Manifestação em Lisboa em defesa da Wikileaks
Este sábado realiza-se em Lisboa, no Chiado, às 15h, uma concentração em defesa da liberdade de expressão, sob o lema “Eu sou a Wikileaks”. O Esquerda.net ouviu uma das organizadoras, Mariana Avelãs.
O que está em causa, diz a activista, é a liberdade de expressão, como fica bem claro nos comentários de Frank La Rue, representante da ONU para Liberdade de Expressão.
Desejo expresso de criminalizar Julian Assange
Para a activista, a detenção de Julian Assange tem óbvios e assumidos contornos políticos, que vão muito para lá das alegações que estão a ser feitas. Mariana Avelãs recorda que “o desejo expresso de criminalizar Julian Assange pelas actividades da WikiLeaks foi formulado por pelo menos nove pessoas com altos cargos políticos, e os EUA 'contragularam-se' por Assange estar detido.”
O que está em causa, diz a activista, é a liberdade de expressão, como fica bem claro nos comentários de Frank La Rue, representante da ONU para Liberdade de Expressão. Para ele, tentar sequer mover acção legal contra quem divulga uma informação (e não é portanto responsável pela 'fuga'), ainda por cima mediante legislação feita de propósito, é um atentado à liberdade de expressão, que lançaria o precedente gravíssimo de permitir que quem se sente incomodado pelo conteúdo de qualquer divulgação poder processar a fonte com base nesse sentimento, e não no facto de ser ou não verdade.
Mariana Avelãs cita também as declarações de Lula da Silva e Vladimir Putin, “que dizem o óbvio: esta detenção é incompatível com a democracia e a livre expressão, onde é que estão os protestos a alto nível, como noutras situações?” A activista considera que estas declarações são importantes “porque desmentem a ideia de que os protestos são feitos por 'radicais' sem qualquer respeito pela lei ou que não percebem nada dos verdadeiros interesses internacionais, e funcionam como contrapressão contra a vontade expressa dos Estados Unidos em julgar Assange e criminalizar a WikiLeaks”.
WikiLeaks continua a publicar documentos
Mas o apoio internacional tem vindo desde grupos profissionais directamente afectados (jornalistas, advogados, investigadores, etc.) até pessoas que não concordam com o propósito da WikiLeaks mas acham inadmissível que se tente silenciá-la. Além de toda a gente que tem respondido ao apelo da WikiLeaks. A página no Facebook, por exemplo, já passou do milhão e duzentos mil fãs, e os mirror sites multiplicaram-se, ultrapassando largamente o milhar.
“Até podem fazer de Julian Assange um mártir da liberdade de expressão, mas não é por isso que a WikiLeaks deixa de publicar documentos, e com o nosso contributo activo no acto de 'divulgar informação confidencial'. Como é óbvio, mais uma vez, o facto de o entidades 'credíveis' como o governo da Bolívia ou o próprio Bloco de Esquerda terem decido criar mirror sites é fundamental, não só porque contribuem para garantir que a WL não é silenciada, mas porque revela que isto é um assunto fundamental para quem se diz empenhado em lutar pela liberdade de expressão - na prática, e não só com lindos discursos”, diz Mariana Avelãs.
Para a activista, o que está em jogo é a liberdade de expressão e de informação no seu todo e não só na Internet. “Agora a WikiLeaks, depois blogs pessoais, depois a liberdade de acesso à informação e de expressão de qualquer cidadão”, aponta.
Quanto aos ataques contra sites como a Visa ou o Paypal, mariana Avelãs destaca que eles não vêm da parte da WikiLeaks nem são sancionadas ou deixam de ser – tudo o que a WL diz é que são uma reacção espontânea de membros da comunidade aos ataques que estão a ser feitos contra a própria WikiLeaks.
A activista destaca a necessidade de fazer acções a outro nível: “o boicote a empresas como a Paypal e a Amazon, a denúncia, a participação em protestos. Acho que se começa a perceber finalmente que depende de nós ganhar esta guerra, e isso é já em si um factor muito positivo nisto tudo”, conclui.
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