quarta-feira, abril 04, 2012

Soares e Louçã apelam a PS para recusar tratado orçamental

Mário Soares e Francisco Louçã pedem hoje aos deputados do PS para que não ratifiquem o pacto orçamental. Em causa, diz o ex-presidente da República, está a “Europa Social” e “a alternância política da União”. O deputado do Bloco diz que esta é a votação mais importante para o PS nesta legislatura.
Em artigo publicado no Diário de Notícias, o histórico líder do PS considera que o “tratado prejudica a alternância política da União e contradiz textos estruturantes da construção europeia. Inviabiliza, por exemplo, a Europa social e os Estados sociais de cada um dos Estados membros”.
Num longo texto, intitulado “as crises do capitalismo”, o ex-Presidente da República entende que o Governo tem pressa para fazer aprovar este tratado para se poder continuar a apresentar como “o melhor aluno da senhora Merkel".
Considerando que estamos perante “um tratado que os socialistas não podem ratificar”, Mário Soares adverte que o documento não pode passar “para bem dos portugueses mais desfavorecidos - trabalhadores e desempregados -, que são quem mais necessita, como pão para a boca, que não se destrua o Estado social, bem como a classe média, em vias de rápido empobrecimento”.
Também Francisco Louçã se dirige hoje aos deputados socialistas, num “convite a António José Seguro”, publicado na sua página no Facebook Apontando quatro razões para recusar o “tratado da austeridade”, o coordenador da Comissão Política do Bloco diz que os deputados socialistas não deverão ter, nesta legislatura, “outra votação que diga tanto sobre o que querem para o seu país nos tempos difíceis que vivemos”.
“Merkel quer impor a todos os países que não possam nunca ultrapassar um défice estrutural de 0,5%, o que em Portugal quer dizer cerca de 800 milhões de euros num ano normal. Ora, só o BPN custa mais do que isso em 2012”. Deste modo, continua Louçã, “o Estado deixará de poder acudir a uma recessão, de poder responder ao aumento dos pedidos de subsídio de desemprego ou de poder melhorar a segurança social para os mais pobres”.
Lembrando que a Alemanha não cumpriu a “regra de ouro”, de um défice estrutural de 0,5%, “senão em três dos últimos dez anos”, Louçã resume as consequências do Tratado: a “Europa divorcia-se dos cidadãos, proíbe o apoio aos serviços públicos e reduz a democracia ao autoritarismo dos negócios”.
Interpelando diretamente António José Seguro, o coordenador da Comissão Política do Bloco lembra que as objeções invocadas no seu texto foram as mesmas “evocadas pelo PS para recusar colocar na Constituição a regra orçamental. Não se percebe portanto como pode aceitar como boa solução para a lei o que considera ser uma péssima solução para a Constituição”.
"Convido-o por isso a ouvir Mário Soares. É em nome da Europa que este Tratado deve ser rejeitado. É agora o momento de parar este deslizamento fatal", conclui Francisco Louçã.
Esquerda.net

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