'FMI – O heróico paranóico hara-kiri' |
“Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?” “FMI”, de José Mário Branco Os principais bancos privados portugueses recusaram continuar a financiar o Estado português, o mesmo Estado que cobriu o buraco de dois mil milhões de euros do BPN a pretexto de salvar o resto da banca. Ricardo Salgado, do BES, que, em 2010, recebeu mais 16% de remunerações (1,2 milhões), foi uma das 47 personalidades que advogou um “governo de unidade nacional”. Outro foi Alexandre Soares dos Santos, presidente do grupo Jerónimo Martins (dono do Pingo Doce). Ora, há cerca de um mês, o Tribunal Central Administrativo do Sul considerou que um conjunto de empréstimos realizados entre empresas deste grupo (cujos lucros em 2010 cresceram 40%), algumas delas com sede em offshores, sem "quaisquer meios físicos para a prossecução do seu objecto social” tiveram um único fito - transformar juros tributáveis em 65 milhões de euros de dividendos isentos de imposto, contribuindo para 113,3 milhões de prejuízos fiscais”, arrastando-se o contencioso sobre a liquidação de 20,88 milhões de euros de IRC. E assim se chega a segundo homem mais rico de Portugal (1,7 mil milhões de euros, segundo a revista Forbes). Mas ainda há quem resista à agiotagem da banca: quatro economistas da Universidade de Coimbra e do Instituto Superior de Economia e Gestão, José Reis, José Manuel Pureza, Manuel Brandão e Maria Manuela Silva, entregaram à Procuradoria Geral da República, um pedido de abertura de inquérito contra as agências de “rating” Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s, por crime de manipulação do mercado, uma vez que têm como accionistas sociedades de investimentos que detêm 370 milhões de euros de dívidas soberanas de Irlanda, Espanha, Grécia e… Portugal. Dão-nos notas baixas para tirarem lucros cada vez mais altos. Chulos! Mas será que não há alternativa à intervenção do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, rebocador do FMI, como pretendem fazer-nos crer? Há e não são apenas conceituados economistas de esquerda (como Louçã) a dizê-lo; também o prémio Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman escreveu um artigo onde defende que: “(…) a redução da despesa em períodos de desemprego elevado é um erro. (…) “Porque os aumentos de impostos e os cortes da despesa contribuiriam para desacelerar ainda mais a economia, agravando o desemprego. Além disso, cortar na despesa numa economia em recessão acaba por ser contraproducente nem que seja em termos fiscais. Quaisquer poupanças na frente da despesa são anuladas pela redução da receita fiscal resultante da contracção da economia. É por isso que a estratégia correcta é emprego primeiro, défice depois”. Os islandeses deram-nos um exemplo de dignidade e independência. A convergência apurada entre o PC e o BE são o único sinal de esperança num país onde Sócrates, qual Saturno com medo dos filhos, devora o que resta da “esquerda” do PS e Passos Coelho “compra” o “independente” e populista Nobre com um prato de lentilhas. Carlos Vieira e Castro |
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