Grécia pior que nunca, um ano depois do pedido de resgate
Um ano depois, o país está mais pobre e afundado na recessão. A crise da dívida continuou a contagiar Irlanda, Portugal, Espanha, Bélgica... Os juros continuam altíssimos e a Grécia pode ter de pedir a reestruturação da dívida.
Polícia de choque em frente ao Parlamento grego, Maio de 2010
Num ano de atrocidades sociais, houve cortes de salários e de pensões de reforma, parte dos trabalhadores da função pública perderam subsídio de Natal e de férias, enquanto a inflação disparava. Os impostos foram aumentados, o número de autarquias foi drasticamente reduzido, enquanto se multiplicaram as privatizações. Até ilhas gregas foram postas à venda. E o desastre não parou: na semana passada o Governo anunciou novo pacote de cortes e mais privatizações até 2015.
Durante este ano o povo grego lutou com bravura, realizando oito greves gerais. Para dia 11 de Maio está já marcada nova Greve Geral, para protestar contra as mais recentes medidas decretadas pelo Governo.
A taxa de desemprego ultrapassa já os 15% e a recessão aprofunda-se tendo o banco central grego previsto uma queda da economia de 3% em 2011 – o terceiro ano consecutivo de recuo do PIB.
E a crise da dívida continua. A Grécia continua a pagar juros altíssimos, até há pouco 5,2%. O défice não baixou o previsto, porque as receitas se afundaram devido à crise. A dívida atinge os 340 mil milhões de euros, 150% do PIB grego.
No início desta semana, as taxas de juro das obrigações gregas a 10 anos atingiram um valor inédito desde o início do euro: 14%. Nesta quinta feira, as taxas da dívida a dois anos, curto prazo, chegaram a 22%, dez vezes mais do que paga a Alemanha. Esta subida deve-se à crescente especulação sobre um possível pedido iminente de reestruturação da dívida. Especulação que foi alimentada por um e-mail com origem no banco norte-americano Citigroup. Em Março passado, a Moody's voltou a baixar o rating da Grécia, enquanto a Fitch anunciou nesta quinta feira que a Grécia deverá reestruturar a dívida em 2012. A mais recente onda especulatória em torno da dívida grega começou com a declaração do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, ao jornal “Die Welt”, na semana passada, afirmando que a Grécia podia ter de reestruturar a dívida.
Um ano depois do pedido de resgate grego, o efeito de contágio continuou a estender-se a outras economias europeias. Os governo irlandês e português já pediram também o resgate, enquanto as taxas de juro da dívida da Espanha continuam a subir e o contágio já atingiu outros países, como a Bélgica. Recentemente, o FMI voltou a chamar a atenção para a “vulnerabilidade” dos bancos europeus.
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