algumas imagens históricas dos seus 29 anos na presidência do Egipto, relata o correspondente do "Guardian".
21h49: A oposição egípcia diz-se “decepcionada” com o discurso do Presidente Mubarak, que falou ao país para garantir que se mantém no poder até às eleições de Setembro. Comentou George Ishak, do movimento Kefaya (Basta), à BBC: “Temos exigências muito claras e ele ignorou tudo o que pedimos. Mubarak tem de sair já. Neste momento, tenho medo do que possa acontecer no futuro”.
21h41: Mais Miguel Esteves Cardoso: "Vários canais de televisão procuram saber qual é a reacção ao discurso de Mubarak. Como quem diz: convenceu os manifestantes ou não? Parece-me, pelas imagens das multidões, que a pergunta é absurda. A multidão egípcia já está, há muito tempo, desconvencida no que toca a Mubarak. A reacção não é de quem podia mudar de opinião. É de quem está à espera que ele se vá embora.
Por isso mesmo, não deixa de ser estúpido e preocupante que se pense que a remoção de um único homem - Mubarak - seja uma solução para os problemas do Egipto, como se fosse ele o único responsável.
É uma inocência - e uma esperança - perigosas."
21h38: Mubarak disse que no tempo que lhe resta na presidência a sua prioridade será garantir a estabilidade do Egipto e garantir que a Constituição é revista de forma a responder às exigências do povo. Ceder aos que exigem que abandone de imediato o poder, adiantou, seria deixar o país arrastar-se para o caos.
21h22: Mais uma de Miguel Esteves Cardoso: "Por uma estranha coincidência, Mubarak disse exactamente o que lhe recomendou o enviado dos EUA.
Requer um certo sangue-frio prometer que se vai sair - mas só daqui a seis meses. Se uma semana no Egipto foi muito tempo, imaginem-se seis meses.
Para organizar eleições, bastariam dois ou três meses. Os três meses que sobram dão para combinar como se há-de dar-lhes a volta.
É como um marido dizer à mulher que o odeia e já não o pode ver que aceita o divórcio e jura saír de casa - desde que possa ficar mais seis meses.
Ainda dá mais vontade de bater-lhe com a porta no nariz, não dá?"
21h22: A população concentrada na praça Tahrir (Libertação), no centro do Cairo, reage ao discurso de Mubarak com gritos e erguendo bandeiras efusivamente. O som transmitido em directo através das televisões internacionais é ensurdecedor.
21h17: Miguel Esteves Cardoso escreve: "Na edição do Daily Telegraph de 26 de Abril, a manchete era "Propriétários ingleses de casas em Portugal preocupados com revolução". Vendo a BBC World décadas depois, vinte por cento da emissão é sobre os cidadãos britânicos que estão presos no aeroporto, explicando porque têm de voltar para a Inglaterra.
A meio de uma destas conversas, começou o discurso de Mubarak e o locutor da BBC ficou audivelmente irritado por ter de interromper esta discussão acerca das angústias de não conseguir apanhar um avião para casa.
Ouvindo o discurso de Mubarak, a primeira pergunta na cabeça dos ingleses é: "Isto significa que nos vão deixar sair daqui ou não?"
Assim se restitui um mínimo de bom senso e saudável egoísmo do turista do Mar Vermelho."
21h57: Depois do discurso, os holofotes continuam apontados para o Presidente... pelo menos na televisão do Estado, que passa em revista o percurso de Hosni Mubarak e algumas imagens históricas dos seus 29 anos na presidência do Egipto, relata o correspondente do "Guardian".
21h49: A oposição egípcia diz-se “decepcionada” com o discurso do Presidente Mubarak, que falou ao país para garantir que se mantém no poder até às eleições de Setembro. Comentou George Ishak, do movimento Kefaya (Basta), à BBC: “Temos exigências muito claras e ele ignorou tudo o que pedimos. Mubarak tem de sair já. Neste momento, tenho medo do que possa acontecer no futuro”.
21h41: Mais Miguel Esteves Cardoso: "Vários canais de televisão procuram saber qual é a reacção ao discurso de Mubarak. Como quem diz: convenceu os manifestantes ou não? Parece-me, pelas imagens das multidões, que a pergunta é absurda. A multidão egípcia já está, há muito tempo, desconvencida no que toca a Mubarak. A reacção não é de quem podia mudar de opinião. É de quem está à espera que ele se vá embora.
Por isso mesmo, não deixa de ser estúpido e preocupante que se pense que a remoção de um único homem - Mubarak - seja uma solução para os problemas do Egipto, como se fosse ele o único responsável.
É uma inocência - e uma esperança - perigosas."
21h38: Mubarak disse que no tempo que lhe resta na presidência a sua prioridade será garantir a estabilidade do Egipto e garantir que a Constituição é revista de forma a responder às exigências do povo. Ceder aos que exigem que abandone de imediato o poder, adiantou, seria deixar o país arrastar-se para o caos.
21h22: Mais uma de Miguel Esteves Cardoso: "Por uma estranha coincidência, Mubarak disse exactamente o que lhe recomendou o enviado dos EUA.
Requer um certo sangue-frio prometer que se vai sair - mas só daqui a seis meses. Se uma semana no Egipto foi muito tempo, imaginem-se seis meses.
Para organizar eleições, bastariam dois ou três meses. Os três meses que sobram dão para combinar como se há-de dar-lhes a volta.
É como um marido dizer à mulher que o odeia e já não o pode ver que aceita o divórcio e jura saír de casa - desde que possa ficar mais seis meses.
Ainda dá mais vontade de bater-lhe com a porta no nariz, não dá?"
21h22: A população concentrada na praça Tahrir (Libertação), no centro do Cairo, reage ao discurso de Mubarak com gritos e erguendo bandeiras efusivamente. O som transmitido em directo através das televisões internacionais é ensurdecedor.
21h17: Miguel Esteves Cardoso escreve: "Na edição do Daily Telegraph de 26 de Abril, a manchete era "Propriétários ingleses de casas em Portugal preocupados com revolução". Vendo a BBC World décadas depois, vinte por cento da emissão é sobre os cidadãos britânicos que estão presos no aeroporto, explicando porque têm de voltar para a Inglaterra.
A meio de uma destas conversas, começou o discurso de Mubarak e o locutor da BBC ficou audivelmente irritado por ter de interromper esta discussão acerca das angústias de não conseguir apanhar um avião para casa.
Ouvindo o discurso de Mubarak, a primeira pergunta na cabeça dos ingleses é: "Isto significa que nos vão deixar sair daqui ou não?"
Assim se restitui um mínimo de bom senso e saudável egoísmo do turista do Mar Vermelho."
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