sexta-feira, dezembro 17, 2010

CP gasta 26 milhões de euros com despedimentos

Sindicatos denunciam a destruição do serviço público e a real dimensão de despedimentos na CP, que podem abranger cerca de 971 trabalhadores. Para Janeiro serão marcadas novas formas de luta dos trabalhadores.
Dentro de um ano, a CP só irá assegurar os serviços de longo curso e escassos serviços regionais. Poderão ser despedidos cerca de 971 trabalhadores. Foto de Giugiaro21, Flickr.
Dentro de um ano, a CP só irá assegurar os serviços de longo curso e escassos serviços regionais. Poderão ser despedidos cerca de 971 trabalhadores. Foto de Giugiaro21, Flickr.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, o anúncio feito pelo vice-presidente da CP aos media sobre o despedimento de cerca de 600 trabalhadores não corresponde à verdade dos factos.
De acordo com o Plano de Actividades e Orçamento da CP para 2011, serão dispensados 239 trabalhadores na CP, 468 na EMEF, 60 na CP-Carga, 3 na Ecosaúde, 32 na Fernave e 13 na Fergráfica, num total de 815 trabalhadores. A real dimensão dos despedimentos poderá, contudo, ser ainda superior. Na página 6 do documento citado, está definido o objectivo de reduzir 30% do efectivo da estrutura da CP e efectivos das Unidades de Negócios, o que representa 971 trabalhadores.
A CP irá gastar com os despedimentos cerca de 26 milhões de euros, o que representa uma média de 58,5 mil euros por pessoa. Mais de metade deste valor será gasta nas rescisões dos 239 trabalhadores da CP.
Estas medidas não foram anunciadas aos trabalhadores. O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários, José Manuel Oliveira, afirmou à Lusa que o ministério não prestou qualquer esclarecimento ao sindicato e que “a empresa está a actuar num quadro em que a boa-fé não está a ser posta em prática".
Destruição do serviço público
No comunicado emitido pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário é ainda denunciada aquela que constitui uma verdadeira destruição do serviço público.
Mediante as medidas previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e no Orçamento do Estado para 2011, dentro de um ano apenas serão assegurados os serviços de longo curso e escassos serviços regionais, sendo que estes últimos, quando não forem totalmente suprimidos, sofrerão reduções do número de comboios.
O Governo admitiu, entretanto, a possibilidade de outras entidades, nomeadamente privadas, explorarem as linhas e os troços ferroviários que sejam encerrados.
Consultor externo recebe 250 mil euros
A administração da CP decidiu contratar “por ajuste directo”, por 250 mil euros e com urgência um consultor para preparar a privatização da exploração das linhas ferroviárias suburbanas de Lisboa e Porto.
O "consultor com efectiva experiência internacional na matéria" a ser contratado pela administração da CP terá que apresentar, num prazo de dois meses, modelos alternativos de subconcessão do serviço ferroviário das linhas suburbanas de Lisboa e do Porto.
Ministro António Gomes considera despedimentos “processo normal”
O Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, afirmou que os planos de redução de custos nas empresas sob a sua tutela são "um processo normal, que decorreu em diálogo e em sintonia com o Ministério" e que foram "solicitados para dar resposta à conjuntura económica actual do país".
A Transtejo também já anunciou que irá diminuir o Transtejo o número de barcos a atravessar o Tejo e, consequentemente, o número de trabalhadores.
Esquerda.net

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