Presidente do Millenium ofereceu-se aos EUA para 'espiar' no Irão
De acordo com o despacho enviado para Washington, "apesar de Ferreira
não o ter dito explicitamente, acreditamos que o Ministério dos Negócios Estrangeiros português está, no mínimo, a par desta abordagem à Embaixada".
Para o jornalista do El País - o jornal espanhol foi um dos escolhidos pela WikiLeaks para divulgar os 'telegramas' - esta foi a forma encontrada "para conseguir enquadrar interesses tão contraditórios como fazer negócios com o Irão sem que isso afectasse a excelente relação de Portugal com os Estados Unidos".
No despacho pode ler-se: "O Millennium auscultou o Banco de Portugal e altos responsáveis governamentais e quer a nossa opinião sobre esta proposta de relacionamento com o Irão e o interesse de Washington em ter informações sobre as contas iranianas em Portugal".
O jornal espanhol relata que a "história começa em Abril de 2009, quando uma delegação do BCP viajou para Teerão, convidada pela Embaixada iraniana em Lisboa, para discutir o interesse do sector bancário da República islâmica em estabelecer uma relação com o primeiro banco privado português". O objectivo era "explorar as possibilidades de negócios e de intercâmbios comerciais".
Dez meses depois, continua ainda, "Santos Ferreira, bom amigo da Embaixada dos EUA em Portugal, discute o assunto com a conselheira política e económica norte-americana, bem como os eventuais benefícios que Washington poderia obter com a operação".
Ainda de acordo com o relato do El Pais, naquela época não havia embaixador em Lisboa, já que o actual titular, Allan J. Katz, só se apresentou ao presidente da República a 28 de Abril de 2010. Segundo o despacho, "ainda que afirme que para o Millenium poderá haver mais custos que benefícios, Ferreira está disposto a estabelecer uma relação com o Irão para ajudar o Governo dos Estados Unidos a perceber a origem de fundos e actividades financeiras iranianas".
A recomendação da Embaixada é que o banco "não avance" com o negócio. Apesar de tudo, como "é possível que Ferreira o faça independentemente das recomendações do Governo americano, é prudente manter abertos canais de comunicação" com o presidente do BCP.
Fontes do BCP contactadas pelo El País recusaram-se a comentar o despacho da Embaixada norte-americana.
Leia aqui o documento revelado pelo El País.
SOL
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