Vários autarcas do Algarve também participaram na iniciativa de hoje
Cerca
de meio milhar de pessoas participaram hoje num cordão humano nas
imediações do Hospital de Portimão, em defesa dos hospitais públicos da
região e pedindo a demissão do administrador do Centro Hospitalar do
Algarve (CHA).
“Pedro
Nunes [administrador do CHA] demite-te e leva o Paulo Macedo [ministro
da Saúde] contigo”, “Pedro Nunes deixa o Algarve em paz e vai para
Lisboa”, “Demissão do ministro [da Saúde]”, “Não à morte do hospital” ou
“Senhor Pedro Nunes, a dignidade do ser humano sofredor está em
primeiro lugar. Desapareça, vá para a sua terra” eram algumas das frases
inscritas nos cartazes levados para a ação de protesto organizada pelo
Movimento de Cidadãos pela Defesa dos Serviços Públicos de Saúde do
Algarve.
Este
protesto surge semanas depois de um abaixo-assinado subscrito por 182
médicos alertar para a alegada existência de adiamentos de cirurgias
programadas no CHA, por falta de material, e que havia falta de
medicamentos.
Na sequência deste alerta, hoje, os participantes no cordão humano levaram “presentes” para o administrador do CHA.
Uma
almofada, fraldas, luvas, agulhas, pensos, uma tesoura, fita adesiva,
uma caixa de primeiros socorros e envelopes foram algumas das “prendas”
que Célia Alfarroba levou para o cordão humano, afirmando que se Pedro
Nunes precisasse de mais algum material hospitalar ou outro, “para a
semana voltava à loja dos chineses”.
Vários autarcas do Algarve também participaram na iniciativa de hoje.
Em
declarações à Lusa, Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão,
defendeu que o Algarve só pode ser “uma região turística sustentável e
desenvolvida” se “prestar serviços de saúde de qualidade”.
A
autarca recordou que no Hospital de Portimão “a cardiologia está
altamente deficitária” e é “praticamente inexistente” no serviço de
urgências, assim como há problemas nas valências da ortopedia e
pediatria e “falta de medicamentos e equipamentos”.
Os presidentes das Câmaras de Aljezur, José Amarelinho, e de Loulé, Vítor Aleixo, também se mostraram solidários com a causa.
“Quero
ser solidário com todo o povo do Algarve que está a sofrer as
consequências de uma política absolutamente agressiva”, declarou à Lusa
Vítor Aleixo, vincando que os autarcas não podem assistir “impávidos e
serenos” à degradação de um direito à saúde.
José
Amarelinho, por seu lado, questionou o Estado sobre o que ia fazer com o
Serviço Nacional de Saúde e mostrou-se revoltado com o facto de os 16
autarcas algarvios terem pedido uma reunião urgente com o ministro da
Saúde para discutir a Saúde no Algarve e, mais de duas semanas depois,
ainda não terem obtido qualquer resposta.
Segundo
o autarca da Aljezur, o Algarve “precisa de mais dinheiro para a Saúde,
precisa de mais médicos, de mais camas e não precisa de fechar mais
extensões de saúde”, mas sim de as reabrir.
Para
domingo, o Movimento de Cidadãos pela Defesa dos Serviços Públicos de
Saúde do Algarve vai voltar a concentrar-se à frente ao Hospital de
Portimão, pelas 14:00, partindo em caravana automóvel pelas 14:30 para a
Estrada Nacional N125, para se associar ao cordão humano que se vai
realizar em Faro.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela Lusa
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