sábado, julho 02, 2011

A primavera da maioria de direita

A primavera de entusiasmo da nova maioria de direita durou até ao dia de ontem, o programa de governo ainda não tinha sido sufragado já a desilusão marchava entre os groupies do governo, exemplo disso são estes dois belos textos do Insurgente e do Blasfémias.

Bem sabemos que o imposto extraordinário sobre o subsídio natal é um acto patriótico e de suprema necessidade para o saneamento das contas públicas, fruto dos dados da execução orçamental revelados pelo INE na quarta-feira transacta. Não podia ser de outra forma, ou não fosse o guarda-chuva da pátria o eterno abrigo da violação dos contratos eleitor-eleito, ou a capa do semanário SOL revelar que este corte já estava previsto e pensado por Passos Coelho.

E como é óbvio, a feroz oposição aos PEC's por parte do CDS/PP, o chumbo ao PEC 4 por parte do PSD e a promessa de Pedro Passos Coelho no dia 1 de Abril em não aumentar os impostos, já andam por mares nunca antes navegados.

De traição à tradição a direita portuguesa não pode ser acusada, cumpre o dia das mentiras à risca e contradiz os preceitos do seu programa eleitoral logo nos primeiros dias em frente ao executivo.

Ficámos igualmente a saber que a retenção do subsídio de Natal será superior para os que auferem menos:

Sub Natal Imposto Tx anual Var tx anual
500 7,5 0,11
1000 257,5 1,84 1,73
2000 757,5 2,71 0,87Link
3000 1257,5 2,99 0,29
4000 1757,5 3,14 0,14
5000 2257,5 3,23 0,09
6000 2757,5 3,28 0,05
Quem desenhou isto? O imposto mais regressivo da época. Bem sei que O IVA também é, e que conta muito como o dinheiro é (foi) gasto. Mas, mesmo assim.
Explico: a primeira coluna é o subsídio; a segunda é o imposto em euros; a terceira é imposto em percentagem do salário anual (i.e. imposto a dividir por subsídio de natal - com n pequeno - x 14); a quarta é a variação dessa taxa, que se aproxima de zero à medida que o rendimento sobe...
Bem podem Rui Machete e Paulo Portas apelar ao acordo social e fazer guerra preventiva à contestação, mas quem fez a transferência de Atenas para Lisboa foram os assinantes do acordo da troika.
Adeus Lenine

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