As mentiras descobrem-se depressa
Notícia da Agência Lusa, 2/10/2008
O Governo admitiu hoje que o alargamento da Acção Social Escolar não prevê o pagamento integral dos manuais obrigatórios do secundário, ao contrário do que está anunciado no site oficial do Ministério da Educação (ME).
No página do ME na Internet, lê-se que os alunos do "2º e 3º ciclos do básico e secundário integrados no escalão A [da Acção Social Escolar] beneficiarão, já a partir do próximo ano lectivo [2008/09] de refeições gratuitas e do pagamento integral dos manuais de aquisição obrigatória, para além de outros apoios".
No entanto, o despacho que consagra o alargamento da Acção Social Escolar (ASE), publicado em Diário da República a 11 de Agosto, impõe, no caso do secundário, uma comparticipação máxima de 120 euros para a aquisição dos manuais, que não chega para adquirir todos os livros.
Em declarações à Agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto e da Educação, admitiu hoje uma "incorrecção" das informações do site da tutela, que levaram muitos pais com filhos no secundário integrados no Escalão A a pensar que iriam ter direito a livros gratuitos. "Foi uma comodidade de expressão não distinguir o ensino secundário do ensino básico. A informação não está correcta porque, de facto, para o secundário não está previsto o pagamento integral dos manuais de aquisição obrigatória", afirmou Jorge Pedreira.
(...)
Este ano lectivo, segundo Jorge Pedreira, a comparticipação no caso do ensino secundário aumentou em 40 por cento e o número de beneficiários mais do que duplicou. No entanto, o responsável reconhece que neste grau de ensino o apoio chega para, em média, adquirir quatro manuais.
A situação apanhou desprevenida Fernanda Candeias, mãe de uma aluna do 10º ano do curso de Ciências e Tecnologias numa escola do Barreiro e integrada no escalão A: "Nem queria acreditar quando a minha filha traz um requisição que só lhe dava direito a adquirir três manuais. No curso dela são seis os manuais obrigatórios".
Os livros de Filosofia, Biologia e Matemática, os três em "packs" com cadernos de actividades ou com CD´s que a papelaria se recusou a separar, custaram cerca de 113 euros. Além disso, a filha ainda tem de adquirir uma bata, de cerca de 18 euros, mais uma calculadora gráfica que, "a mais razoável", acrescenta, anda na ordem dos 60 euros.
"Fiquei sem argumentos quando a funcionária da Acção Social Escolar me mostrou o despacho. Acredito que haja muitos mais pais frustrados. Acabamos por nos sentir defraudados em relação àquilo que foi anunciado. Vou ter de pedir ajuda à família porque não vou conseguir pagar o resto dos livros", afirmou a encarregada de educação.
"Manipular a miséria das pessoas com fins políticos não é decente. Não é humano. É o mesmo que acenar com uma garrafa de água a alguém a morrer de sede e depois dizer que só pode dar um gole", criticou a mãe, em declarações à Agência Lusa.
Movimento Escola Pública
O Governo admitiu hoje que o alargamento da Acção Social Escolar não prevê o pagamento integral dos manuais obrigatórios do secundário, ao contrário do que está anunciado no site oficial do Ministério da Educação (ME).
No página do ME na Internet, lê-se que os alunos do "2º e 3º ciclos do básico e secundário integrados no escalão A [da Acção Social Escolar] beneficiarão, já a partir do próximo ano lectivo [2008/09] de refeições gratuitas e do pagamento integral dos manuais de aquisição obrigatória, para além de outros apoios".
No entanto, o despacho que consagra o alargamento da Acção Social Escolar (ASE), publicado em Diário da República a 11 de Agosto, impõe, no caso do secundário, uma comparticipação máxima de 120 euros para a aquisição dos manuais, que não chega para adquirir todos os livros.
Em declarações à Agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto e da Educação, admitiu hoje uma "incorrecção" das informações do site da tutela, que levaram muitos pais com filhos no secundário integrados no Escalão A a pensar que iriam ter direito a livros gratuitos. "Foi uma comodidade de expressão não distinguir o ensino secundário do ensino básico. A informação não está correcta porque, de facto, para o secundário não está previsto o pagamento integral dos manuais de aquisição obrigatória", afirmou Jorge Pedreira.
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Este ano lectivo, segundo Jorge Pedreira, a comparticipação no caso do ensino secundário aumentou em 40 por cento e o número de beneficiários mais do que duplicou. No entanto, o responsável reconhece que neste grau de ensino o apoio chega para, em média, adquirir quatro manuais.
A situação apanhou desprevenida Fernanda Candeias, mãe de uma aluna do 10º ano do curso de Ciências e Tecnologias numa escola do Barreiro e integrada no escalão A: "Nem queria acreditar quando a minha filha traz um requisição que só lhe dava direito a adquirir três manuais. No curso dela são seis os manuais obrigatórios".
Os livros de Filosofia, Biologia e Matemática, os três em "packs" com cadernos de actividades ou com CD´s que a papelaria se recusou a separar, custaram cerca de 113 euros. Além disso, a filha ainda tem de adquirir uma bata, de cerca de 18 euros, mais uma calculadora gráfica que, "a mais razoável", acrescenta, anda na ordem dos 60 euros.
"Fiquei sem argumentos quando a funcionária da Acção Social Escolar me mostrou o despacho. Acredito que haja muitos mais pais frustrados. Acabamos por nos sentir defraudados em relação àquilo que foi anunciado. Vou ter de pedir ajuda à família porque não vou conseguir pagar o resto dos livros", afirmou a encarregada de educação.
"Manipular a miséria das pessoas com fins políticos não é decente. Não é humano. É o mesmo que acenar com uma garrafa de água a alguém a morrer de sede e depois dizer que só pode dar um gole", criticou a mãe, em declarações à Agência Lusa.
Movimento Escola Pública
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