quarta-feira, abril 11, 2012

Filas para pagar portagens são «vergonha para os nossos governantes»

  As filas de turistas, «à chuva e ao vento para pagar as portagens junto à fronteira do Guadiana», deviam «constituir uma vergonha para os nossos governantes», considera a Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI).
«Foi notória a indignação e a revolta de muitos espanhóis face a um sistema de pagamento terceiro-mundista e ao próprio facto de terem de pagar as portagens na A22», acrescentam a CUVI, que diz ter acompanhado «no local esta situação escandalosa» e denunciado «publicamente a indignidade e a roubalheira das portagens».
A Comissão de Utentes afirma ainda registar «com agrado o facto de, nos últimos dias, algumas vozes se terem levantado contra as portagens na Via do Infante».
No entanto, a CUVI «acha estranho e lamenta que outras vozes de responsáveis políticos e empresariais da região apenas tenham condenado o sistema inadequado de pagamento das portagens, ou que tenham proposto a isenção de portagens para carros de matrícula estrangeira. Afinal, continuam a aceitar as portagens, o que é grave».
A Comissão de Utentes defende ainda que a proposta de isentar os estrangeiros do pagamento de portagens é «uma ilegalidade», bem como «uma tremenda injustiça e arbitrariedade» para os utentes algarvios e, até, nacionais.
«A situação ainda é mais gravosa, agora que pararam as obras de requalificação da EN 125. Onde estão as vozes dos responsáveis políticos da região? Afirmavam que portagens só com a requalificação da EN 125! Bom, antes também juraram a pés juntos que portagens no Algarve nunca!»
A Comissão de Utentes reafirma que a introdução de portagens significa «o agravamento dramático da crise social e económica do Algarve e um retrocesso de 20 anos ao nível da mobilidade da região – uma autêntica catástrofe anunciada. Infelizmente, é o que está a acontecer e, o pior, ainda está para vir – se as portagens não forem suspensas a curto prazo».
«Em quatro meses de imposição de portagens pelo governo, com o apoio de muitos responsáveis políticos da região, o balanço apresenta-se deveras negro: diversos mortos e os acidentes e feridos graves mais que duplicaram na EN 125, quebras de tráfego superiores a 60% na Via do Infante, agravamento da crise turística, da restauração e do comércio, mais falências de empresas e o flagelo do desemprego a atingir uma cifra insuportável – cerca de 50 mil desempregados», diz ainda a CUVI.
Por outro lado, «o mercado turístico espanhol na região decresceu assustadoramente, atingindo uma descida de mais de 30% no período da Páscoa – o que representa uma estocada mortal para um dos principais mercados de turismo no Algarve».
Por tudo isto, a CUVI considera que «o que interessa verdadeiramente é a suspensão imediata das portagens na Via do Infante».
«A Comissão de Utentes sempre se tem batido pela formação de uma ampla plataforma da sociedade civil algarvia contra as portagens. Agora estão criadas melhores condições para tal, pois a plataforma anti-portagens na A22 alargou-se aos nossos vizinhos espanhóis da Andaluzia».
Neste sentido, com o objetivo de discutir as portagens na Via do Infante e as suas consequências no Algarve, assim como, debater e aprovar novas iniciativas e ações a favor da suspensão das portagens, terá lugar um debate/assembleia de utentes no próximo dia 14 de abril (sábado), às 16 horas, na sede do Moto Clube do Guadiana, localizado na Aldeia Nova (junto à EN125), Vila Real de Santo António.
Neste debate, onde a CUVI espera a presença de alguns espanhóis de Andaluzia, será equacionada uma marcha lenta conjunta sobre a Ponte Internacional do Guadiana.
Para este debate, a Comissão de Utentes endereçou convites às Câmaras Municipais, à AMAL e a outras entidades e associações do Algarve, onde poderão subscrever o Manifesto luso-espanhol de apoio à área transfronteiriça (Algarve-Huelva) livre de portagens.
Este Manifesto foi assinado no passado dia 9 de março, em Huelva, na sede da Federação Onubense de Empresários (de Huelva), entre a CUVI e cerca de três dezenas de associações empresariais, sindicais, de transportes e representantes políticos de Andaluzia, incluindo o Alcaide de Ayamonte e o secretário-geral da Federação Nacional das Associações de Transportadores de Espanha.

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