Padre Max e Maria de Lurdes foram assassinados há 35 anos
No dia 2 de Abril de 1976, o Padre Maximino Barbosa de Sousa e a sua aluna Maria de Lurdes, de 19 anos, foram assassinados pela explosão de uma bomba no carro em que seguiam. O atentado foi da autoria do movimento fascista MDLP, mas os seus autores nunca foram condenados.
O Padre Max e Maria de Lurdes foram assassinados há 35 anos, num atentado da extrema-direita
O Padre Max morreu quando tinha 33 anos, era professor do liceu e uma figura muito popular na região. O MDLP era um movimento da rede bombista de extrema-direita que se dedicava a perseguir e atacar pessoas de esquerda, sobretudo no Norte do país. O Padre Max e Maria de Lurdes davam aulas de Português e Francês a adultos na Casa da Cultura da Cumieira, uma freguesia próxima de Vila Real. Quando se deslocavam de carro entre a Cumieira e Vila Real, a bomba explodiu, accionada por controlo remoto e os dois morreram.
O primeiro processo sobre o crime foi arquivado em 1977, por falta de provas. Em 1989, o processo foi reaberto pelo Tribunal da Relação do Porto. Foram indicados sete responsáveis pelo atentado: O cónego de Braga Eduardo Melo, o empresário Rui Castro Lopo, e o ex-membro do Conselho da Revolução Canto e Castro, como autores morais; Carlos Paixão, Alfredo Vitorino, Valter dos Santos e Alcides Pereira, como autores materiais. Mas, o processo foi novamente arquivado, por falta de provas.
Em 1996, o Tribunal da Relação do Porto reabriu de novo o processo, tendo sido apenas pronunciados os quatro autores materiais, que foram absolvidos em 1997, por falta de provas. Posteriormente, o Supremo Tribunal de Justiça anulou o acórdão e foi marcado novo processo, que a 21 de Janeiro de 1999 absolveu os arguidos e ninguém foi condenado, apesar do Tribunal admitir que o ataque teria partido do MDLP.
Em 2006, numa conferência organizada pelo Bloco de Esquerda, Francisco Louçã afirmou que os tribunais foram “silenciosos, negligentes e muitas vezes incompetentes” quando julgaram o assassinato do padre Max, “porque não queriam investigar e levar o processo às últimas consequências”.
Nessa realização, o advogado Mário Brochado Coelho, que durante mais de 20 anos tudo fez para que o caso fosse a tribunal e os responsáveis fossem condenados, salientou que "o tribunal achou que eles tinham feito alguma coisa, mas não conseguiu reunir provas concretas de que o fizeram. Eu próprio concordei com essa decisão, porque na justiça ninguém pode ser julgado sem provas claras". Mário Brochado Coelho, concluiu então: "Mataram premeditadamente o padre Max, mesmo sabendo que ele levava no carro uma jovem - o que é típico da extrema-direita portuguesa, do absolutismo até hoje".
No site acomuna.net, o deputado Luís Fazenda evoca Maria de Lurdes neste sábado:
“A Lurdes Correia, estudante em Vila Real, filha de emigrantes em França, sucumbiu de imediato à explosão da bomba no Simca, que matou também Max. A morte veio assim à traição no 1º dia de vigência da Constituição de Abril. A Lurdes alfabetizava camponeses, deu rosto à luta estudantil contra o caciquismo reaccionário, não temeu os fascistas que agiam abertamente pelo regresso à ditadura. Militante da União de Estudantes pela Democracia Popular(UEDP) era o entusiasmo da revolução que a sobressaltava. 35 anos depois a memória venceu o tempo porque outros jovens estremecem destinos”.
Neste sábado, realiza-se no Hotel Mira-Corgo, em Vila Real, uma sessão evocativa de Maximino Barbosa de Sousa - com depoimentos de antigos alunos do Pe. Max e pequenas intervenções/testemunhos. A iniciativa é levada a efeito por uma comissão organizadora de amigos/as, associações como a AUDP e a Pe. Maximino (com sede em S. Pedro da Cova-Gondomar), bem como o Bloco de Esquerda. Ao meio-dia realizou-se uma romagem, com concentração junto ao cemitério de Vila Real.
Esquerda.net
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