Cresce o movimento contra as portagens na Grécia
Contratos de concessão às empresas de construção por 30 anos são “predatórios e neocoloniais”, denuncia a coordenadora do movimento “Não paguem as portagens”.
As pessoas levantam as cancelas e passam.
O actual sistema de cinco contratos de concessão, que engloba toda a rede de auto-estradas, concede os direitos de exploração, manutenção e construção de novos trechos a consórcios de construção multinacionais por um período de 30 anos. As empresas envolvidas são alemãs, francesas, espanholas e gregas, e os contratos são definidos pelos movimentos de contestação como “predatórios e neocoloniais”. “Desde 2009”, pode ler-se num folheto distribuído pela coordenação nacional dos movimentos, “os postos de portagens começaram a multiplicar-se como cogumelos em todas as auto-estradas e os preços das portagens aumentaram até 300%.”
Para se ter uma ideia, a auto-estrada que liga as duas principais cidades do país, Atenas e Salónica, tem cerca de 500 quilómetros de extensão e dez postos de portagem. Outra auto-estrada, no nordeste do país, tem oito postos de portagem num só município, o da cidade de Oropos, num trecho que é usado com intensidade pelos habitantes locais, porque não têm alternativa.
“As auto-estradas gregas foram transformadas, de um bem público de importância estratégica, numa mercadoria e em meios de exploração por parte das empresas de construção e dos bancos”, denuncia o movimento.
Tão lucrativos são os contratos que o negócio não pára de se expandir, apesar da crise que a Grécia atravessa. O plano viário prevê que em 2015 o país tenha 2.500 quilómetros de auto-estradas, uma extensão muito superior à da rede ferroviária, que paralelamente vai sendo abandonada e votada à degradação. No continente grego, para cada cem mil habitantes haverá o correspondente a 24 km de auto-estradas, superior aos 18 km por cem mil habitantes da Suíça, 17 km da França e 15 km da Alemanha.
Além disso, diz o movimento, a Grécia tem o mais caro custo de construção do quilómetro de auto-estrada, e é dos poucos países que permitem cobrar portagens quando a auto-estrada ainda está em construção.
O resultado de tudo isto, diz a coordenadora do movimento, é que “hoje a vasta maioria do povo grego considera que o regime de privatização que se tenta impor às auto-estradas é injusto e inaceitável”.
A coordenadora reivindica a anulação dos contratos, a abolição das portagens e a criação de uma instituição pública sob controlo social para completar o plano de construção.
Esquerda.net
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