sábado, abril 09, 2011

Pagar portagens na Via do Infante é "retroceder 30 anos" diz alcaide de Ayamonte


O alcaide de Ayamonte, António Rodriguez, considera a introdução de portagens na Via Infante um recuo de "trinta anos" quando não existia ponte de ligação entre o sul de Portugal e Espanha. Izquierda Unida (IU) e Partido Popular temem impacto económico.
 
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"Com esta medida, o que vão fazer [o Governo português] é retroceder 30 anos", afirmou, lembrando que a abertura da Ponte do Guadiana, em 1991, facilitou muito a mobilidade entre os dois países.
O governador daquele município da província de Huelva falava aos jornalistas na Marcha do Guadiana, que juntou portugueses e espanhóis na luta contra a introdução de portagens na A22, mas que foi menos expressivo que o anterior, em março.
Dada a enorme tradição de "intercâmbio económico" e "criação de riqueza" entre os dois povos, a introdução de portagens irá ter "consequências gravíssimas" para o Algarve, para toda a província de Huelva e em particular para Ayamonte, considerou.
O presidente da Câmara de Alcoutim (PSD), Francisco Amaral, também considera que o pagamento da circulação na Via Infante vai fazer com que os espanhóis "tenham menos vontade" de ir ao Algarve.
Amaral, que formou com José Estevens (PSD), presidente da Câmara de Castro Marim, a dupla de presidentes de autarquias do Algarve presentes no protesto, considerou ainda que a suspensão das portagens da A22 é apenas "uma forma de enganar" os algarvios.
Já João Vasconcelos, da Comissão de Utentes da A22, diz que o facto de adiamento ser só por "dois meses" não "resolve a situação", contudo, afirma acreditar que o processo ainda seja reversível.
"Acredito na não introdução de portagens, mas temos que lutar até ao fim", afirmou aos jornalistas, acrescentando que a comissão está a ponderar medidas "mais radicais" como fazer uma marcha até ao Governo Civil ou ao Aeroporto de Faro.
O protesto que hoje uniu automobilistas portugueses e espanhóis na Ponte do Guadiana contra a introdução de portagens na A22 registou uma menor participação do que o último, em março, entre Lagos e Vila Real de Santo António.
O protesto, que tal como o anterior foi convocado pela Comissão de Utentes da A22 e o movimento "Algarve - Portagens na A22 não", tinha como intenção bloquear a Ponte Internacional do Guadiana, objetivo que não chegou a ser alcançado.
A entrada em vigor das portagens, prevista para 15 de abril foi suspensa no início desta semana pelo Governo que considerou não ter competências para tal, como governo de gestão.
Políticos espanhóis criticam Governo e receiam “grandes prejuízos económicos"
Representantes dos partidos políticos espanhóis Izquierda Unida (IU) e Partido Popular de Ayamonte criticaram a decisão do Governo português de introduzir portagens na Via do Infante, no Algarve, por recearem graves prejuízos económicos para a província de Huelva.
Numa conferência de imprensa conjunta realizada ontem em Ayamonte (Espanha) com elementos da Comissão de Utentes da Via Infante (A22), António Miravent Martín (IU) e José Maria Mayo (PP) consideraram fundamental alertar a população espanhola para a necessidade de combater a introdução de portagens na Via Infante, frisando que os efeitos negativos da medida vão sentir-se dos dois lados da fronteira.
“Esta é uma ideia sem sentido e que vai ser prejudicial para os interesses económicos tanto do Algarve como de Huelva”, afirmou Miravent Martín, sublinhando o impacto negativo que a medida terá tanto nas trocas comerciais entre os dois lados da fronteira como na circulação de pessoas.
Por seu turno, José Maria Mayo considerou “inadmissível que, com o que se avançou na Europa em termos de mobilidade das pessoas e de mercadorias, se assista agora, com esta introdução de portagens, a um retrocesso de 20 anos”.“
Esta é uma via estratégica para o progresso económico e cultural e a decisão limita o futuro”, afirmou o responsável do PP de Ayamonte, frisando que, para o comércio de localidade fronteiriça, “é vital o intercâmbio com os portugueses e não se pode colocar barreiras”, acrescentando que este assunto “ultrapassa as questões partidárias locais”.
Quem quiser vir almoçar ao Algarve paga antes 77 euros
Da parte da Comissão de Utentes da Via do Infante estiveram presentes José Domingos e António Almeida, que alertaram para a necessidade de ambos os lados da fronteira se juntarem no combate à introdução de portagens na Via do Infante.
António Almeida sublinhou que um espanhol que se deslocar a Portugal pela A22 “terá de comprar um dispositivo eletrónico de 27 euros e carregar o cartão com mais 50” na primeira área de serviço.
“São logo 77 euros só para quem quiser ir almoçar a Portugal. Haverá um período de tempo em que pode gastar o resto dos 50 euros, mas tem que pagá-los mesmo que não saiba se vai voltar”, afirmou.
“Se a medida pegar em Portugal, quem sabe se o Governo espanhol também não decide avançar com uma situação idêntica deste lado da fronteira”, advertiu, frisando que com “uma plataforma entre portugueses e espanhóis que também juntasse partidos, sindicatos e associações empresariais, seria mais fácil derrubar a medida”.
Observatório do Algarve

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