quarta-feira, dezembro 15, 2010

Oitava greve geral deixa Atenas sem transportes nesta quarta

A Grécia vive nesta quarta-feira (15) a paralisação dos transportes aéreos, marítimos e ferroviários, devido a uma greve geral de 24 horas convocada para protestar contra as medidas de rigor econômico e duas reformas do mercado de trabalho e das empresas públicas, votadas pelo parlamento. É a oitava greve geral neste ano.


Pelo terceiro dia consecutivo, depois de várias paralisações dos transportes, Atenas viu-se bloqueada por gigantescos engarrafamentos. Ônibus, trens, bondes e metrô não circulavam, e uma manifestação gigante foi realizada no meio-dia no centro da cidade.

Só pássaros no ar

Com a adesão dos controladores aéreos, o espaço aéreo grego permanece fechado desde ontem (14). O mesmo ocorreu nas marinas, onde todos os barcos estão parados devido à adesão de seus funcionários.

Os jornalistas gregos também participam da paralisação, que conta ainda com escolas, hospitais, bancos e grandes empresas públicas (DEKO).

Paciência tem limites

Nesta manhã, a Câmara dos Deputados transformou em lei medidas que cortam os salários de empresas estatais de ônibus e ferrovias.O projeto de lei que gerou os protestos, exigido pela UE (União Europeia) e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), prevê cortes de 10% a 25% nos salários superiores a 1.800 euros mensais (US$ 2.415) nas DEKO e foi aprovado durante a noite por 156 votos a favor e 130 contra.



Navios estavam parados nos portos, hospitais estavam trabalhando com número mínimo de funcionários e ministérios fechando por falta de funcionários.

Com o transporte público parado, as vias principais do centro de Atenas pareciam mais estacionamentos, dado o pesado tráfego e muitos motoristas tinham dificuldade em chegar ao trabalho. Os jornalistas também aderiram à greve e não havia transmissão por TV ou rádio.

"É bom as pessoas tomarem as ruas. Eles tiraram nossos direitos. Paciência tem limites; temos crianças e empréstimos para pagar", disse o bancário George Mihalopoulos, de 57 anos.



Durante a manifestação diante do parlamento houve confrontos com a polícia e o ex-ministro do Desenvolvimento da Grécia, Kostis Hatzidakis (na foto, com o nariz sangrando), acabou atingido durante o protesto.

Crise

Em maio, a UE e o FMI fecharam um acordo de resgate financeiro de 110 bilhões de euros (R$ 256,3 bilhões), válido por três anos, para salvar o sistema financeiro de uma provável moratória da Grécia, que enfrenta o risco de um calote da dívida devido à sua grave situação fiscal.

A exemplo do que fez no Brasil e na América Latina durante a crise da dívida externa, nos anos 1980, o FMI impôs ao governo grego um duro ajuste fiscal para viabilizar o pagamento da dívida com a economia gerada pelo corte de gastos.

A Grécia planeja reduzir seu deficit público em 2011 para 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Em 2009, o número chegou a 15,4% do PIB.

Guerra de classes


O pacote afeta interesses vitais da classe trabalhadora e gerou greves e protestos violentos no país ao longo deste ano. Outros países da zona do euro em grave situação fiscal, como Irlanda e Portugal, são alvos em potencial de novos resgates financeiros.

Ao finalizarem a sua segunda revisão do programa econômico grego, as equipes da UE, do FMI e do Banco Central Europeu emitiram nota afirmando que o país está "no caminho certo" e que esperam uma "virada" na economia do país em 2011. No entanto, embora elogiem os cortes de gastos feitos, as equipes destacam que os esforços da Grécia podem ser menores do que o exigido para o país sair da crise. Ou seja, querem um arrocho ainda maior.

Desta forma, os governos europeus, a serviço da oligarquia financeira, estão desencadeando uma verdadeira guerra de classes contra os trabalhadores e o chamado Estado de Bem Estar Social. A indignação popular é vigorosa e crescente. A tendência é de maior radicalização. Fiel ao FMI, o governo liderado pelo social democrata George Papandreou tende a recorrer à repressão para conter a revolta popular, como aconteceu nesta quarta (veja foto).



Da redação, com informações da Folha.com

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